Os diversos ângulos da vida

Os diversos ângulos da vida

Uma das minhas paixões: cinema. Eu não vivo sem cinema e literatura, fazem parte da minha rotina como escovar os dentes, ou rezar antes de dormir. Algumas vezes me questiono se já virou um hábito que não consigo largar, um vício. Mas, logo, me deparo com palavras e imagens que bagunçam a minha cabeça, ampliando a minha compreensão do mundo. E, então, eu me aquieto em paz.

Ontem foi um desses dias como outro qualquer que o cinema, mais uma vez, mudou meu mundo. Adianto que não posso dizer que assisti ao melhor filme da minha vida, mas, certamente, assisti a um filme que me marcou. Passeando pelo Net Now, em busca de algo para relaxar ( sou dessas que assiste filmes para aprender, mas também para relaxar após um longo período de trabalho), encontreio filme “Dois Lados do Amor”.  Este é um filme do americano Ned Benson, que tem no elenco a Jessica Chastain e o James McAvoy. Confesso que não sei nada da carreira de qualquer um deles, mas isso não é o caso; pois, foquemos no filme.

Bom, pelo título “Dois Lados do Amor”, concluí, inocentemente, que se trataria de um clássico romance água com açúcar, daqueles para rir e se emocionar no final.  Belo engano! Na realidade, está mais para um drama, ou melhor: o drama que envolve viver a vida e amar alguém. Neste caso, o drama central do filme é bem pesado ( eis aqui o momento spoiler, pare neste ponto caso não queira saber mais) : um jovem casal bem apaixonado perde o seu filho que era praticamente recém-nascido.

Como cada pai resolve agir de uma forma e enfrenta uma série de conflitos, algo totalmente normal dado a situação, uma estranha dor passa a habitar a vida dois dois. A mãe, não aguentando a ausência que o filho deixara, tenta um suicídio que não dá certo. Decide, então, pedir para o marido se afastar dela sem maiores explicações. Tirando as lágrimas escorridas durante todo o filme, o que mais me marcou mesmo foi a comparação entre duas cenas.

Em uma delas, a mãe, Eleanor Rigby ( como na música dos Beatles)  queixa-se com a irmã que seu marido, Connor, pareceu não ter se importado nada com a situação. Após a morte do filho, Connor, teria dito ela, apenas jogou as coisas de Cody no armário e pediu comida chinesa. Entretanto, isso pode não ter sido bem assim.  Mais para frente, em uma conversa com o pai, Connor revela um pouco mais sobre seus sentimentos. Ele diz que após a morte do filho, havia tentado evitar de qualquer forma qualquer lembrança ou memória dele, afinal, era muito para aguentar.

Claro que há outros aspectos tão complexos quanto este na trama, como em qualquer relacionamento. Mas, esses simples diálogos me fizeram pensar: quantas vezes não julgamos o outro pela sua reação? Quantas vezes não elaboramos a situação na nossa cabeça, com o nosso ponto de vista particular, sem ao menos conversar com as outras partes envolvidas?

Triste pensar em quantos relacionamentos terminam pela falta de comunicação, quantas amizades não existem mais pela falta de compreensão. Ainda bem que há o amanhã ( às vezes) e que podemos recomeçar a cada dia. Ainda bem, também, que há o cinema para nos mostrar quantas vezes somos uns idiotas em nossas vidas. 

Leia mais em: www.outroladodarua.com.br

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