Os melhores dados estão nas bordas?
Ainda acreditamos que somos os “donos” da experiência do cliente fazendo o gerenciamento do relacionamento pelo centro. Porém, os melhores dados estão nas bordas.
Antes, o consumidor informava, por exemplo, o que queria comprar com o cartão de crédito. Hoje, além do cartão, ele clica, permanece algum tempo em determinada página, baixa, compartilha, imprime, comenta, influencia outros consumidores e produz.
Somos todos geradores involuntários e voluntários de uma massa gigantesca de dados, que vão formando comunidades de consumo, que exigem agora a solução do grande impasse das organizações: qualidade em quantidade de forma personalizada.
As organizações mais digitais já entenderam que as decisões sobre a experiência devem ser tomadas onde os melhores dados estão, na borda, não no centro. Os melhores dados estão no limite, onde a empresa se relaciona com os clientes.
É possível saber melhor o quê o consumidor quer. Ampliar a diversidade em atendê-lo sem perder eficiência na produção.
Uma vez que a maioria das interações com os clientes estão habilitadas pela tecnologia. Essa tecnologia é responsável por decidir quais interações têm prioridade, como arbitrar entre elas e como gerenciá-las.
Gestão pelo centro ficou lenta, portanto, obsoleta
Apesar do aparato tecnológico que garante uma possibilidade, cada vez maior, que grande parte dos dados cheguem ao centro, o "grande cérebro" humano no centro tomando todas as decisões, torna o processo de atendimento lento e obsoleto.
Sob o ponto de vista do cliente, as respostas demoram para retornar, gerando reclamações e insatisfações.
Transformação digital não é acúmulo de tecnologia.
Interação com os clientes via ferramentas (mais centralizado)
· URA digital = voz ou números (digite 1, digite 2...)
· Bots = voz ou texto
· WhatsApp = voz ou texto
· Email = texto
· Telefone = voz
Podemos avançar melhor para entender a passagem da Governança Analógica para a Digital.
O ser humano, diferente de outras espécies, transita entre modelos de governança, conforme aumenta a complexidade. Hoje somos quase 8 bilhões de consumidores no planeta.
Quanto mais consumidores temos, menos conseguimos ser auditivos e visuais. Menos conseguiremos dar conta de gerenciar sons e imagens (texto, números, gráficos, tabelas...).
É muito provável que a gestão pelo centro se caracterize também pela proximidade e uma ocupação menor de “território”. Há a necessidade de uma liderança mais sólida, com um centro mais consolidado.
Havendo um centro, um ou mais líderes (gerentes, coordenadores, supervisores) conduzirão as decisões de todo o grupo, a partir da recepção de dados de diversas ferramentas que gerarão relatórios, reports, estudos.
Quando há um número muito maior de consumidores, como temos agora, só é possível se governar com rastros digitais.
O som e as imagens não pode mais ser processados, pois não seria possível, devido à quantidade de membros / consumidores.
O centro não é mais capaz de direcionar as decisões dos consumidores, pois vai ficando obsoleto ao lidar com grandes volumes de informação.
Organizações que adotam a comunicação por rastros podem ocupar um “território” maior, pois dão mais liberdade para os consumidores, que passam a poder influenciar os outros consumidores, quando têm algo relevante.
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A tomada de decisões não é feita por um centro, mas pela interação entre cada “membro”, que descobre algo que julga relevante para o todo.
Organizações que tendem a uma liderança mais líquida, com o empoderamento maior do consumidor (e do colaborador), tendem a lidar melhor com a complexidade.
Não há um centro que possa agir nos múltiplos lugares.
O modelo de atendimento quem combina a inteligência coletiva e a chegada da Inteligência Artificial e os rastros digitais têm incorporado ao seu repertório um modelo de administração e comunicação mais exponencial.
Exemplos:
· Ubers: Uber, Airbnb, Amazon, Youtube, Ifood
· Techs: fintechs, edutechs, healthtechs
· Startups
Big data 2.0
O Big Data 2.0 começa com a Colaboração de Massa, que coloca uma nova camada humana ao digital, antes inexistente, por limites tecnológicos.
Somam-se indicações voluntária de satisfação de compra, através de estrelas, curtições etc.com os dados coletados (por ex.: tempo de navegação, frequência de visitas, categorias de produtos adquiridos...).
Aumenta-se, assim, a relação custo/benefício, o que nos leva a uma possível e viável descentralização de poder das organizações para os clientes.
Hoje a informação que vem do consumidor é muito maior, o que reduz o custo das organizações, pois se produz com menos margem de erro. Reduz assim a taxa de imprevisibilidade.
É menos Gestão e mais Curadoria
Tornou-se impraticável atendermos um nível de exigências muito maior por qualidade e personalização administrando o relacionamento com os consumidores apenas por sons e imagens.
Tal governança é mais de fora para dentro e tende a se tornar hegemônica na solução de problemas complexos - haverá um empoderamento das pontas.
Surge assim a necessidade de um novo modelo - curadoria. Não podemos mais chamar de gestão.
Gestão funciona até determinado limite de interações, que se não resolvidas levam a crises difíceis de serem resolvidas: mais reclamações, mais Reclame Aqui, mais Procom etc.
O que você diz?
Um forte abraço
Francisco Sarkis
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