Panorama Diário〡12/12/2024
Resumo do Dia Anterior
Wall Street quebra a sequência de dias de bolsas em queda e voltam a jogar os principais índices às alturas. O S&P 500 subiu 0,82%, voltando a se aproximar de seu recorde histórico. Investidores leram o último CPI do ano (de novembro) com bons olhos. Tendo vindo em linha com a mediana das expectativas, 0,3% MoM, o valor anual voltou a subir e foi para 2,7%. Todas as categorias subiram, com destaque (usual) aos serviços subjacentes. Algo parecido ocorreu ao supercore (medida de super-núcleo bem quista pelo FED), com apenas serviços de transportes e comunicação deflacionando. Ou seja, é precisamente o que falo aqui há um bom tempo: a inflação americana é mais teimosa do que parece, convergindo a um patamar em torno dos 2,5% em vez da meta de 2% (claro, o CPI, não o PCE), dada a dinâmica monetária e fiscal do país. Porém, isso definitivamente não desanima Wall Street, que já havia jogado para longe os temores de recessão e que, agora, voltou a praticamente precificar um corte de 0,25p.p. no FOMC da semana que vem.
Na Europa, onde o Banco Central Europeu anunciará a sua decisão final de juros para 2024 (hoje, 12/12, 10:15), Frankfurt também não perde tempo e não fica para trás para com Nova Iorque. O Índice DAX, da bolsa alemã, subiu 3,94% apenas no começo de dezembro, com expectativas de que os problemas econômicos europeus, que se demonstraram durante todo o ano, diminuirão em 2025. O mercado espera que o BCE cortará os juros em 0,25p.p., levando-os aos 3,4%.
No Brasil, após reportes de que o presidente estaria bem depois de primeira cirurgia, no começo da semana, Lula passa por novo procedimento, as 7:00: um cateterismo por via femoral. Informações são de que o presidente encontra-se bem e que não terá sua alta adiada. Mercados domésticos prolongam alívio novamente, com dólar caindo 1,43% e voltando para baixo dos 6 reais. Real é a divisa emergente com melhor performance diária. Portaria de solução às emendas congeladas melhora o clima no Congresso e, logo, também as perspectivas de votação dos cortes de gastos. Com isso, juros futuros afundam novos 15-20bps. Ibovespa, que operava em leve queda, inverteu, chegou a subir incríveis 2%, mas perdeu força no final do pregão e fechou o dia com alta de 1,06%. Após o fechamento, Copom, em sua última reunião de 2024, aumenta os juros em 1p.p. unanimemente, conforme esperado, e ainda sinaliza categoricamente que espera 2 novas altas de mesma magnitude (janeiro e março de 2025). Isso sim foi inesperado, porém, correto. Dado o fato que ruídos políticos podem vir a contaminar o Bacen no ano que vem, que o Comitê enfoca em retomar a credibilidade que perdeu após o dissenso de maio, principalmente com Galípolo declarando-se (corretamente) cada vez mais ortodoxo, e que o BC encontra-se atrás da curva, precisando reancorar as expectativas, a surpresa altista definitivamente é bem-vinda para garantir que a âncora monetária do país ainda é forte o suficiente para segurar o barco.
Performances (Fechamento de 11/12)
Dados Macroeconômicos | Atualizações em Destaque
Brasil | Estados Unidos
Estrutura a Termo das Taxas de Juros | Brasil
Curva Prefixada (Futuros de DI)
Títulos do Tesouro | Estados Unidos
Últimas Informações de Mercado
Brasil
Decisão de Juros
+100bps; esp. +100bps; últ. +50bps
Taxa: 12,25%; esp. 12,25%; últ. 11,25%
---
Vendas no Varejo (Out)
MoM: 0,4%; esp. -0,2%; últ. 0,5%
YoY: 6,5%; esp. 4,8%; últ. 2,1%
---
Fluxo Cambial Estrangeiro (01-07/Dez)
R$ Bilhões: -2,641; últ. 0,389
Suíça
Decisão de Juros
-50bps; esp. -25bps; últ. -25bps
Taxa: 0,5%; esp. 0,75%; últ. 1%
Rússia
CPI (Nov)
MoM: 1,4%; esp. 1,3%; últ. 0,8%
YoY: 8,9%; esp. 8,7%; últ. 8,5%
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Suécia
CPI (Nov)
MoM: 0,3%; esp. 0,3%; últ. 0,2%
YoY: 1,6%; esp. 1,6%; últ. 1,6%
Estados Unidos
CPI (Nov)
MoM: 0,3%; esp. 0,3%; últ. 0,2%
YoY: 2,7%; esp. 2,7%; últ. 2,6%
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Resultado Primário do Governo Federal (Nov)
USD Bilhões: 367; últ. 257
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Montante Total da Dívida Federal (Nov)
USD Trilhões: 36,09; últ. 35,95
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Dívida/PIB (Nov)
120,82%; últ. 120,04%
Canadá
Decisão de Juros
-50bps; esp. -50bps; últ. -50bps
Taxa: 3,25%; esp. 3,25%; últ. 3,75%
Austrália
Taxa de Desemprego (Nov)
3,9%; esp. 4,2%; últ. 4,1%
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Payrolls (Nov)
MoM: 35,6K; esp. 26,0K; últ. 12,2K
Índia
CPI (Nov)
YoY: 5,48%; esp. 5,53%; últ. 6,21%
Coreia do Sul
Após ter sido preso por ter levado Yoonn Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul, a impor Lei Marcial de Emergência para dar um golpe, Kim Yong Hyun, ex-Ministro da Defesa, tenta suicídio na prisão. O político foi impedido e passa bem.
Em Destaque (28/11)
Brasil: Lula anuncia aumento da faixa de isenção do salário-mínimo para aqueles que recebem até R$5.000 (atualmente, o limite é R$2.259,20), a ser compensada pela maior taxação daqueles que ganham pelo menos R$50.000. No mesmo dia, Haddad divulga pacote de cortes de gastos, prometidos a mais de um mês. Com medidas de abono salarial, mudanças nas aposentadorias de militares, restrição de emendas parlamentares, revisão de benefícios fiscais, no caso se déficits primários, e adequações do salário-mínimo ao Arcabouço Fiscal, o ministro afirma que haverá impacto de R$70 bilhões até 2026 ao orçamento. Estimativas do mercado são céticas quanto aos valores divulgados, girando em torno de apenas 40 a 45 bilhões. Impacto do IR também seria próximo disso, dado que também há ceticismo quanto à compensação ser total.
Reação inicial foi extremamente negativa, com ativos despencando, dólar ultrapassando os R$6,00 pela primeira vez e curva DI embutindo 80% de chance de alta de 1p.p. à Taxa Selic em cada uma dos três próximos Copoms.
Calendário Econômico da Semana
Por: Leonardo Castilho Neves , Analista de Investimentos