Pare de buscar a média nos dados do ambiente organizacional. Ela é só uma visão distorcida da realidade.

Pare de buscar a média nos dados do ambiente organizacional. Ela é só uma visão distorcida da realidade.

Este texto não é sobre mediocridade; é sobre como dados, quando mal trabalhados, podem nos enganar.

Imagine uma equipe de 100 colaboradores que, juntos, consumiram 1.000 hambúrgueres em um mês. Calculando a média, temos 10 hambúrgueres por pessoa. Parece uma métrica interessante, certo? Mas será que é realmente útil?

Quando olhamos apenas para essa média, ignoramos variações importantes. Talvez um grupo específico tenha consumido dezenas de hambúrgueres, enquanto outro não consumiu nenhum — não porque não quisessem, mas porque os hambúrgueres eram de carne, e alguns colaboradores são veganos.

Se nos limitarmos à média de 10 hambúrgueres, corremos o risco de fazer suposições equivocadas, pensando que todos ficaram satisfeitos, que o lanche foi apreciado por todos ou que a oferta de alimentos foi inclusiva. Dessa forma, podemos facilmente tomar decisões baseadas em uma realidade distorcida, que não reflete a experiência real dos colaboradores. Estamos falando de hambúrgueres, mas amplie essa visão para a cultura organizacional. Imagine a quantidade de decisões equivocadas que, muitas vezes, alimentam nosso viés de confirmação e nos conduzem a planos de ação completamente equivocados.

Vale lembrar que a aproximação dos profissionais de humanas com a área de exatas é relativamente recente. Em um passado não tão distante, nosso foco estava muito mais em cuidar e entender de pessoas do que em estratégia, resultados e dados.

Isso não significa excluir os outliers, mas sim entender quando eles merecem uma análise separada, o que também pode trazer insights poderosos. Voltando ao exemplo dos hambúrgueres: quem são as pessoas que “não comeram” nada? Por quê? O que esses dados extremos podem nos revelar sobre a cultura e a experiência das pessoas na empresa?

Aqui na Qore.me , trabalhamos com clusterização, visualizando colaboradores que estão mais alinhados e os menos alinhados. Então, da próxima vez que olhar para dados do ambiente organizacional, não se contente com o número “médio”. Questione não apenas as perguntas e os contextos, mas também a forma como os números são apresentados.

Pode parecer básico, mas eu ainda vejo nas empresas equívocos inconscientes como esse. E você? Na sua opinião, qual o letramento em dados dos profissionais nas empresas?

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