Os desafios dos gestores da era pós digital
Mesmo que desde 2013 o Brasil tenha recebido os conceitos básicos de gestão e liderança para equipes de alta performance, vemos um vácuo na formação dos gestores, que não os deixam transpor a linha tênue entre chefia e liderança. Numa estrutura em que a responsabilidade do gestor de times é baseada na centralização das decisões e na medição de resultados daqueles que não tomam as decisões junto com ele , fica difícil conseguir que este líder diminua a pressão sobre si mesmo. Sendo assim a consequência primária disto é o efeito dominó no comportamento dos liderados por este gestor. Por este prisma entendo que fica cada vez mais difícil discutirmos produtividade tóxica e mais difícil ainda a implantação, em larga escala, de novos modelos de operação em empresas tradicionais. Partindo do pressuposto que somos educados desde a infância em receber as informações e as demandas de maneira vertical e não horizontal, cada pessoa dentro das equipes precisa ser treinada para deixar ir essas crenças limitantes. Como conseguir que um profissional execute mais do que tarefinhas em uma jornada pré estabelecida de trabalho, sem a pressão intrínseca do chefe que não sabe ser facilitador e líder? Então, por uma ótica sistêmica da situação nas empresas e organizações, vemos que os recursos mais escassos do mundo, o dinheiro e o tempo, ficam represados nestes modelos rígidos de controle de produtividade. Para além destes aspectos podemos também observar que, por uma questão cultural, o status conseguido quando uma pessoa alcança uma posição de poder na empresa, pode atrapalhar na maneira como ela se comporta frente aos seus times. A gestão das vulnerabilidades dos líderes não é feita, de maneira que, o ego natural atingido pelo status das posições de liderança vertical , cria uma resistência neste líder. Assim, ele tem dificuldades de servir o seu time e acaba somente por comandá-lo. A capacitação em comportamento para a facilitação precisa primariamente passar por gestão de vulnerabilidades como insegurança pessoal, baixa auto estima e falta de amor próprio dos facilitadores. Somente assim as posições que exigem atos de serviço não sejam vistas como subalternas e sim como enobrecedoras. Um time só vai conseguir alcançar um padrão squad de verdade quando os égos dos envolvidos pararem de incentivar os jogos de poder entre os membros das equipes. Mas sobre isso eu falo em outro momento. Por hora, estamos bem em conseguir fazer uma crítica necessária ao comportamento anti liderança e pró produtividade tóxica enraizados nas empresas e organizações Brasileiras.