PLANEJAR É PRECISO
Foto de Chico Gomes

PLANEJAR É PRECISO

PLANEJAR É PRECISO

Por Francílio Dourado*

Peter Drucker, um dos mais respeitados mestres da administração contemporânea, nos lembra (sim, pois sua obra permanece) que “o planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas a implicações futuras de decisões presentes”. Tal pensamento nos permite inferir o óbvio: o futuro que queremos ter se constrói no agora, nas decisões que cotidianamente tomamos.

Se queremos que os nossos negócios prosperem de forma consistente e duradoura, precisamos preparar as nossas empresas (e aqui leia-se as pessoas) para pavimentar o caminho do sucesso de modo coerente com a realidade a ser enfrentada. E mais, temos que construir estruturas organizacionais flexíveis, capazes de se adaptar com agilidade às frequentes mudanças econômicas e sociais inerentes a um mundo em constante transformação.

E isto exige que pensemos estrategicamente, que trabalhemos com visão alargada do futuro, atentos às diferentes tendências e nuances assumidas pelo mercado, sem, contudo, perder a consciência do que somos hoje, das competências que temos no agora.

Mas não basta pensar, temos que planejar. E planejar é desenhar cenários, traçar rotas possíveis, animar as pessoas e alinhar as velas de modo a aproveitar as oportunidades surgidas a cada momento. É ter foco no amanhã, é sonhar, mas sonhar acordado, com os pés no chão, sabedor dos limites mas crente nas possibilidades de ir além, de ser melhor, de vencer, de ter sucesso.

Quando falamos “planejar é preciso”, estamos afirmando que o planejamento requer precisão, consciência de como e porque cada passo deve ser dado, cada decisão deve ser tomada. E é exatamente por isto que o processo de planejamento somente pode ser conduzido por um profissional experiente, capacitado, preparado e senhor de um escopo de conhecimentos que lhe credencie a orientar, de forma pedagógica, todos os atores sociais envolvidos. E este todos inclui, indiscutivelmente, as lideranças de cada um dos diferentes setores operacionais da empresa.

Não há receita pronta. Cada empresa é uma realidade e seu planejamento precisa ser conduzido de forma coerente com suas especificidades, o que exige muita competência, habilidade e flexibilidade na condução do processo.

Quase duas décadas de experiências as mais diversas, com empresas de pequeno, médio e grande porte, organizações do primeiro, segundo e terceiro setor, nos permite simular um processo de planejamento que, preservados os parâmetros básicos, pode ser facilmente adaptado a múltiplas realidades.

* Adaptado de ‘A Arte da Estratégia – como vencer os desafios do mercado’, Francílio Dourado Filho, E2 Editora, 2014.

O roteiro (ver ilustração acima) reflete o modo como atuamos em nossa empresa de consultoria. É fruto de um conjunto de práticas já vivenciadas e validadas, contempla insights de modelos consagrados mundialmente no universo da administração contemporânea.

Tomada a decisão de planejar estrategicamente a empresa, o primeiro passo é definir quem irá participar do processo. Os eleitos precisam ter real compromisso com o sucesso dos negócios – deve incluir lideranças de todas as áreas, desde os gestores maiores (imprescindíveis) até os chefes de equipes operacionais. Não há limites quantitativos, quanto mais gente envolvida mais comprometimento será gerado. Cabe ao facilitador (consultor) motivar o grupo a trabalhar de forma produtiva, animar o processo e tirar de cada um o que de melhor ele tiver para dar.

O passo a passo se inicia com a conscientização coletiva sobre qual é o “negócio” da empresa, com o que, de fato, ela trabalha, produz, emprega e gera riqueza. Em seguida é preciso contextualizar o negócio no ambiente econômico, social, político, tecnológico e ecológico. Aqui é preciso entender os impactos geradores de oportunidades ou ameaças ao empreendimento. Também convém entender as forças competitivas com peso na definição da rentabilidade, os fatores chave para se ter sucesso e que diferenciais é preciso ter em comparação com a concorrência.

No momento seguinte o grupo é convidado se voltar para o interior da empresa e identificar situação em que se encontra no tocante às competências e recursos essenciais ao seu sucesso. Do cruzamento da análise do ambiente interno com o externo, são gerados os argumentos para a definição da identidade organizacional, que consiste na definição da missão institucional, dos valores compartilhados e da visão de futuro que se propõe ao negócio.

Isto posto, são traçados os objetivos gerais e desenhadas as ações que poderão levar à concretização de tais objetivos. É o momento áureo do planejamento, quando de fato se define a estratégia de condução dos negócios para os anos que se seguirão, traçam-se as estratégias específicas por cada setor da empresa, definem-se os indicadores de acompanhamento da evolução dos objetivos, constrói-se um instrumento que permitirá monitorar todo o processo subsequente, o dashboard, e elabora-se o plano de ação.

Dai em diante é implementar o plano e aprender com ele, atualizando-o sempre que preciso.

O modelo se aplica a diferentes segmentos empresariais. O utilizamos quando, ainda em 2011, conduzimos o processo de planejamento estratégico que levaria a CONSTRUTOP, então uma pequena rede de lojas de materiais de construção, a se tornar um dos maiores grupos empresariais cearenses do setor em menos de três anos. O sucesso da empresa, como constata seu presidente à época, o líder empresarial Carlito Lira, “em muito se deve ao plano de ação traçado e criteriosamente cumprido”.

Comprovamos a validade do modelo em mais de uma centena de empresas de segmentos variados. A Diamantes (maior indústria de lingerie do Brasil), a Delfa (maior fábrica de bojos e espumas da América Latina), a Dakota Nordeste (maior fábrica de calçados do Grupo Dakota no Brasil), Grupo Ideal (maior rede de panificadoras do Piauí), Dogão Burger (maior rede de lanches artesanais do Brasil); a Boa Vista Tecnologia (empresa líder no desenvolvimento de software e conciliação bancária no país), o Grupo Carbomil (um dos maiores grupos de mineração brasileiros, com atuação internacional), para citar apenas algumas.

Também aplicamos com sucesso em organizações sociais como o SIMEC (Sindicato da Indústria Eletrometalmecânica), SINDGRAFICA (Sindicato das Indústrias Gráficas), dois dos maiores e mais atuantes sindicatos patronais que integram o Sistema FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará); nas Câmaras Setoriais da Indústria no Ceará; no Setor de Confecção e Vestuário cearense; na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, na Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado, na Zona de Processamento de Exportação do Estado e na Agência de Desenvolvimento do Estado.

Enfim, nossa experiência tem demonstrado que a realização do planejamento estratégico é o melhor caminho para a transformação das organizações sociais, sejam elas empresas (da indústria, comércio ou serviço), entidades representativas públicas ou privadas, em instituições eficientes e eficazes, geradoras de resultados que as levem ao sucesso.

*Francílio Dourado Filho é Mestre em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing, Engenheiro Civil, Consultor de Empresas, Palestrante, Escritor e Coach. É sócio diretor da E2 Estratégias Empresariais. (contato: francilio@e2estrategias.com.br)

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