Perspectivas de Mercado para 2019. Uma visão Macroeconômica Mundial – Parte 1
Gostaria de apresentar neste relatório uma visão particular sobre a perspectiva mundial de crescimento para o crescimento das principais economias mundiais em 2019. No caso do Brasil, já podemos dizer que após o carnaval o ano realmente já começou, 3 meses atrasados do resto do mundo, aonde os players já vem se movimentando e agindo para o crescimento de suas economias ou a manutenção das mesmas, já que para algumas casas o cenário é de redução deste crescimento.
Minha referência neste texto será o relatório da BlackRock Investment Institute, aonde eles buscaram mostrar com maiores detalhes sobre o crescimento da economia mundial como um todo e o cenário de desaceleração dos agentes econômicos. Será um texto que possui um mix da minha opinião, ponto de vista e análise sobre o assunto e também dados contidos no relatório. É notório como a economia mundial vem se desacelerando, acreditando que o ciclo de expansão econômica esteja chegando em uma fase final de crescimento, guiados principalmente pela economia americana.
Os Estados Unidos e o seu presidente Donald Trump praticaram nos últimos anos políticas fiscais(via redução de impostos) e de geração de empregos, onde a redução de custos sobre as empresas e o estímulo à geração de cargos de trabalho foram amplamente difundidas e incentivadas, essa movimentação faz com que a economia gire por si só e que ela se movimente de forma mais independente, tal política faz com que a arrecadação gerada pelos novos cargos de trabalho compense a redução dessa arrecadação de impostos necessária pelo governo.
É uma jogada interessante, porém, que possui pontos positivos e negativos, onde é preciso saber utilizá-los com inteligência. Não existe jogada ruim, mas sim uma adaptação das diretrizes com base no cenário econômico atual. Tais políticas já se mostram esgotadas, com uma redução de impostos cobrados das empresas há uma redução na arrecadação de impostos nas contas públicas, e isso pode gerar descontroles nas contas do governo, algo que pode estar chegando ao fim, segundo alguns analistas. Verificando que o país se encontra com uma das menores taxas de desemprego de toda a sua história, isso mostra que a economia se encontra aquecida e independente, precisamos assim chegar em uma conclusão de quando este suporte do governo irá se esgotar e como o mercado irá se comportar sem esta ajuda governamental a partir deste corte de incentivos.
Outro ponto que é analisado em políticas comerciais ao redor do mundo se trata principalmente do segundo player mundial, a China também vem em processo de desaceleração do seu Produto Interno Bruto e busca recuperar seus altos níveis de crescimento econômico, que até alguns anos atrás girava na casa dos dois dígitos tendo como o principal boosters o crescimento mundial e incentivos do governo. No caso do país oriental, seus clientes externos vem passando por fases de controle orçamentário e isso diminui o seu faturamento, mesmo o país focando a sua produção para o mercado interno, ele ainda não é capaz de sustentar um crescimento acima de 10% do seu PIB, são ciclos econômicos que fazem parte de qualquer economia. Outro ponto é que logo após Trump assumir a principal economia mundial, as economias vêm travando uma enorme guerra comercial, ao qual iremos falar dela no próximo parágrafo.
Estados Unidos e China são as duas maiores economias mundiais atualmente, ambas dominam os mercados financeiros de suas regiões e a divulgação dos seus indicadores econômicos são capazes de influenciar a economia de todos os países economicamente relevantes mundialmente. A guerra comercial entre os dois países já se estende a algum tempo, hora por tarifas de produtos manufaturados e, nos últimos dias, pela restrição da empresa HUAWEI, na exploração da tecnologia 5G em território americano. Essa última gerou uma instabilidade política desconfortável entre as bandeiras. Tal briga gera instabilidade e atraso na interação destes dois países, aonde a dependência de um país para o outro é muito relevante, devemos então aguardar quem suportará o maior tempo nessa briga e terá o maior poder de barganha nas negociações com estes países adjacentes. O baixo crescimento e a inflação moderada de ambos os países permitem que os bancos centrais possam reduzir o número de intervenções em suas políticas monetárias.
O relatório apresenta alguns fatores que segundo seus analistas ainda podem ter uma perspectiva de alta da economia, mesmo que reduzida em comparação com os últimos anos.
O medo de recessões está superestimado, as contas dos países mundiais ainda apresentam relativa saúde e as políticas monetárias e cambiais de cada país ainda não agiu de forma mais radical em nenhuma situação extrema, isso dá previsão para agentes econômicos trabalharem e buscarem melhores situações com base nas perspectivas de mercado.
Como mencionado anteriormente, a política fiscal do governo americano vem sendo reduzida de forma gradativa, mesmo que na Europa e China elas ainda continuam ativas, a economia americana se vê em uma situação mais confortável para retirar tais estímulos. Europa e Ásia permanecem mais expostas ao risco e fragilidade econômica, em alguns países por conta das taxas de desemprego, em outros países por conta das contas públicas sufocadas por regras mais rígidas de controles financeiros, definidas após a crise de 2009.
O que irá ditar as movimentações econômicas de 2019 ainda será a disputa comercial entre China e Estados Unidos, ao qual Europa e América Latina assistirão o desenrolar desta briga de forma passiva. Suas únicas saídas serão se adequar às decisões e tirar o melhor proveito das decisões do vencedor desta batalha.
> Victor Brito Domingues
> Graduando em Ciências Econômicas pela PUC-Minas
Diretor / Gerente Geral / Plant Manager/ Gerente Industrial/ Gerente de Manutenção e Engenharia/ Infraestrutura e Instalações
5 aVictor , na minha opinião houve , e ainda está acontecendo, uma crença de que apenas com as reformas da previdência e trabalhista a economia andaria. O mundo real é mais perverso e mesmo os ganhos das bolsas não refletem de fato que temos um sistema econômico com tributação complexa, logística ruim e sem muitos atrativos para o dinheiro estrangeiro. Quando se alia a isto a falta de recursos federais para alavancagem, como ocorreu no "pibão" de 2010, significa que experimentaremos períodos de crescimento na ordem de 1,5 a 2% , o que é muito baixo para países continentais em desenvolvimento . Para um pais desenvolvido taxas de até 0,3% podem ser boas, mas para nós , qualquer crescimento que não passe dos 2% é uma grande porcaria. Considerando-se as retrações e possibilidades de bolhas na China e Estados Unidos , temos um cenário complicado para o Brasil nos próximos anos !