Práticas de envolvimento e balanço trabalho-vida

Práticas de envolvimento e balanço trabalho-vida

Em 1977, Rosabeth Moss Kanter com “o mito dos mundos separados” veio abrir caminho para o inadiável olhar para a relação trabalho-vida. A partir daí a investigação tem mostrado que o balanço trabalho-vida é fulcral para a criação de ambientes de trabalho saudáveis. Procuram-se hoje organizações que oferecem o melhor suporte à relação trabalho-vida. A investigação tem ido além das designadas práticas amigas das famílias promotoras de balanço trabalho-vida percebendo que, muitas vezes, os trabalhadores são relutantes no seu uso. Procurando compreender outras (ou complementares) formas de se conseguir um ambiente de trabalho-vida saudável surgem as práticas de envolvimento, as conhecidas High Performance Work Systems. Fazendo parte de uma gestão estratégica de recursos humanos estas práticas procuram, de forma interdependente, criar mecanismos de envolvimento dos trabalhadores através de, por exemplo, partilha de poder de decisão, trabalho em equipa, treino de competências, trabalho por objectivos e recompensas. Organizações que fazem uso destas práticas têm sentido os seus trabalhadores mais motivados, participativos, notando igualmente o desenvolvimento das suas competências. Estudos mostram que estas práticas conduzem não só a benefícios para as organizações que ganham ao terem trabalhadores na sua melhor performance mas também para os trabalhadores que ganham novos recursos e têm maior bem-estar. Além disto, estudos recentes mostram que as práticas de envolvimento ou High Performance Work Systems contribuem positivamente para um balanço trabalho-vida através da relação negativa que parecem ter com o conflito trabalho-vida mas também pela relação positiva com a dimensão positiva desta relação, o enriquecimento trabalho-vida. Concretamente, num estudo realizado em contexto português com trabalhadores bancários (Carvalho & Chambel, 2014) verificou-se que estas práticas contribuem para a criação de ambientes de trabalho saudáveis com menos exigências, mais autonomia e suporte das chefias e que estes ambientes contribuem positivamente para o balanço trabalho-vida. Outro estudo realizado em contexto português com uma amostra de trabalhadores de uma Câmara Municipal (Carvalho & Chambel, 2015) mostra que as práticas de envolvimento promovem directamente o balanço trabalho-vida que, por sua vez, está associado a menos burnout e mais engagement. Em conclusão, fica a sugestão de que as organização devem olhar para diferentes prismas ao procurarem criar uma relação trabalho-vida salutar, entre eles, a necessidade de apostar em práticas de envolvimento.

 

Referências:

Carvalho, V. S., & Chambel., M. J. (2015). Perceived high-performance work systems and subjective well-Being: Work-to-family balance and well-being at work as mediators. Journal of Career Development, 17, 1-14. doi: 10.1177/0894845315583113 

Carvalho, V.S., & Chambel, M., J.  (2014). Work-to-family enrichment and employees’ well-being: High Performance Work System and job characteristics. Social Indicators Research, 119, 373-387. doi:10.1007/s11205-013-0475-8

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