Pelo que vale a pena sujar as mãos?
Essa é uma mão pintada de caldo de beterraba! Eu me vi esfregando a mão embaixo da torneira pensando no que eu diria para as pessoas que eu vou encontrar mais tarde, se essa cor não saísse das minhas mãos? E isso me fez ir a uma reflexão ainda mais distante: Houve um tempo em que muitos trabalhadores se orgulhavam de exibir suas mãos sujas ou calejadas, se você conviveu com seus avós e eles puderam conquistar coisas a custo do próprio suor, você sabe do que eu estou falando!
Por um bom tempo eu tive um ateliê e vivia com as mãos sujas de tinta, apesar de amar o meu trabalho e as horas que eu passava ali dentro, me envergonhava de ter que explicar que eu era artesã. E isso me fez pensar, como é que nós julgamos nosso próprio valor muito mais por aquilo que os outros pensam, do que pelo que realmente sentimos! Eu tenho certeza absoluta que se uma grande amiga sua quisesse ser confeiteira e você a encontrasse na rua com um avental sujo de glacê (nem sei se isso existe ainda!), as mãos sujas de farinha, dizendo que estava indo ao mercado comprar mais ingredientes para uma encomenda, menosprezaria o trabalho dela ou a desencorajaria a dar continuidade ao que ela faz! Provavelmente o entusiamo dela lhe contagiaria e você se sentiria no mínimo tentada a pensar o que te faria se sentir assim também, estou errada?
Hoje, vou sair com as mão tingidas de beterraba, porque com muito orgulho tenho o prazer de cozinhar para a minha filha! Tenho a chance de ter comida na geladeira, tempo para prepará-la e uma filha para alimentar! E daqui para frente, toda as vezes que eu precisar "sujar" as mãos com o meu trabalho irei exibi-las com orgulho!
Eu entendi que, na maioria das vezes, agimos assim porque não estamos intimamente ligados ao propósito daquilo que fazemos. Se a sua vergonha é mais externa do que interna, se conecte à razão daquilo que faz, entenda seus "porquês", e quando tiver que dar satisfações de algo à alguém (que na maioria das vezes não temos!), comunique esses motivos, assim, de cabeça erguida, boca cheia e peito aberto! Posso apostar que ao final da sua frase, se quem te escuta não tiver nada de bom a acrescentar, não ousará te diminuir!!
Viva de Propósito!
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Sou Lu Oliveira, mãe, gerente de projetos e mais algumas coisas. Por alguns anos gerenciei projetos de negócios que visavam lucro, hoje quero fazer o mesmo por negócios que gerem também, felicidade.
Piegas falar disso? Pode ser! Mas é impossível, viver sem!