Partiu facu?

Fim de ano chegando e, certamente, há pessoas pensando: "Que faculdade devo ingressar ano que vem? Que curso devo fazer? Ou até: Será que devo fazer faculdade? Vou dedicar este artigo basicamente a esta última questão.

Na minha modestíssima opinião: Sim, é muito importante cursar graduação, e a maioria das empresas continua observando isto, lembro que quando comecei em RH o nome da Universidade era extremamente importante, mentiria se falasse que isto ainda não influencia, mas é perceptível que o nível de relevância da "grife" da universidade vem caindo vertiginosamente.  Perdi as contas das reuniões que participei para alinhar perfil de candidatos, e a frase "Só quero se for da Universidade X, Y ou Z", ainda se ouve isto nas salas e corredores das empresas, mas como citei, vem caindo, e caindo muito.  

Há inúmeras discussões sobre a perda de relevância dos cursos universitários para muitas empresas, "o RH nem olha mais se a pessoa tem faculdade" o que não é totalmente fora da realidade, mas esta visão impacta grupos, longe de ser a totalidade de pessoas.

Vamos lá, se você tecnicamente tem alguma característica extremamente forte, e isto em um teste fica demasiadamente claro, pode suprir a lacuna do curso universitário, ou, se você tem um negócio próprio, ou se atua em uma empresa ou cargo em que o curso universitário faz pouca ou nenhuma diferença, há chances de bons caminhos também, apesar que, principalmente no caso de pequenos empreendedores, faculdade pode trazer insights muito interessantes para estruturação do negócio, sem contar o networking, que daqui a pouco falo mais.

Agora, se o motivo pra não fazer faculdade for: PREGUIÇA, aí sim pode estar em um caminho perigoso, por inúmeros motivos, entre os principais é que sua carreira pode travar, afinal de contas, todos nós temos momentos de preguiça, e são ótimos, porém se ele começa a comprometer o desenvolvimento de sua carreira, um sinal vermelho está ligado, porque a preguiça pode impregnar outros setores da vida, não só aquela última aula de sexta-feira a noite.

Não estar em uma faculdade pode gerar outros prejuízos, seu networking fica mais restrito, muito provável que você conhece alguém (ou conhece alguém, que conhece alguém) que conseguiu emprego por indicação de um colega de faculdade, ou um exemplo mais amplo: estágio, uma das maneiras mais eficientes de iniciar a carreira, e até por uma questão de legislação, pra fazer estágio você deve estar matriculado Tive o prazer de conhecer profissionais incríveis, que construíram carreiras muito sólidas, e começaram como estagiários, inclusive uma parte destas pessoas conheci aqui na Youse, temos um programa de estágio bem interessante, são 30 estagiários, temos bons níveis de efetivação, e nos preocupamos com desenvolvimento de todos, durante o estágio, efetivação, e daqueles que infelizmente não permanecem, a preocupação com desenvolvimento é a mesma, é imprescindível que no tempo que permaneçam conosco, independentemente da efetivação,  o aprendizado seja intenso.

"Ah! mas conheço pessoas que dizem que ficaram anos em uma faculdade e não aprenderam nada!" Bom, se uma pessoa se dispõe a ficar em uma universidade, 2, 3, 4 anos ou mais, e sai de lá sem aprender nada, é muito provável que o problema não seja a faculdade, seja ela, afinal é uma oportunidade interessantíssima de trocar idéia sobre trabalho com colegas e professores, mesmo que você não seja um aficionado por temas acadêmicos, sem contar a construção de relacionamento que podem durar décadas.

"Já me aconselharam que não vale a pena!" Bom, depende de quem vem o conselho. Se a pessoa tem uma trajetória inspiradora e te ajuda contando o caminho, vale uma reflexão, e se a pessoa ou empresa que te aconselha a não fazer faculdade tem em seus afazeres vendas de cursos, fique atento, pois a imparcialidade do conselho é no mínimo questionável.

"Me falta grana!" Aí realmente temos um problemaço, eu poderia entrar no clichê de quais são as suas prioridades, funciona, porém há de se analisar com muito cuidado, pois sabemos que muitas pessoas tem entre escolha, pagar despesas básicas (luz, água, alimentação) ou pagar a mensalidade, dificílima decisão. Vale uma ótima reflexão, mas ainda assim, vale a busca de alternativas: as públicas mesmo com pouquíssimas vagas, tem ótimos exemplos de pessoas que fizeram um esforço hercúleo e conquistaram a sonhada vaga, infelizmente, um grupo pequeno de pessoas com pouca grana conseguem este êxito quando comparamos o número total de interessados.

Há programas de financiamento, bolsas de estudos, faculdades com boa qualidade e preço justo, enfim, se você está muito a fim, há alternativas.

E se ainda assim estiver convicto que não deve pisar na "facu", OK! Não é a sentença do insucesso, o caminho do fim. Também há profissionais de muito sucesso que não concluíram ou sequer ingressaram a graduação, mas se seu foco é atuar no mundo corporativo, tenha plena convicção, que certamente um número significativo de pessoas ficou horas e horas em uma sala de aula (presencial ou virtual), e caso mude de ideia e siga pra faculdade, evite o sentimento do "só estou fazendo pelo diploma", faça por você! 

Conheça pessoas, faça amigos, explore o conhecimento dos professores e colegas, aprenda, pesquise e, obviamente, dedicar um tempo para boas gargalhadas nos bares ao redor do campus também irão fazer bem ;-)