A ordem no caos
Há uma tendência de acreditarmos que estamos vivendo um novo normal. A pensar sobre a modernidade das comunicações e interações podemos até aceitar essa premissa, de um novo normal. Mas, socialmente falando, há alguns desses novos comportamentos que de fato não podem ser considerados um novo normal.
O ser humano é um ser social. Deixar de viver em sociedade de forma social, não tem nada de normal para a raça humana. Ainda mais quando isso decorre de uma anormalidade na saúde humana, uma pandemia viral que chegou a matar.
Há aproximadamente 10 anos, Jamshid Gharajedaghi, no prefácio da terceira edição do seu livro, que numa tradução livre se chama “Pensamento Sistêmico”, discute a ressurgência dos velhos problemas das interações [humanas]. Ele traz à tona várias preocupações crescentes, tais com:
Acredita-se que essas preocupações criaram um excesso de dúvidas na mente de muitos e que as ferramentas [econômicas, políticas e sociais] convencionais existentes conjugadas com a ideia dominante do crescimento [econômico], já não são mais capazes de lidar [e resolver] com as emergentes complexidades dos nossos tempos.
Após [re] ler essa introdução há mais de 10 anos após o lançamento do livro, nos parece que ele está tratando da nossa realidade atual. Que ele está falando dessa nova década e da pandemia viral sem precedentes na era moderna. De certa forma, estamos falando de uma nova ordem em meio a um caos sem precedentes, de impacto geográfico, social e econômico.
O autor expressa sua discussão com outro colega à época já falecido, em que eles acreditavam que o pensamento sistêmico [como ferramenta de gestão] é, e pode ser, uma ferramenta muito necessária e útil em momentos de caos. Inclusive ele identifica como parte da chamada Metodologia Sistêmica a lógica da loucura, assim numa tradução livre, que comporta quatro aspectos fundamentais: os sistemas socioculturais, o pensamento holístico, o pensamento operacional, e, o pensamento modelo [“design thinking” no original].
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A pandemia por mais de dois anos, e agora o risco de uma recessão mundial à nossa frente, tornou nosso ambiente caótico, nosso ambiente sociocultural e principalmente econômico tomou outra forma em que não podemos nos socializar como antes.
Nossa atuação operacional [profissional], seja ela individual ou coletiva, pode até parecer mais eficiente, entretanto, muito superficial e pouco interativa na essência; o modo de pensar, os imperativos diários precisam ser reconsiderados, há uma necessidade de se reduzir as intermináveis complexidades na busca de se produzir, se gerar, simplicidades gerenciáveis.
Precisamos focar nos itens relevantes e evitar as intermináveis buscas por mais detalhes enquanto mergulhamos na proliferação de informações inúteis. Uma disputa interminável pela atenção e poder.
Toda essa discussão da ordem no caos, da normalidade dentro da anormalidade nos leva a algumas clarezas. Nos leva a reconciliar melhor aquilo que entendemos como pensamentos com a prática. Como diziam no passado: a teoria na prática é outra!
Neste caso, se percebe claramente que aprender a ser é algo tão necessário e parte integrante da vida [profissional] quanto aprender a fazer. Este momento nos deixa claro que há um novo modo de se ver, fazer e estar neste mundo.
Há um novo modo de se pensar em meio ao caos e a complexidade. E aqueles que permanecerem num pensamento unidimensional [e não sistêmico] se tornam enfadonhos e previsíveis – sem notar que não alcançarão seus objetivos.
Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em abril de 2021 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.
C level, Executivo, Treinador e Terapeuta especializado em comportamento humano - aprimoro sua intuição e ajudo a resolver questões pela raiz.
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