Onde você lê?
O hábito de leitura para mim está muito relacionado ao estilo de vida que quero criar. Ou seja, mais tranquila, respirável, consciente, com afazeres ligados a um senso de sentido e portanto, mais gostosa.
Dito isso, o ambiente em que leio, na maioria das vezes, reflete ou deveria refletir o estado interior que esse estilo de vida me proporciona: calma, clareza e foco.
Assim, uma mão lava a outra. O ambiente acaba sendo convidativo ao hábito e o hábito acaba se consolidando pela existência daquele ambiente que, todos os dias está ali me esperando.
Mas essa é minha relação pessoal com a leitura.
Outras pessoas podem ter mais facilidade de ler em qualquer lugar, por exemplo. Existe também a possibilidade do local se alterar dependendo da intenção da leitura. Leituras mais analíticas por exemplo, pedem mesa e postura ereta. Leituras intermediárias como romances, podem abrir espaço pra uma postura mais relaxada como o sofá ou a cama… Cada um possui seu próprio jeito ou espaço.
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O importante é que esse ambiente crie um “espaço no tempo” em que você possa se relacionar com a leitura e apreciar o momento que vem dela.Aquele momento em que você se desprende do ritmo externo, das distrações e outro mundo se cria.A atenção está voltada para você e o livro.
A gente foge do mundo. Não para se esconder dele ou evitar nossas responsabilidades, mas para abastecer nosso repertório mental, responsável por nossos lapsos de criatividade, insights, mudanças de comportamento, reflexão e compartilhamento de conhecimento.
No livro “Siga em Frente — 10 maneiras de manter a criatividade nos bons e maus momentos” Austin Kleon retoma o conceito de Joseph Campbell sobre a “Estação de Bem — Aventurança” onde a necessidade de um lugar ou momento do dia em que possamos não ter interferências, nos desconectam do mundo para nos conectar com a gente mesmo. “Um tempo ou um lugar sagrado” em que alguma coisa possa acontecer.
O meu espaço de leitura é a rede do quintal de casa. Quando sento ou deito ali minha cabeça automaticamente entende que é momento de respirar de forma consciente e se desligar do mundo para adentrar em um espaço novo, que me leva de encontro ao que tenho construído e me traz de volta com novas percepções.
Isso não significa que quando viajo, por exemplo, não leio. Só preciso encontrar um ambiente que me proporcione a mesma sensação.
Seja na mesa, no sofá de casa, na rede, no ônibus, no jardim… o leitor faz o espaço e o espaço faz o leitor. Escolha o que mais faz sentido para você e crie essa “brecha”. Isso certamente te ajudará na constância não só da leitura, mas também de se dar um tempo precioso.