Perspectivas de Mercado para 2019. Uma visão Macroeconômica Mundial - Desaceleração Sincronizada

Dando continuidade ao texto onde busco detalhar o relatório da BlackRock sobre o desenvolvimento econômico mundial, seguiremos discutindo sobre o tópico “Desaceleração Sincronizada”, aonde irei reportar o parecer da análise e ainda tecer comentários baseados em minha visão de mercado sobre o assunto.

O relatório começa dizendo que o crescimento econômico é a chave central para uma visão do mercado financeiro, a BlackRock acredita que esta desaceleração tem grandes chances de ser guiada pelo mercado dos Estados Unidos, porém amortecido pelo crescimento econômico baixo, porém constante da Europa e mercados emergentes, segundo as previsões.

Condições financeiras apertadas, nível de incerteza elevado sobre as políticas econômicas globais e como mencionado no primeiro texto, a grande guerra comercial entre China e Estados Unidos fortifica o embasamento desta desaceleração. O estímulo fiscal pode estar chegando ao seu teto e isso tem total influência em previsões econômicas para os próximos anos.

O FED provavelmente irá segurar qualquer ação quanto a taxa de juros americana provavelmente até o segundo semestre do ano, enquanto isso o Banco Central Europeu não deverá aumentar suas taxas de juros pelo menos até 2020, isso gera um impacto importante no quesito investimentos, já que em ambos as regiões, principalmente na Europa, esse estímulo ser aumentado, fortalecendo o mercado de crédito e incentivando o desenvolvimento tecnológico e crescimento de massa salarial, um aumento no investimento gera incentivo na criação de emprego e estímulo à interações econômicas, o que pode gerar crescimento de renda e consumo.

O caso da China é outro a ser observado de perto, acostumada a taxas de crescimento de dois dígitos, o país asiático apresentou nos últimos resultados números abaixo de 10% de crescimento, aonde se compararmos com outros países é um número muito interessante, porém com base nos dados históricos do país e de sua total capacidade, estão abaixo do seu potencial. Assim o país esperar estimular a sua economia seguindo algumas atitudes tomadas pelo seu principal rival econômico hoje que é os Estados Unidos, aonde se corta impostos, injeta liquidez no mercado via corte de reservar bancárias(pode-se dizer redução do depósito compulsório) enquanto reduz a rigidez de políticas macroprudenciais visando dar mais liberdade a uma eventual alavancagem financeira, esta visão se dá muito no cenário interno, buscando aumentar a consistência do seu PNB(Produto Nacional Bruto), e fortalecer ainda mais o seu resultado fora das suas fronteiras via competitividade de mercado.

Condições financeiras são difíceis de mensurar, com base nisso o mercado busca resultados que operem como ativadores de algum movimento, mesmo podendo ser dados enganosos e que levem a alguma decisão precipitada, como movimento de taxas de juros que gera influência na expectativa de investimentos, volatilidade do mercado que se traduz em estresse por algum dado inesperado ou começo de tendência e avaliações de ativos, já que é preciso saber como outras casas veem os ativos financeiros, suas expectativas e seus resultados projetados, estes três pontos podem ditar o movimento a curto prazo de um mercado ou ativo, porém não se pode apostar todas as suas fichas neles.

Acima está o gráfico feito pela BlackRock apresentando o seu Índice FCI(Financial Conditions Indicator), aonde podemos verificar que principalmente no ano de 2018 houve uma forte queda no indicador, mostrando que as condições financeiras para investimentos se tornaram mais “apertadas”, ficando mais difícil de se realizar negócios, porém tais resultados ainda se apresentam distantes de uma possível recessão.

> Victor Brito Domingues

> Graduando em Ciências Econômicas pela PUC-Minas