Os rituais da cultura organizacional podem alavancar ou travar a estratégia.
Cultura organizacional é a forma com que as pessoas se comportam em uma empresa, em função de seus valores (pessoais e coletivos), rituais, artefatos, incentivos, exemplos e histórias. Os valores da organização determinam seus exemplos, seus rituais, seus incentivos e seus artefatos.
Assim eu defino Cultura Organizacional.
O fato é que o tema cultura organizacional faz parte da jornada de qualquer empresa. Segundoa revista Panorama de RH do Brasil de 2018, 77% das companhias participantes possuem valores e/ou um código de cultura divulgada por escrito em suas respectivas companhias. Mas infelizmente, tanta preocupação com o tema, no entanto, não se traduz em clareza sobre o que, de fato, é cultura.
Um das formas que eu encontrei para desenvolver o entendimento sobre o tema Cultura Organizacional é explorar os Elementos da Cultura Organizacional. E para isso, mais uma vez trago a imagem que chamo de “cebola” para demonstrar melhor esses elementos. A imagem traduz o método criado pelo professor Geert Hofstede e baseado nas construções de Edgar Schein, o que resultou nessa imagem adaptada, como podemos observar abaixo:
Sobre comportamento organizacional a máxima de que “a atitude de um líder vale mais do que mil palavras” é perfeita. Já os símbolos são uma das principais formas de comunicação e identidade entre os colaboradores. Representam um dos elementos mais visíveis da cultura das empresas.
Na terceira camada do modelo de "cebola" estão os rituais da cultura organizacional. E para trazer clareza, vou mostrar o quanto isso já parte do nosso dia a dia.
Você pode não perceber, mas tem coisas que se repetem e acontecem com certa frequência temporal ou conforme algo especial e diferente ocorre. Temos rituais de virada de ano (vestir uma cor específica, pular 7 ondas, comer lentilha), temos o chá de bebê quando alguém próximo está para nascer (ritual especial), casamento é um exemplo de ritual marcado por vários símbolos (vestido branco, véu, grinalda, marcha nupcial, alianças) temos nosso ritual individual para tomar café da manhã, para dormir, tem gente que tem ritual até para entrar para o trabalho.
No ambiente corporativo não é diferente, por isso temos o que chamamos de rituais da cultura organizacional.
Rituais da cultura organizacional são aquelas formas tradicionais de se fazer algo em um departamento ou em toda a empresa. Cada organização tem rituais que moldam a cultura - mesmo que as pessoas não percebam claramente. É algo que pode inclusive surgir espontaneamente em uma equipe e ser tão a "cara" da empresa que se espalha para toda a organização. Trata-se de atividades coletivas, tecnicamente supérfluas muitas vezes, mas socialmente essenciais no jeito de ser da empresa.
Muitas vezes, podem existir rituais de forma espontânea, sem haver um planejamento ou um objetivo pré-estabelecido pela equipe. Um encontro de integração que surgiu para aproximar mais o time, por exemplo, pode se tornar um ritual quando feito de forma periódica, da mesma forma que as reuniões de one-on-one entre lideranças, reuniões entre liderados e lideradas para reforçar os valores e comportamentos do grupo.
Os rituais normalmente são vistos como eventos de um negócio, como reuniões periódicas, cafés da manhã com o CEO/presidente, premiações, entre outros tópicos.
Mas é preciso detalhar cada tipo de ritual e o que o difere de um simples evento para que assim você possa identificar com clareza os rituais da sua empresa.
Os rituais da cultura organizacional, segundo Trice & Beyer, podem ser mais facilmente percebidos, quando agrupados segundo seu objetivo:
Recomendados pelo LinkedIn
Eu poderia citar muitos exemplos de rituais de empresas por onde já passei mas um exemplo muito conhecido são os rituais do Google. Na gigante global, acontecem as TGIFs. Essa sigla quer dizer thank god it’s friday, ou em português, Graças a Deus é sexta. Tratam-se de eventos que reúnem todas as pessoas que desejam participar, seja físico, seja remoto.
Nesse momento, são feitos anúncios importantes do negócio, discutem-se prioridades, além de trazer a oportunidade para que a empresa como um todo possa fazer perguntas à liderança do Google, sem censura.
Esse tipo de encontro é um ritual poderoso, pois reforça a crença de que a liderança é transparente. Nesse sentido, todas as pessoas colaboradoras têm acesso máximo a todas as informações da organização, empoderando-as a tomar decisões mais conscientes.
Mas como os eventos da sua empresa podem se tornar rituais da cultura organizacional? A minha experiência mostra que, para ser um ritual, é preciso seguir alguns critérios muito importantes, por isso listei 6 critérios para tornar seu evento interno um ritual da cultura organizacional:
Esses requisitos ajudam a desafazer uma confusão bastante comum, a de que rituais e festas sejam a mesma coisa. Algumas festas atendem aos requisitos listados acima. Por outro lado, há eventos que se resumem a boas festas, sem atender a nenhum desses requisitos.
Para que um ritual tenha força, ele precisa ser recorrente e encontrar eco de suas mensagens nas outras camadas culturais. Por isso é essencial que as lideranças aprofundem-se muito mais nas demais camadas, nos demais elementos da cultura organizacional. É fundamental entender mais sobre símbolos (o último artigo falamos sobre eles) , heróis (o próximo artigo), valores e propósito.
E agora, você conseguiria transformar simples eventos em rituais da cultura da sua empresa?
Há muitas formas de identificar os rituais, porém sem um olho bem treinado, isso pode se tornar muito complexo. Você faz gestão dos elementos da cultura organizacional? Eles refletem o que você deseja que eles refletissem? Quer saber como desenhá-los? E acima de tudo, que reflitam a sua cultura? Quer construir rituais que solidificam os comportamentos da sua organização?
Fale comigo e descubra como alinhar os elementos e as características da sua cultura organizacional! Conte comigo para essa importante jornada na sua empresa!
Referências:
BEYER, J., TRICE, H. How organization’s rites reveal its culture. Organizational Dynamics, 1986.