Por que a inteligência artificial não vai salvar sua empresa em 2024

Por que a inteligência artificial não vai salvar sua empresa em 2024

Em 2024, muitas empresas estão cometendo um erro comum: acreditam que a inteligência artificial (IA) será a salvação para todos os seus problemas. A expectativa é de que essa tecnologia revolucionária traga uma transformação mágica, gerando inovação e lucro instantâneos. No entanto, essa mentalidade está desviando o foco do verdadeiro desafio. De acordo com a Pesquisa Executiva da Gartner 2024, o CIO é o principal responsável por liderar as iniciativas de IA em 25% das empresas, seguido pelos líderes de IA, com 16%. Governança é o foco de 26% dos conselhos de IA, e a estratégia, 21%. Mas será que esses números indicam que estamos no caminho certo?

A verdade é que a IA, sozinha, não vai salvar sua empresa. Não porque a tecnologia não seja poderosa – ela é. O problema está em como as empresas estão abordando suas implementações. Quando o CIO ou o líder de IA se torna o único responsável por liderar a transformação digital, a organização cria silos onde a tecnologia fica separada das necessidades reais do negócio. O resultado? Soluções tecnológicas desconectadas da prática diária e da experiência dos clientes.

Há um mito perigoso de que basta investir em IA para que os problemas desapareçam. No entanto, o que falta na maioria das empresas é uma integração significativa entre a tecnologia e as áreas de negócios. As empresas estão focando em estratégias grandiosas e governança, sem pensar no impacto direto da IA no dia a dia dos colaboradores e clientes. Afinal, de que adianta uma governança perfeita se ela não traduz a IA em resultados tangíveis?

Além disso, quando falamos de governança, estamos discutindo controle e regulamentação, o que é importante, mas não suficiente. A governança precisa ser flexível e orientada a resultados, não apenas um conjunto de regras rígidas que impedem a inovação. Para que a IA funcione de verdade, ela deve ser aplicada de forma prática, de preferência por equipes que entendam tanto de negócios quanto de tecnologia. Somente assim a tecnologia será capaz de gerar valor real e sustentável.

Primeiro proíbe pen-drive, depois acesso no YouTube, depois IA...tá certinho, viu?

A pesquisa da Gartner nos leva a pensar que a maioria dos líderes de IA não está preparada para assumir o controle total das iniciativas tecnológicas. Deixar as decisões nas mãos de um único grupo, como os CIOs ou líderes de IA, limita o potencial da tecnologia. O impacto da IA deveria ser discutido e trabalhado por toda a organização, e não apenas nos corredores do departamento de TI. Sem colaboração entre áreas, a IA se torna um projeto de nicho, incapaz de transformar verdadeiramente o negócio.

E aqui está o ponto mais importante: a IA não vai resolver os problemas estruturais e culturais de uma organização. Muitos líderes acham que podem ignorar esses aspectos e simplesmente jogar a IA na mistura para corrigir tudo. Isso é um erro fatal. A IA não pode consertar uma cultura empresarial tóxica, falta de alinhamento estratégico ou processos internos ineficazes. Se sua organização já está com problemas nessas áreas, a IA só vai acelerar a visibilidade desses pontos fracos.

No final das contas, a IA só trará resultados positivos se for tratada como parte de uma mudança cultural e operacional mais ampla. As empresas precisam integrar a tecnologia em todos os níveis e garantir que cada departamento entenda como utilizá-la para melhorar os resultados. Isso envolve treinamento, comunicação e, principalmente, uma mentalidade aberta para mudanças. A IA precisa ser tratada como uma ferramenta, não como a solução final.

Então, por que tantas empresas ainda estão depositando todas as suas esperanças na IA? Porque é mais fácil colocar o peso da transformação em uma nova tecnologia do que fazer o trabalho difícil de mudar processos e cultura. Apostar na IA como uma solução mágica permite aos líderes evitarem questões mais complexas. Mas essa é uma ilusão perigosa. Sem uma base sólida, sua IA vai fracassar, e sua empresa ficará mais vulnerável do que nunca.

A pergunta que você deveria estar fazendo não é "Quem está liderando a IA na minha empresa?", mas "Quem está integrando a IA no cotidiano, de forma que ela traga resultados concretos?". Porque, sejamos claros: a IA não vai salvar sua empresa se ela for apenas mais um modismo empurrado de cima para baixo. Aliás, ela pode ser o fim dela. Organizações que tratam a IA como uma solução mágica vão apenas acelerar seu próprio colapso, expondo processos falhos e uma cultura que não suporta a inovação de verdade. No final, não será a falta de IA que derrubará sua empresa, mas a incapacidade de saber o que fazer com ela.

Rafael Sousa

Especialista em Aprendizagem Corporativa | Liderança em Desenvolvimento de Talentos | Gestão Estratégica de Projetos com Certificação 6Ds e Green Belt | Soluções que Potencializam Resultados Organizacionais

3 m

Excelente reflexão, a IA ela pode ser o meio mas não será o fim ela é apoio e todos devem estar embarcados nela.

Monica Esteves, M.Sc.

Sócia Diretora na Proengys / Arquiteto de Aprendizagem / Mentora / Coach / Conselheira da ACRJ e Brasil Digital

3 m

Excelente texto Felipe. Suas ponderações são muito pertinentes ao enfatizar que a IA não vai resolver os problemas, mas será uma aliada e que todos deveram participar desta transformação.

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