Os 70 anos do Grande Irmão

Os 70 anos do Grande Irmão

Num 8 de junho, 70 anos atrás, era publicado o livro 1984, obra incontornável do inglês George Orwell.

Você pode (deve?) até não assistir Big Brother, mas sabe que o reality show é um subproduto (sub)cultural de 1984, onde todo mundo era vigiado pelo Grande Irmão. Por todos os lados havia "teletelas", que eram ao mesmo tempo televisões e câmeras de vigilância.

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Ao mesmo tempo em que todas as pessoas, em todos os lugares, a todo tempo assistiam à propaganda do Ministério da Verdade e olhavam para o rosto do Grande Irmão, o Grande Irmão olhava de volta, monitorando cada passo, cada palavra, cada expressão facial.

As ferramentas de controle foram tão bem apresentadas no livro que às vezes 1984 parece ser usado como manual de instruções para governos com aspirações autoritárias que surgiram desde então. A qualquer sugestão, ou imposição violenta, de um governo com vocação para o autoritarismo, 1984 é referência imediata.

Está tudo lá, a tentativa de reescrever a história, um ministério dedicado a editar o passado para impor uma "nova verdade". Um vocabulário cada vez mais pobre, a eliminação de raciocínios elaborados, o combate ao pensamento livre, estatísticas manipuladas, uma constante distorção da realidade.

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Além da vigília permanente das teletelas, as pessoas eram espionadas umas pelas outras. Ao limite extremo de filhos espionarem os pais e denunciarem qualquer ideia que pudesse ser considerada subversiva.

Um cenário que pareceria impensável na vida real, se não fossem os tantos casos de alunos filmando professores e denunciando ideias com as quais não concordam.

Talvez não fosse a intenção de George Orwell ser profético, ou nem mesmo levantar um sinal de alerta contra os riscos do autoritarismo no futuro. Fosse ou não premonitório, 1984 segue atualíssimo.

A Companhia das Letras prepara para 2020 o lançamento de uma versão em graphic novel de 1984, com arte de Fido Nesti, e para relembrar os 70 anos do livro, divulgou um pôster com a imagem de Winston Smith, personagem central do livro, observando o que um dia havia sido Londres.

Obra genial. Certamente parecia surreal à época de sua publicação, mas tão próxima da nossa realidade.

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