Os Custos e escolhas dos transportes rodoviário X ferroviário

A primeira ferrovia no Brasil surgiu em 1852, idealizada por Irineu Evangelista de Souza (o Barão de Mauá). O trecho saía da Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, e seguia em direção à Fragoso , nas dependências do município de Magé.  Tinha 14,5 quilômetros de extensão e foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854 por Dom Pedro II.

Foi a primeira operação intermodal do Brasil, pois permitia a integração do transporte hidroviário e ferroviário.

           As estradas de ferro começaram a ser construídas no país de forma dispersa e isolada, atendendo a economia regional e sem intenção de integração do mercado interno.

           Na década de 50 o Brasil optou pelo sistema rodoviário como forma de alavancar o seu desenvolvimento econômico, já que a produção e venda de automóveis dinamizavam a economia, gerando maior volume de empregos. Além disso, entendia-se que expandindo a fabricação e venda de automóveis dinamizava-se a economia criando empregos e expandindo a indústria, principalmente desse setor.

           A redução drástica dos investimentos no setor ferroviário levou ao seu sucateamento. As ferrovias administradas pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima) - que havia sido criada em 1957 - e pela Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.) foram as mais afetadas. O resultado é que na década de 80 não se conseguia pagar as dívidas contraídas, tampouco investir na manutenção do sistema já existente e na expansão do sistema.

Diferentemente de outros países com território de tamanho parecido, o Brasil tem poucas linhas de trem para escoar a produção. São 29 mil quilômetros de ferrovias, contra 86 mil km na China, 87 mil km na Rússia e 225 mil nos EUA. Os dados são da consultoria de logística Ilos.

           O resultado é que hoje 90% dos passageiros e 60% da carga que se deslocam pelo país são movimentados em rodovias, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade sindical das empresas do setor.

           Como podemos observar o Brasil depende fortemente do transporte rodoviário para transportar bens, pessoas e produtos - inclusive matérias-primas e insumos, como os combustíveis.

           Quanto ao custo do transporte, o modal ferroviário relaciona-se aos baixos custos de transporte. Considerando o transporte de 1 mil tonelada por quilômetro, o custo de transporte no modal ferroviário é de R$ 40. Já no rodoviário esse valor sobre para R$ 248, e no aquaviário R$ 62, e no aéreo alcança R$ 1.595 e para os dutos R$ 69.

           O transporte ferroviário, além da grande capacidade de carga, possui um baixo consumo energético por unidade transportada, e um menor índice de roubos/furtos e acidentes, principalmente se o compararmos ao transporte rodoviário.

           O transporte rodoviário tem característica única: trafega por qualquer via, transita por qualquer lugar, e dispõe de uma flexibilidade ímpar no que tange a percurso. A maior disponibilidade de vias de acesso também é um fator interessante que viabiliza o fluxo de envio de grande quantidade de cargas. No entanto, se comparado ao ferroviário, nota-se maior custo operacional, menor quantidade de cargas e diminuição de eficiência, devido às precárias condições das estradas. Com relação ao aéreo, o custo também é um fator decisivo.

O frete rodoviário é calculado individualmente por cada empresa, o mesmo pode ser cobrado por volume, peso ou ocupação do veículo.

           Então perguntamos, por que da escolha do transporte rodoviário de carga maciçamente no Brasil? Sabemos que cada carga tem sua característica e volume. Portanto, não podemos afirmar que só deveria ter um tipo de modal de transporte. O que defendemos é que os sistemas de transporte devem ter suas interligações e complementações necessárias para atender melhor o país.

O ex-presidente Washington Luis, que discursou ainda como governador de São Paulo em 1920, proferiu a célebre frase “Governar é povoar; mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de todas as espécies; governar é, pois, fazer estradas"!     Mas foi com o ex-presidente Juscelino Kubitschek, ao final da década de 50, que o rodoviarismo foi implantado de maneira contundente.

Primeiramente, a intenção de Kubitschek foi integrar o Brasil, principalmente com a transferência da capital para Brasília, no coração do território brasileiro. Logo após a inauguração de Brasília, foram construídas as rodovias Belém-Brasília, Brasília-Rio Branco e Cuiabá-Porto Velho, no intuito de estabelecer relações comerciais e proporcionar o povoamento em áreas mais afastadas do Centro-Oeste e da Região Norte.

           Nas décadas de 80/90 algumas iniciativas do Governo Federal, em voltar a construir ferrovias, foram tomadas. Nesse período foi constituída a VALEC, com o início da construção da ferrovia Norte-Sul e ainda as ferrovias de Integração Oeste-Leste, corredor ferroviário de Santa Catarina, ferrovia Transcontinental, ferrovia do Pantanal e Transnordestina.

           Diante desses últimos acontecimentos, entre eles a greve dos transportadores autônomos, verificamos que precisamos acelerar a retomada do transporte de cargas por ferrovias, que além de ser mais barato para o país, consegue atender as características continentais do Brasil, interligando o país de ponta a ponta. Se economizar é preciso, garantir um escoamento, eficaz, ágil, seguro e de qualidade precisa ser encarado com uma opção prioritária. 


Angela Dias

Gestão de Engenharia | Projetos | Geração de Energia

1 a

Transporte ferroviario para uma certa carga:ferroviário 40, rodoviário 248, aquaviário 62, aéreo 1.595, duto 69!

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