Os 12 dragões que podem destruir sua startup
Os 12 dragões que podem destruir sua startup
Em cada etapa, podemos encontrar diversas armadilhas, “dragões”, que podem colocar tudo a perder. Este texto foi baseado na obra “DOZE DRAGÕES em luta contra iniciativas sociais”, escrita por Lex Bos e publicada pela Sociedade Antroposófica.
“Dragões” foi a metáfora escolhida por Lex Bos para se referir às ameaças que pesam sobre a concretização de ideias sociais. Sociais no melhor sentido do altruísmo, do servir às necessidades reais de uma comunidade em todos os quesitos da vida humana.
No decorrer da minha vida profissional, venho participando tanto de startups quanto de projetos sociais. E percebo que os “dragões” apresentados no livro, são os mesmos para ambos os lados. Tentei, neste post, transportar esses conceitos ao mundo dos negócios — mesmo para aqueles que não são sociais -.
Conheça agora os 12 dragões que podem destruir sua startup.
1. O Dragão da subvenção
Um dos primeiros passos ao iniciar um novo projeto é o levantamento do investimento que será necessário. Há muito o que organizar e, nesses momentos, é muito comum elaborar um plano de negócio ou um canvas, criar planilhas de custos e correr atrás de financiamentos.
Também nos enchemos de sonhos! Que um grande investidor vai adorar nosso projeto e investir rios de dinheiro, que ganharemos um edital público ou que a sorte vai sorrir para um dos sócios e ele irá ganhar na loteria.
Esse tipo de pensamento é tentador. “Se tivéssemos 100 mil dólares na mesa, poderíamos tirar nossa ideia do papel.” Mas e quando o dinheiro acabar? Você terá criado um círculo virtuoso de crescimento? Terá validado o seu mercado? O projeto é realmente desejável?
É preciso não ceder às tentações do dragão da subvenção. Tente iniciar seu projeto com seus próprios esforços, no melhor modelo bootstrapping. Crie e gere valor ou, pelo menos, tente conceber capital desde o primeiro momento. Tenho certeza de que a pressão financeira para ganhar dinheiro e continuar respirando vai contribuir para que toda a equipe se mova a buscar o melhor caminho.
2. O Dragão burocrático
Existem pessoas com grandes ideias e projetos incríveis, mas que não conseguem tirá-los do papel. Já conheci muita gente assim. Encontrar um sócio com o perfil de execução é uma excelente saída!
Todavia, o “pai” da ideia frequentemente tenta monopolizá-la. E quando encontra alguém disposto a fazer acontecer, fica com “ciúmes” e interfere continuamente no projeto. Criando regras e burocracias na tentativa de ter sua visão exaltada pelos sócios. Temos que ter humildade e compreender que quando uma ideia é exposta, o mundo a transforma. Não se prenda. Ande. Aceite mudanças. E saiba escutar!
3. O Dragão da organização
Cuidado, muito cuidado com o excesso de planejamento. Há quem queira planejar e prever detalhadamente tudo o que vai acontecer. Tem tudo tão bem amarrado, tão bem pensado, que dificulta a contribuição de terceiros.
A vida cria suas próprias formas. O rio molda seu leito. O próprio desenvolvimento vivo mostrará as necessidades. Então, não ache que você vai conseguir planejar tudo antes de começar. Deixe lacunas e vá ao mercado. Teste e molde seu projeto.
Este dragão também pode se apresentar de uma forma mais ideológica. O empreendedor pode criar uma visão tão aficionada, que mesmo colocando o produto no mercado e percebendo que não existe uma boa aceitação, ele insiste que o problema são as pessoas e não sua ideia.
4. O Dragão desintegrado
Este não é um dragão fácil de perceber. Ele é bem sorrateiro e vai corroendo por dentro. Geralmente, numa startup, os empreendedores têm uma ideia genérica de como resolver o problema e de como vão acessar o mercado. Eles fazem tudo certo. Criam hipóteses, testam, fazem as medições e tocam o projeto. O problema é quando existem pequenas lacunas e entendimentos diferentes de quais caminhos seguir.
Vejo o dragão desintegrado agir fortemente ao executar a proposta de valor definida no canvas. Alguns membros do grupo acreditam que, no começo, precisamos desenvolver o produto perfeito antes de lançá-lo. Outros, que precisamos gerar caixa rápido e começar a pegar projetos e clientes fora do escopo. E há ainda aqueles que estão preocupados apenas com a essência da ideia original.
Conseguir equilibrar os três pilares: vida espiritual (essência da ideia), vida financeira (geração de caixa) e vida artística (produto perfeito), é o segredo para cortar a cabeça deste dragão.
5. O Dragão do narcisismo
A cena mais habitual em sessões de mentoria é encontrar empreendedores apaixonados por suas ideias. Totalmente absorvidos pela beleza das suas “genialidades”. Os grupos sempre dizem: “Está claro que todos esperam por nós” ou “Nossa ideia irá tornar o mundo um lugar melhor”. Cuidado com a vaidade, a soberba e a prepotência.
Como afirmou Goethe: “O olho não deve ter desejo”.
6. O Dragão do amadorismo
Não adianta ter um grande projeto em mãos, se o empreendedor não tiver as competências múltiplas para seguir em frente. Criar um MVP cheio de problemas vai invalidar toda a sua hipótese. Não porque o mercado não absorve a ideia, mas simplesmente porque o produto é ruim.
O amadorismo não fica restrito à parte técnica. Vejo muitos casos em todos os setores. E quando o empreendedor não possui determinada habilidade, deve buscar ajuda. Porém, algumas habilidades ele precisa desenvolver mesmo. Este desenvolvimento deve ser contínuo.
Cada nova fase da sua startup vai pedir novas habilidades. O mundo está num movimento ininterrupto e vai exigir que você o acompanhe.
O dragão do amadorismo nos sussurra ao ouvido constantemente que podemos continuar a ser como somos. E, assim, permanecemos amadores.
7. O dragão do sectarismo
Todos pertencemos a grupos. E é comum criarmos empreendimentos em prol do grupo pelo qual temos mais afinidade. É muito confortável estarmos próximos de pessoas que concordam conosco e compactuam dos mesmos preceitos morais, religiosos e culturais, por exemplo.
No entanto, se não tivermos atenção para formularmos uma equipe plural, podemos correr o risco de acordarmos o dragão do sectarismo. Este dragão nos deixa limitados e não nos permite olhar os problemas e soluções de um outro modo.
É essencial formar uma equipe multidisciplinar e multicultural. Para isso, os líderes e a cultura da empresa precisam estar abertos, criando as condições e o ambiente propícios para recebê-la.
8. O dragão do parasitismo
Hoje em dia, muita gente se revolta com o fato de o trabalho não oferecer possibilidades de desenvolvimento. Muitos se sentem como uma engrenagem numa máquina: sem tempo para si, para seus projetos pessoais e desalinhados com seus propósitos de vida. Querem vivenciar algo positivo no trabalho, um desafio profissional ou uma autorrealização.
Podemos cair na tentação de querermos aproveitar um projeto para nos desenvolvermos. Fundando uma startup para uma realização pessoal e não para resolver um problema. Sem um real comprometimento com o empreendimento.
Imagine um grupo de amigos que crie uma loja de produtos naturais e alternativos. Eles vendem os produtos pelo fato de haver pessoas que precisam deles. E os clientes esperam além do produto, orientação, clareza e objetividade. Mas lá, é mais importante o que eles experimentam no trabalho do que o serviço que prestam aos seus clientes. Estão interessados apenas em seus próprios desenvolvimentos.
Se esses empreendedores tiverem um compromisso como uma dinâmica de grupo, sessão de coaching ou qualquer outra atividade que eles julguem relevantes, não hesitam em abrir a loja mais tarde. Afinal, o cliente pode esperar um pouquinho. Neste exemplo, fica claro que o serviço prestado é para autorrealização. E isso é muito perigoso.
9. O dragão da pressa
Este é um dragão costumeiro no mundo das startups. Diversas metodologias falam em crescimento rápido. E o problema não está nas metodologias ou nos ensinamentos, mas no fato de confundirmos velocidade com pressa.
Sabe-se que um bebê precisa de nove meses para amadurecer até o nascimento. Uma iniciativa também necessita de certo tempo para que os empreendedores, a equipe e o projeto tenham maturidade suficiente para serem dados os próximos passos.
É um erro achar que as grandes startups nasceram da noite para o dia. O Whatsapp, que é um gigante, demorou 6 anos para decolar.
O dragão da pressa provoca o nascimento prematuro de startups e as faz crescerem depressa demais. E elas acabam se perdendo em meio a um caos interior.
Este dragão surge sucessivamente na forma de bens materiais. Os empreendedores acreditam que para terem seus empreendimentos é necessário o ambiente perfeito e investem em um escritório descolado e equipamentos caros, mesmo antes de firmarem seus negócios.
10. O dragão da autonomia
Quem não gosta de ser independente? Ser o dono da verdade, ter autonomia, ser protagonista?!
Entretanto, é justamente no começo de uma startup que temos que calçar as sandálias da humildade. Buscar mentorias, conselhos e tomar decisões em grupo. Ninguém nasce um grande líder ou gênio da inovação.
11. O dragão do conformismo
Ao construir uma startup, os empreendedores se sentem convictos de que podem melhorar o mundo com seu projeto. Começam a desenvolver o produto/serviço e, ao longo do caminho, percebem que existem exigências legais que devem ser respeitadas. Deparam-se com duras realidades e passam a se indagar: “Será que não devemos simplesmente fazer da maneira que consideramos certa? Acaso somos obrigados a nos adaptar ou teremos a coragem de assumirmos um confronto aberto com esse sistema que nos deixa sem espaço?”
O dragão do conformismo diz a cada passo: “Adapte-se. Essa briga com a burocracia vai custar muito tempo e esforço. Não vale a pena. Existem coisas mais importantes. Seu ideal é forte o suficiente para permitir essas adaptações.”
E é aí que mora o perigo! Pois, caso os empreendedores decidam se adaptar 100% após algum tempo, os membros da equipe vão se perguntar: “O que, afinal, existe de novo em nosso empreendimento? Nós nos adaptamos sob todos os aspectos. Nada restou. Nada da motivação inicial.”
Aqui, não estou fazendo apologia à quebra de regras. Muito menos, a ações fora da lei. O que precisamos deixar claro é que não podemos nos deixar “travar” pela burocracia. Muitas empresas não teriam existido sem uma pitada de confronto. Como foi o caso da Uber.
12. O dragão solista
Co-founders, usualmente, são os maiores perigos para suas próprias criações, impossibilitando a participação de outrem.
Pioneiros dificilmente conseguem imaginar que outras pessoas podem ajudar a levar sua iniciativa para a frente. Não dar brechas aos membros da equipe faz com que alguns talentos abandonem ideias, por terem a sensação de não estarem participando ativamente delas.
Isso vale igualmente para quando os fundadores põem grupos de “amigos” e familiares em posições chave na direção das empresas. Dessa jeito, os colaboradores têm persistentemente a impressão de que existe um “círculo íntimo” ao qual eles não terão acesso para crescer na empresa.
Empreender é algo realmente desafiador! E temos que estar atentos a todas as armadilhas que podem arruinar nossas ideias.
Durante minha vida profissional, fui vítima de diversos dragões e tive muitas decepções. O estudo da Antroposofia me fez perceber claramente onde eu deveria atuar para uma evolução pessoal e profissional.
Espero que este post tenha ajudado de alguma forma!
A Antroposofia, do grego “conhecimento do ser humano”, introduzida no início do século XX, pelo austríaco Rudolf Steiner, pode ser caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana.
Os estudos do Rudolf Steiner permearam diversas disciplinas, como arquitetura, medicina, pedagogia (Waldorf), artes, agricultura e desenvolvimentos organizacionais.
Leandro Neves
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