Os incomodados ajudam a mudar!
No mundo corporativo, é comum ouvir a frase: “não me traga problemas, traga soluções.” Essa expressão, apesar de comum, esconde um perigo nada sutil. Ela sugere que a liderança não está disposta a enfrentar desafios e foge de conversas difíceis.
A consequência disso é desastrosa, cria-se um ambiente onde as colaboradoras e colaboradores se sentem desencorajadas(os) a compartilhar suas preocupações, com medo de serem julgadas(os) e rotuladas(os).
Quando a liderança mantém a “porta fechada” para a equipe, ignorando suas angústias e opiniões, isso se torna uma parte da cultura organizacional. Evitar discutir questões, com o intuito de prevenir conflitos, também contribui para essa situação.
A importância de abraçar o desconforto alheio
Estamos acostumadas(os) a entender e a conduzir reuniões direcionadas às soluções, esperando ao menos que alguma resposta seja elaborada. Mas, por vezes, a disponibilidade de discussão das lideranças deve ser para o acolhimento dos incômodos. Sem solução imediata, sem ação automática a ser seguida, colaboradoras e colaboradores querem sentir que o problema é constatado ou compreendido pela liderança. O acolhimento torna-se, também, uma validação da capacidade da equipe em constatar adversidades. E então, posteriormente, juntxs, chegarem a soluções.
Sabemos também que esta não é uma tarefa fácil! Parece perda de tempo e contraproducente não ter marcadores de objetivos tradicionais nas relações de trabalho. A pressão, a forma conservadora de gestão nos faz pensar: conversar pra quê, por quê, se não chegaremos a “lugar nenhum”?
Mas esta é justamente a mentalidade que estamos trabalhando juntxs para mudar.
Transformando desafios em inovação
A liderança estratégica tem a responsabilidade de auxiliar a transformação desses desconfortos em acolhimento, inovação e crescimento. Sua equipe só se perceberá capaz de transformar os desafios que enfrentam hoje, em soluções e oportunidades de inovação amanhã, se estiverem confortáveis a se expressar. Sendo valorizadas(os) não somente na vitória, na solução, mas também no incômodo, na adversidade, na conversa difícil.
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Em vez de evitar problemas, devemos abraçá-los como catalisadores para a mudança. Potencializando o ambiente de aprendizado e cocriação coletiva, esses incômodos geram ideias que se transformam em ação.
O desconforto não é o inimigo; é uma oportunidade de crescimento. Aprender a navegar por essas águas incertas faz parte do desenvolvimento profissional e pessoal. E é responsabilidade da liderança criar um ambiente onde essa exploração seja incentivada e valorizada.
O poder do coletivo
Sozinhas(os), encontrar forças e recursos para transformar, para “dissolver” os problemas, pode ser desafiador, mas coletivamente, a mudança ocorre de maneira natural, estruturada e duradoura. A verdade é que nunca mudamos sozinhas(os), pois o aprendizado acontece no coletivo.
A colaboração e o apoio mútuo são fundamentais para enfrentar qualquer desafio e construir soluções mais dignas, inovadoras e prósperas.
Assim, é preciso trocar a frase “não me traga problemas, traga soluções”! Devemos revisitá-la e adaptá-la para “traga-me os problemas, juntxs vamos compreendê-los e encontrar soluções.” Isso sinaliza uma liderança disposta a enfrentar desafios, valorizando cada contribuição e incentivando a equipe a pensar criativamente.
Ao criar uma cultura organizacional que respeita e acolhe os incômodos e abraça os desafios, estamos estabelecendo as bases para um futuro onde todas(os) têm a oportunidade de crescer e contribuir para o sucesso coletivo.
E você? Como lida com o incômodo no espaço corporativo?
Gostaríamos de saber sua opinião! Como sua organização lida com desafios e insatisfações? Quais estratégias vocês utilizam para incentivar o diálogo aberto e a colaboração? Compartilhe suas experiências nos comentários.