Precisamos falar de Esgotamento Profissional
Esgotamento mental, insônia, isolamento e fadiga, foram alguns dos sintomas que me acompanharam pelo mês de Janeiro inteiro.
Acabara de voltar de 14 dias viajando pelo litoral, em clima de renovação de votos do casamento, visitando praias paradisíacas no litoral de Santa Catarina (ah que saudade de Bombinhas), e o sentimento que me perseguia era: Por que é que ainda sim me sinto tão cansada? Deve ser a viagem de carro, excesso de preocupações do ano que passou, primeiras contas do ano.. as desculpas eram todas muito "justificáveis", mas ainda sim, lá no meu interior eu sabia que não se justificava tamanha insônia para uma profissional na arte de dormir longas horas.
Para entender, o que na época eu não conseguia enxergar, precisei voltar há alguns meses antes deste Janeiro tão cansativo. Em setembro passei por um rompimento em uma sociedade, uma crise conjugal, mudança repentina de trabalho, de nicho de atuação além de uma completa mudança no círculo social. Setembro, outubro e novembro foram meses enfiada em casa com o computador no colo e celular na mão, para fechar o ano no positivo e planejando o lançamento do meu treinamento no novo nicho, para o início do ano de 2022.
Já havia co-produzido meus últimos 07 lançamentos no nicho de Emagrecimento com meu antigo sócio, mas seria a primeira vez sozinha, em outro nicho, restabelecendo problemas pessoais, gerenciando 5 perfis como Social Media e precisando aprender coisas que negligenciei porque "eu tenho um sócio que cuida disso".
Ou seja, você que assim como eu, vê o panorama completo, entende porque Janeiro já dava ares de fim de ano e não o renovo de início de ano. Fui para praia os 14 dias com o celular "on e roteando", fiz gestão de tráfego da areia, contratação de equipe na mesa do restaurante, criei anúncio em meio a viagem e mal eu percebia, mas 110% da minha energia estava sendo sugada enquanto eu tentava "recarregar". Chego a minha cidade, e aí, com data marcada para o lançamento já em Fevereiro, o trabalho atingiu níveis inimagináveis de doação, "suação", mas em meio ao furação, só conseguimos enxergar o caos ao redor e tentamos, sem sucesso algum, dar conta de tudo sozinha.
Mas voltemos aos sintomas.. Fevereiro inicia e em 14 dias precisaria estar com toda energia para fazer um lançamento ao vivo para cerca de 1000 pessoas inscritas. Como era de se esperar, eu não tinha mais ânimo algum de prosseguir com meus treinos (que já estavam abandonados desde metade do mês de Janeiro), alimentação era o famoso "o que dá pra engolir mais rápido", o sono não vinha, meu estômago queimava demais, mas eu me tranquilizava com o É NORMAL SENTIR ANSIEDADE AGORA.
Mas o que começou a me acender o alerta, foi que a essa altura, pensamentos intrusos começaram a fazer mais parte do dia a dia. Negatividade constante, sentimentos de incompetência, sentimento de derrota iminente, dificuldade de concentração e só conseguia pensar em uma coisa: "ah, lá vem a Síndrome da Impostora acometer mulheres as vésperas de grandes eventos."
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Para encurtarmos muito a história, o lançamento passou, vendi muito mais do que imaginava, tivemos 70% de presença no evento ao vivo, os elogios chegavam aos montes e quando encerramos as vendas pensei ter chegado o momento da grande guerreira descansar sua espada cansada e renovar sua energia. Oras, se tudo tinha dado certo, evento passado, contas pagas, era óbvio que se era mesmo a Síndrome da Impostora, eu logo estaria de volta.
Mas não foi isso que aconteceu. Após o lançamento, estados depressivos se tornaram constantes, o sono continuava a não vir, meu pensamento entrava em verdadeiros loopings de possíveis tragédias, de dar errado, de a vida literalmente acabar. Minha cabeça não descansava e não conseguia reagir; não conseguia ver mais graça em nada, não queria ver ninguém e foi então que me dei conta de que havia sido tomada por uma Síndrome sim.. mas não a da impostora e sim a do Esgotamento Profissional, ou comumente chamava de Burnout.
Segundo o Ministério da Saúde, em seu site oficial, "A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir. Essa síndrome pode resultar em estado de depressão profunda e por isso é essencial procurar apoio profissional no surgimento dos primeiros sintomas."
Desde então fui correr atrás de fazer o que precisa ser feito, psicoterapia, atividade física, uma alimentação e sono adequado, além de ter colocado a leitura e algumas séries em dia.
Confesso que não foi fácil, principalmente quando se trata de uma "eupresa", mas como diz o ditado: A diferença entre remédio e veneno está na dose. E há um mês sinto minha criatividade voltando, a sensação de leveza e principalmente entendendo que nenhum sucesso profissional, vale a minha saúde mental.
Andréa Chociay