Porter x Potter: técnica e magia no campo da estratégia
Em minhas aulas, sempre que comentava sobre algum dos conceitos de um dos grandes nomes dos Estudos em Estratégia, mais especificamente da Escola do Posicionamento, termo vindo do "Sáfári de Estratégia", de Henry Mintzberg e seus colaboradores, tinha que parar para refletir e evitar confundir com o nome do bruxo das histórias de J K Rowling. Até por isso mesmo, sempre brinquei com os dois nomes nas aulas. Acho até que se parecem fisicamente. Mas, se faço o trocadilho, não daria para fazer uma reflexão acerca disto?
No mundo corporativo, apesar das polêmicas e críticas, não parece haver dúvidas da importância de Michael Porter, em particular ao se tratar de Estratégia Competitiva, sendo um dos representantes de uma corrente bastante sistemática e formal. Ele, inclusive, que é contra o experimentalismo estratégico, “não funciona”, disse.
Por outro lado, Harry Potter representa, por sua história e a dos demais personagens, o lado “mágico” em sua forma geral, mas também da “coragem”, em sua forma particular. Transplantando isto para o "Mundo Corporativo", a mágica transcende o racionalismo e seus modelos, representa o “sair do quadrado”, o “aprender com outras formas de conhecimento, inclusive o ético-prático, com virtudes morais. Uma delas, a coragem, faz lembrar uma cena do primeiro filme da saga, o do “jogo de xadrez de bruxo”.
Sugere-se aqui a oportunidade de complementar a capacidade técnica estratégica (Ron), a sistematização de conhecimentos explícitos (Hermione) e a coragem, liderança e senso missionário, e outras qualidades vindas com a experiência (Harry). Assim, a capacidade técnico-estratégica e o próprio conhecimento explícito acumulado e análise de dados realizam-se de forma mais eficaz se a experiência for vivida, com determinação e confiança no propósito a alcançar. Tal integração pode ser a chave para um resultado mais sustentável, o que talvez possa contrariar as convicções do “honorável guru da "estratégia".
A estratégia, então, envolve uma série de requisitos. A capacidade racional-analítica e a gestão das informações estratégicas geram o conhecimento necessário para uma melhor tomada de decisão e leitura do ambiente competitivo. Entretanto, há mais. Há de se ter a capacidade de “ajustar o avião no voo”, de aprender com a experiência, a não se afastar dos propósitos e ter coragem de enfrentar, com determinação, as adversidades e desafios que vierem a se interpor, de usar o “poder pessoal”, mesmo a própria intuição. Aí, “a tal mágica aparece” e não está, de modo algum, incompatível com o racional.
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Aliás, voltando a Mintzberg e seu safári, ele não deixa de sugerir que a estratégia é integradora, holística, com influências diversas em uma síntese particular para cada caso organizacional (ou de redes organizacionais), em um "complexo processo de mudança e transformação" ..., mais "mágica"? Essa "mágica" que fará "sair da cartola" o elefante rodeado por cegos, mostrado por Mintzberg no início do livro, nunca identificado quando tomado por uma perspectiva (escola de pensamento estratégico), mas que, quando unida às demais, faz-se revelar.
Uma abordagem deste tipo claro, merece indubitavelmente vários cuidados e senões para não gerar leviandades, embora uma rápida busca pela internet venha a encontrar textos sugerindo o que sugeri aqui. Portanto, levando em conta grandes casos de sucesso de estratégia, não seria fora de questão que os executivos e demais líderes destas empresas não tivessem chamado apenas Porter para conversar, certamente pagando muito dinheiro. Talvez tenham também saído juntos com Potter, de vassoura e varinha, para enfrentar desafios com forças que estão além das mostradas e “imortalizadas” pelo famoso teórico em estratégia competitiva. Não seria isto mais um "tipo de mágica"?
Então? Porter ou Potter? Ou seria Porter versus Potter? Ou então, Porter e Potter?
Saudações a todos!
Especialista e Professora em Marketing Digital e de Conteúdo | Estrategista de Mídias Sociais
5 mMuito interessante o artigo professor! Obrigada por compartilhar!
Américo, parabéns pela ousadia de fazer um paralelo entre o real e o imaginário da gestão. Afinal o imaginário precisa também de pitadas de gestão para funcionar. O seu criativo texto não apenas enriquece a compreensão das teorias estratégicas tradicionais, mas também abre caminho para uma nova forma de pensar sobre estratégia e liderança, mais integrada e menos limitada pelo puramente racional.
Administração l Financeiro l Tesouraria l Contratos l Direito Empresarial l Contas a Pagar e Receber | Projetos
5 mPorter e Potter seria o ideal, nè, prof? Pq tem muito sòcio de micro empresa e empresa de pequeno porte, do tipo organização familiar, que despreza a teoria, despreza o conhecimento em Administração e aplica sua gestão "por instinto", praticando barbaridades, destruindo todo o potencial do negócio.
Gerente de serviços na Elevadores Atlas Schindler | Gestão Comercial e Serviços
5 mOlá meu amigo, eu adoro esses seus artigos… não teriam nele um pouco de Porter e um pouco do Potter ? Isso é magia, pegar ingredientes comuns e transformá-los em uma experiência: Para o aluno, o colaborador e para o cliente. Continue nos encantando : )
Advogado Empresarial, Industrial, Marítimo e Portuário, Conselho Deliberativo e Administrativo, Consultor (ESG), Relações Públicas, Inteligência Artificial, Comunicação Assertiva.
5 mMuito interessante!