Política de C&T – uma questão estratégica - parte 1
O objetivo de qualquer governante é buscar o desenvolvimento do país e seus cidadãos. Isso significa oferecer oportunidades e condições para os crescimentos pessoal dos cidadãos e econômico de toda a sociedade. Em outras palavras deve propiciar condições para que ocorra o desenvolvimento intelectual, profissional, social e bem estar dos habitantes, o desenvolvimento industrial e econômico das empresas, a recuperação do meio ambiente e o desenvolvimento e sustentação das cidades. Em cada um desses planos de desenvolvimento vemos a necessidade de diretrizes para a C&T, para a educação, para a infraestrutura além de outras áreas do conhecimento.
Neste contexto, uma Política de C&T só tem sentido se pertencente a uma política maior de desenvolvimento social e econômico do país. Resumindo, precisamos de diretrizes sobre o tipo de industrialização que desejamos, formas de criarmos pessoas autônomas e capacitadas, plano de construção e manutenção da infraestrutura de mobilidade e transporte, planejamento de longo prazo para as redes de energia e de dados de alta velocidade além de postura internacional que nos garantam relações amigáveis com os grandes centros de desenvolvimento industrial e cultural do mundo.
Todas essas políticas devem ser emanadas do Governo Federal e instanciadas para as características de cada unidade da federação e de cada cidade. Esse instanciamento deve respeitar a vocação e recursos de disponíveis em cada cidade minimizando assim os riscos, potencializando resultados e ajudando na construção de um país integrado e mais justo.
Trazendo essa discussão para o Distrito Federal, um projeto de Política de C&T para o DF deve contemplar a definição das áreas de interesse (científico e econômico e político), o incentivo à formação em ciências desde os ciclos básicos, incentivar a instalação de empresas alinhadas com as áreas de interesse e criar um ambiente social onde a inovação seja o motor do seu crescimento.
O tema é por demais amplo e integrado para ser tratado em apenas um texto mas vamos começar do começo: Qual a economia que queremos para o DF? Qual a vocação econômica natural do DF? Quais os recursos existentes que temos para aproveitar?
Eu pessoalmente gosto de sempre manter uma perspectiva histórica. O DF nasceu para hospedar e suportar o centro do poder federal. Toda sua estrutura e logística foram idealizadas para essa missão. Com o passar dos anos e a ocupação dos espaços pela população, novas vocações assessórias apareceram, dentre elas citamos: música (rock e chorinho), artes cênicas (principalmente comédias), TIC (grandes datacenters estatais e governamentais) , pesquisa aplicada (notadamente em agropecuária), defesa (cibernética e eletrônica), confecção (moda íntima e feminina) e mobiliário (sob encomenda e artístico).
Com base nessa lista de vocações podemos alinhavar algumas áreas de P&D que poderiam compor uma futura Política d C&T:
- Gestão em Governo - Soluções para eGov (todos os poderes incluindo estados e municípios); Big Data Social (detecção e monitoramento de endemias e epidemias, mapeamento de segurança pública, monitoramento de áreas públicas e ocupação do solo, etc.)
- Defesa Eletrônica e Cibernética - Criptografia, vigilância cibernética, contramedidas, detecção de invasão e intrusos, etc.
- Musica e Artes Cênicas - Artes eletrônicas, algoritmos de compactação, processamento de sinais, automação da iluminação, telepresença, realidade ampliada e virtual, etc.
- Confecções - Tecido com nanotecnologia, computação vestível, tecidos sustentáveis, nanoestruturas, sensoriamento biométrico etc.
- Mobiliário - Materiais naturais geneticamente modificados, tratamento de madeiras, nanoestruturas, automação do corte, sensoriamento, IoT, etc.
- Agropecuária - Melhoramento genético de animais e plantas, controle natural de pragas, corretivos orgânicos, manejo e conservação de água, automação agropecuária, rastreamento de animais e plantas, etc.
- Neurologia e bioengenharia –metodologias de tratamento para doenças do aparelho locomotor, próteses e aparelhos de apoio ortopédico, neurociência, etc.
Compondo o cenário para o desenvolvimento científico e econômico do DF existem áreas transversais que apoiam todas as anteriores e que precisam ser igualmente contempladas:
- Tecnologia da Informação e Comunicação
- Nanotecnologia
- Automação e robótica
- Instrumentação e sensoriamento
- Genética
- Neurologia
- Bioengenharia
Nos próximos textos aprofundaremos nossa proposta de uma Política de C&T.