PRESENTEÍSMO E ABSENTEÍSMO

PRESENTEÍSMO E ABSENTEÍSMO

As duas maiores possibilidades de fracasso de uma empresa estão concentradas em duas frentes Clientes e Equipe. O jeito mais simples de um cliente falir uma empresa, é simplesmente deixando de comprar ou negociar com eles e ainda considerando essa condição, do outro lado temos um outro fator relevante, a Equipe de Trabalho, que se no desempenhar das suas funções, deixar de se tornar produtiva, o resultado não será nada bom. Acreditamos que nesse sentido, a "responsabilidade" sobre o Sucesso de um negócio se concentra 70% no relacionamento com o cliente e 30% no comprometimento da equipe, quando algum destes não caminha bem, o risco que o negócio corre costuma ser muito alto e as consequências podem ser desastrosas.

Com base nessa situação provável, no meio corporativo existem alguns temas que há tempos são alvos de constantes estudos, sendo parte de tentativas que tem como finalidade oferecer a possibilidade de minimizar os riscos de fracasso de um negócio e ao mesmo tempo potencializar as suas chances de Sucesso. O principal motivo dessa preocupação é que alguns temas são considerados como os grandes causadores de polêmicas e conflitos dentro do próprio ambiente de trabalho, o que tem prejudicado e muito o desenvolvimento dos negócios. E o que pode ser considerado uma experiência ruim para alguns, para nós tem sido uma escola transformadora, onde pudemos lidar com o problema destas empresas e criar soluções mais eficazes, o que vem contribuindo diretamente para desenvolvermos ações e táticas que estão sendo fundamentais para alcançar um nível diferenciado em nossas consultorias. Pouco a pouco vimos aprendendo como lidar com a complexidade do mercado, como por exemplo que os padrões não se aplicam e que as especifidades são detalhes esclarecedores para providenciar soluções. A verdade é que em cada oportunidade agregamos algo a nossa base de conhecimento, sendo justamente essa composição que vem nos proporcionando tratar com propriedade alguns assuntos, inclusive aqueles que podem mudar a condição de uma empresa e permitir que sejam traçados novos direcionamentos sem grandes esforços ou sem que haja a necessidade de altos investimentos.

Neste artigo vamos falar sobre dois temas presentes em 99% dos negócios, o presenteísmo e absenteísmo. Vamos começar pelo presenteísmo que pode ser observado quando o funcionário mesmo estando presente na empresa, por alguns motivos não consegue apresentar um bom trabalho, o que torna impossível desempenhar suas tarefas de forma produtiva. Entre os fatores mais comuns para esta situação, acreditamos que o colaborador pode estar sendo mal aproveitado no seu setor ou até mesmo realizando tarefas com as quais não se identifica, o que contribui para que esteja desmotivado, deixando de produzir o esperado e de certa forma, comprometendo o bom andamento do negócio. Apesar de parecer algo bem simples, quando analisamos a condição emocional dos colaboradores, entendemos que o seu estado atual é resultado de problemas pessoais - emocionais e/ou familiares, entre outros, como também por problemas interpessoais, que se agravam conforme o tempo passa. Existem casos que comprovam que um colaborador desmotiva e que se sinta mal aproveitado ou até mesmo pressionado pelos seus gestores, é capaz de influenciar negativamente o comportamento de toda uma equipe, prejudicando a produtividade dos demais e consequentemente, da organização.

Existem casos em que o presenteísmo causa mais prejuízo financeiro para a empresa do que as quedas eventuais em alguns períodos do ano. Isso porque considerando as características do presenteísmo, ainda que esteja presente fisicamente, toda a atenção do colaborador estará concentrada em um outro lugar, resultando em ações ineficientes e até mesmo causando acidentes com vítimas ou apenas danos matérias por não estar atento. O que mais torna preocupante nestes casos, é que se tratam de problemas difíceis de serem diagnosticados a tempo, tanto pela resistência do próprio colaborador em aceitar ou assumir esta condição, como também pelo trabalhoso processo que implica em analisar a situação e colher informações suficientes para incluir este funcionário em programas capazes de ajudá-lo, como forma de possibilitar que ele tome consciência do "problema" e esteja disposto a posteriormente recuperar sua capacidade e seu potencial, voltando a contribuir para o crescimento da empresa e o mais importante, voltar a se sentir parte do negócio.

Não é regra ou obrigação dos gestores fazer com que o local de trabalho seja uma extensão da casa do colaborador ou até mesmo algo prazeroso, mas é fato que algumas características podem tornar o ambiente mais dinâmico e produtivo, desde que a equipe também perceba que é reconhecida e que o seu bem estar é também de interesse da empresa. Existem estudos muito amplos, que apontam que todos os negócios que realmente estão interessados em aumentar gradativamente a sua produtividade, precisam estar atentos a situação e estado no qual se encontram os seus colaboradores, independentemente da sua ligação com a empresa, o que envolve todos os demais envolvidos no negócio, como por exemplo os fornecedores, etc. Atualmente algumas empresas vem investindo alto na descoberta de novos talentos internos, ou seja, identificar funcionários que apresentem qualificação ou disposição para executar outras tarefas dentro do negócio, enquanto outras investem em cursos de qualificação e treinamentos com o objetivo de adequar os funcionários as suas necessidades ou até mesmo para que seja possível criar a condição de promoção interna, beneficiando aqueles que realmente estão dispostos a contribuir com os resultados.

Em meio as propostas estudadas e aplicadas, é importante que exista um olhar para a adequação e harmonização do ambiente de trabalho, para que todos os processos relacionados a prover uma experiência mais amistosa, venham surtir os efeitos esperados. A implantação de técnicas e ações capazes de motivar o funcionário a ter prazer em ser parte da empresa e realmente vestir a camisa, é a forma que implica menos investimentos para o alcance de metas e objetivos traçados, afinal o ambiente de trabalho não pode ser visto apenas como um ambiente profissional, mas especialmente como uma extensão da sua vida no geral, permitindo criar sinergia através de um relacionamento mais harmonioso entre todos os colaboradores e em especial, na sua concepção pessoal de importância percebida sobre o negócio e sobre a atenção as suas expectativas.

Dê o seu Melhor ... ou Nada

Entenda que estar presente no trabalho mas sem o engajamento e comprometimento necessário é não apenas improdutivo, mas de certa forma prejudicial. Não adianta ter toda a condição de fazer o melhor, se este não for o real interesse dos envolvidos ou se a equipe não estiver motivada para apresentar uma performance exemplar. Quando estamos dispersos, a falta de concentração ou interesse pela tarefa a ser desempenhada, pode ocasionar na perda de produtividade e desempenho, chegando em alguns casos a pontos irreversíveis, onde dispensar o profissional responsável pela queda, se torna a única alternativa. Apesar de parecer algo complexo quando se trabalha em equipe, mensurar os resultados do funcionário que está presente fisicamente mas sua atenção não, é algo bem simples, em algumas situações basta criar relatórios de desempenho ou delegar funções específicas, para que sejam comparados aos resultados dos demais. Em casos mais complexos, uma reunião com os demais funcionários da equipe, poderá apontar a raiz do problema, ou seja, onde está ocorrendo o presenteísmo.

Acredita-se que um dos agravantes do presenteísmo tem forte relação com a saúde física e emocional do colaborador, mostrando que por si próprio, não vem sendo dada atenção necessária à sua saúde e assim, aumentando as chances do problema piorar. Pensando nessa condição, algumas empresas passaram a investir em ações e programas de prevenção e com isso vem sendo possível identificar situações logo na sua fase inicial - um momento onde as questões são mais simples de se "tratar" ou até mesmo que oferecem programas para atender os seus colaboradores. O objetivo destes trabalhos é através dos estudos sobre psicodinâmica do trabalho, estudar causas e fatores relacionados ao adoecimento e/ou desmotivação do trabalhador, que por sua vez causam o presenteísmo e o absenteísmo, relacionando-os aos conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho, da Prevenção dos Problemas relacionados a Saúde do Trabalhador e da Potencialização dos Fatores Sinérgicos nas Empresas.

É fato que o trabalho pode se tornar ou com o tempo ser modificado, se tornado fonte de êxtase ou frustração, pode vir a promover felicidade ou dor para os envolvidos, mas não podemos deixar de dizer que essa é uma relação extremamente pessoal, ou seja, a definição quanto o seu significado ou a sua representação só poderá ser criada pelo o próprio indivíduo, sendo essa uma condição provisória e passível de mudanças causadas por inúmeros fatores. Essa afirmação se baseia na possibilidade de que mesmo ocupando um mesmo cargo ou desempenhando uma mesma função, a condição é capaz de um trabalhador sentir-se plenamente satisfeito, enquanto para outro isso se tornará frustração e desgosto.

Uma Condição Humana

O ser humano apresenta características únicas, o que faz com que cada um tenha uma reação diferente às situações vivenciadas, onde o sentimento de prazer ou sofrimento vai resultar no modo como cada um deles encontrar para lidar com os conflitos. A mente humana é capaz de criar os mecanismos que transformam as situações causadoras de sofrimento em algo motivador. Segundo a psicodinâmica, o trabalho pode ser uma fonte de prazer quando o vencemos as pressões e os obstáculos da carreira ou do ambiente de trabalho, alcançando os objetivos, tendo o seu trabalho reconhecido e alcançando o sentimento de realização ou em outros casos de sofrimento, quando no trabalho os sentimentos são resultados da frustração causado pelas expectativas geradas e não alcançadas, da insatisfação das necessidades que não puderam ser supridas e até mesmo da pressão sofrida, cobranças e temores. Segundo Freud, o trabalho pode ser considerado como fonte de prazer quando o indivíduo pode escolhê-lo livremente e quando essa escolha é acertada, ou seja, tendo plena consciência das suas inclinações e habilidades naturais, criando as condições para se escolher trabalhar em algo pelo que é apaixonado. Lembrando que isso também implica em se estar devidamente capacitado para desempenhar a função com excelência, para que com o tempo a realização não se transforme em frustração ou obrigação.

Quando uma organização se mostra excessivamente rígida e o clima organizacional pressiona os seus colaboradores, fazendo com que não consigam oferecer o seu melhor ou realizar o trabalho adequadamente, por sentirem que o relacionamento com a empresa não os valoriza ou reconhecem, isso contribui para que compreendam a dificuldade em lidar com as situações causadoras de sofrimento, seja pelo modelo de organização do trabalho ou até mesmo por limitações internas, tornando fácil identificar vestígios do presenteísmo dentro do ambiente corporativo, o que traz consequências devastadoras. O presenteísmo é um desvio nos padrões comportamentais esperados do trabalhador, que passa a apresentar características que compromete o seu desempenho, sua produtividade e especialmente a qualidade do trabalho executado, resultando numa piora gradativa.

Apesar de um assunto não muito novo, o conceito de presenteísmo é pouco estudado, porém existem estudos bem conduzidos, demonstrando que os impactos na produtividade alcançam níveis altíssimos, podendo causar muito mais prejuízo às organizações, devido a atenção dispersa, a falta de engajamento e constante desmotivação, que comprometem o bom andamento das atividades da organização. No presenteísmo encontramos uma estreita relação com a falta de motivos para ser um funcionário melhor ou mais comprometido com o negócio e os fatores envolvidos na origem do presenteísmo corporativo estão diretamente relacionados ao sentimento de insegurança no trabalho, a pressão e desvalorização vivenciada, ao volume de trabalho excessivo, assim como a vários outros fatores que compõe os assuntos de organização do trabalho. Cada modelo específico de organização contém elementos correspondentes ou contraditórios, que vão facilitar ou dificultar ao colaborador a manutenção ou promoção dos cuidados da sua saúde física e mental.

É crescente o caso de presenteísmo corporativo devido a dificuldade dos profissionais em encontrar significado no seu trabalho ou profissão, o que vem contribuindo diretamente para que muitas das expectativas destas pessoas sejam frustradas, causando sofrimento pela necessidade e obrigação de aceitarem executar algumas tarefas, não por escolha pessoal, mas por saberem que precisam do emprego. O medo de perder espaço em ambientes competitivos, que os leve a sair do mercado e a possibilidade de não conseguir mais ingressar no meio, contribuem para que as pessoas se sujeitem a situações desgastantes, concordando com o subdimensionamento e com o acúmulo de funções, fazendo com que se prendam a insistência em ter que ir trabalhar, porém sabendo que não terá estímulos ou que apresentará real capacidade de produzir, oferecendo então um trabalho de baixa qualidade e performances de rendimentos insatisfatórios e até mesmo questionáveis.

Presenteísmo?! Não Obrigado!!!

Como o Presenteísmo origina-se de diversos fatores, dessa forma a sua prevenção também prescinde da combinação dos esforços entre empresas e colaboradores. Estudos da Organização Mundial da Saúde apontam que saúde, bem-estar e segurança no trabalho são aspectos fundamentais para a produtividade, a competitividade e a sustentabilidade das empresas, isso significa que os gestores que não se atentarem a estes detalhes, vão enfrentar graves problemas de pessoal no médio e longo prazo. Um outro ponto interessante parte das diretrizes da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador onde são mencionados a proteção e promoção da saúde do trabalhador, como forma de buscar influenciar uma nova maneira de enxergar a saúde do trabalhador, não se atentando apenas ao cumprimento básico das normas regulamentadoras, mas através da construção de ações e propostas de investimento relacionadas a saúde do trabalhador, como sendo um investimento associado ao próprio potencial de lucratividade dos negócios.

Nesse sentido a prevenção pode se inicia pelo próprio funcionário, que deve estar atento à sua saúde física e emocional, priorizando a qualidade de vida. Se tratando de cunho pessoal, somente a pessoa diretamente envolvida é capaz de identificar a necessidade de se fazer uma análise sobre o seu estado pessoal e profissional. Se tratando dos assuntos corporativos, o profissional deve buscar entender alguns pontos, para que seja possível identificar o seu nível de satisfação com o próprio trabalho ou profissão, buscando também descobrir se existe identificação referente a organização, se tem afinidade com o trabalho executado e especialmente se encontra sentido e realização na sua atividade profissional.

Por outro lado, as organizações precisam imediatamente rever o seu modelo de negócio e criar programas de atenção a saúde dos seus colaboradores, com a finalidade de criar melhorias relacionadas a organização do trabalho, buscando desburocratizar processos e diminuir sua rigidez, dando lugar à valorização e reconhecimento da criatividade dos funcionários, incentivando novos talentos e os aproximando do negócio, como forma de fomentar a gestão participativa, permitindo a transformação do sofrimento em prazer e favorecendo o engajamento do colaborador na realização do seu trabalho, além de criar ambientes onde a interação entre os membros da equipe aconteça sem muito esforço, fortalecendo os laços e a confiança entre os envolvidos. Estes são processos simples e de baixo investimento, possíveis através da implantação de medidas e estratégias que buscam capacitar gestores para uma gestão mais humana, onde as características de cada indivíduo, suas capacidades cognitivas, criatividade e principalmente as suas diferenças, possam ser aproveitadas e valorizadas, contribuindo para a criação de um ambiente organizacional muito mais satisfatório e consequentemente, para a criação de uma empresa mais produtiva.

Atenção Gestores

Entenda que o presenteísmo acontece silenciosamente no ambiente de trabalho e em muitas ocasiões a sua fase inicial pode passar despercebido. Os gestores precisam entender os sintomas e aprender a lidar com esse tipo de ação, para que a partir da sua identificação, sejam criado mecanismos de "ataque". O desejo de se livrar das tarefas ou a preocupação em entregar o serviço, sem se preocupar com a qualidade daquilo que vem sendo realizado, são algumas das características mais desastrosas para uma empresa. Existem estudos que comprovam que colaboradores que contam as horas para deixar a empresa ou conduzem a rotina com desinteresse, aumentam a probabilidade de oferecer produtos ou serviços de baixa qualidade, além de causar possíveis erros e até mesmo problemas mais graves para a organização. O mais preocupante é que a falta de profissionalismo e comprometimento de poucos, acabam se tornando altamente prejudiciais para todos os envolvidos nos processos, devido os portadores do presenteísmo, impossibilitarem que o trabalho possa fluir do jeito adequado, sobrecarregando e afetando a estrutura organizacional, gerando desgaste para o grupo e prejuízos para a empresa. Conheça os sintomas do Presenteísmo:

  • Falta de Produtividade ou Queda na Produtividade
  • Falta de Motivação
  • Trabalho Acumulado
  • Não Cumprimento de Metas e/ou Prazos
  • Maior Incidência de Acidentes
  • Falta de atenção às Tarefas pertinentes ao Cargo
  • Reuniões Improdutivas
  • Falta de Participação ou Envolvimento
  • Discussões sem Motivo e aumento dos Índices de Conflitos Interpessoais

Na busca para corrigir e até mesmo se prevenir ou antecipar a estas situações, é necessário que sejam criadas ações capazes de incentivar a autoavaliação quanto ao estilo de vida de cada colaborador, associando estas informações através da promoção de protocolos técnicos sobre ética, boa conduta profissional, nível de stress, hábitos, vícios, etc. Os programas devem estar diretamente ligados a qualidade de vida pessoal e profissional do colaborador, baseado em ações sob medida, resultando no mapeamento em que sejam apresentados todos os pontos que necessitam de uma maior atenção. O investimento em qualidade de vida beneficia os colaboradores e a organização, além dessa forma os gestores demonstrarem que estão preocupados com o estado emocional e valorizam o seu pessoal.

Uma Fuga?

Quando diagnosticado o presenteísmo corporativo, pode ter certeza que se não tratado do jeito correto, a próxima experiência será o absenteísmo, que caracteriza-se pelo fato de o trabalhador deixar de comparecer à empresa, conforme a freqüência exigida, por vários motivos como por exemplo a indisposição para o trabalho em determinados dias, a insatisfação com a atividade que exerce ou com o salário que recebe, além de motivos mais ligados as questões pessoais e familiares. Essas são características que prejudicam bastante a imagem e igualmente a sua aceitação na empresa, podendo culminar até mesmo em demissão num curto espaço de tempo. Considerado um oneroso problema sócio econômico e causador de grandes perdas no que diz respeito a produtividade do negócio, o absenteísmo tem sido alvo de atenção e preocupação das organizações, por apresentar características que prejudicam tanto o trabalhador como o negócio em geral.

Com base nas informações e estudos apresentados pela Organização Internacional do Trabalho, absenteísmo é o período de ausência laboral atribuída à incapacidade do indivíduo, exceto alguns casos relacionados saúde, limitação e imposição. Um pouco diferente do presenteísmo, no caso do colaborador que apresente problemas relacionados ao absenteísmo, normalmente é realizada a sua substituição imediata por outra pessoa que desempenhará suas funções enquanto estiver ausente, caso não seja demitido.

Cientificamente falando ...

Neste campo os estudiosos se dividem em alguns grupos bem conflitantes. Enquanto uns consideram o absenteísmo como um escape do trabalhador em busca do equilíbrio diante da insatisfação no trabalho, assim, podemos entender o absenteísmo como uma forma de resistência às características insalubres do trabalho, outros o entende como um sinal de desequilíbrio, sendo que os altos índices de absenteísmo estão relacionados, às síndromes psicológicas vinculadas ao desgaste do trabalhador nos processos de trabalho, à precarização do trabalho e correlatos. Inicialmente o absenteísmo pode ser apresentado em 4 tipos:

  • Absenteísmo legal – as faltas ao serviço são amparadas na lei.
  • Absenteísmo compulsório – definido como impedimento ao trabalho, ainda que o trabalhador não o deseje, por suspensão imposta pelo patrão, por prisão ou outro impedimento que não lhe permita chegar ao local de trabalho.
  • Absenteísmo voluntário – é a ausência do trabalhador por razões particulares, não justificadas por doença, em amparo legal.
  • Absenteísmo por doença ou patologia profissional – inclui todas as ausências por doença ou procedimento médico e odontológico, compreendendo ainda as ausências por acidente de trabalho ou doença profissional.

Os níveis de absenteísmo variam consideravelmente de organização para organização, dificultando a formalização de um padrão classificatório ou de estudo, devido apresentar causas e consequências muito específicas, normalmente relacionadas à capacidade e a motivação do colaborador em ir para o trabalho, entre outros fatores, denominados internos e externos que podem ser representados pelos seguintes aspectos:

  • Desinteresse pelo Serviço
  • Falta de Identificação com a Função ou Serviço
  • Conflito com os Valores da Empresa
  • Assuntos Pessoais
  • Doenças Crônicas
  • Doenças Ocupacionais
  • Vícios
  • Sedentarismo
  • Eventualidades
  • Falta de Motivação
  • Rotina ou Tarefas que ferem os Próprios Princípios
  • Atitude mental do indivíduo influenciada por fatores psicológicos, sociais, econômicos ou pelo julgamento de outras pessoas
  • Organização do Trabalho – Jornadas de trabalho longas, ociosidade, tarefas repetitivas, sobrecarga de trabalho, excesso de controle; excesso de burocracia; excesso de normatização, falta de autonomia, metas inatingíveis e/ou individualizadas, dificuldades de ascensão profissional, pressão psicológica
  • Condições de trabalho - precariedade das instalações, falta de ergonomia, falta de reciprocidade institucional, salário incompatível com o nível de responsabilidade, falta de perspectiva de crescimento na carreira
  • Clima organizacional – Falta de confiança, ambiente hostil, conflitos pessoais não resolvidos, assédio moral, assédio sexual, lideres autocráticos, alta competitividade interna, falta de oportunidades de aprimoramento, violência psicológica (amedrontamento, ofensas e intimidações por superior ou colegas, intrigas, fofocas)

Os maiores casos de absenteísmo estão relacionados aos indivíduos que trabalham em uma área diferente daquela para a qual se formou. A detecção do problema se dá pela análise de cada caso e pelos seus históricos. A tabulação dessas informações resultará no mapeamento das circunstâncias em que estão ocorrendo as ausências, dando a possibilidade de classificá-las. Essa classificação possibilitará à organização isolar a causa de ausência preponderante e fazer o gerenciamento para prevenir e minimizar.

Um Problema "Genericamente" Presente

O absenteísmo quando se torna constante nas empresas leva a ocorrência de vários tipos de problemas, onde todos os envolvidos diretamente e até mesmo indiretamente sofrem as consequências. Em alguns relatório que estudaram as condições e aspectos do absenteísmo, foram levantadas as seguintes consequências relacionadas a quem sofre a consequência e como isso afeta o desenvolvimento e a produtividade do negócio:

Empresa - menor produtividade, maior custo de produção, prejuízo na imagem institucional, descumprimento de prazos, queda de qualidade e possível redução de mercado.

Colaborador - prejuízo na sua imagem pessoal, impacto na avaliação de desempenho, perda de oportunidades e desenvolvimento.

Equipe de trabalho - sobrecarga do trabalho, insatisfação individual e do grupo, perda das expectativas do potencial do trabalho em equipe e falta de sinergia.

Clientes - perda da confiança na empresa, insatisfação, aumento de reclamações e aumento da possibilidade de procura pela concorrência.

Devido a todos estes impactos na força produtiva é que as empresas devem se empenhar em entender os problemas que envolvam os seus colaboradores, vindo a se esforçar para encontrar soluções que possam minimizar a ocorrência do absenteísmo. É fato que nenhuma organização conseguirá se manter sólida no mercado, sem ter uma força de trabalho saudável, motivada e principalmente produtiva. Ainda que as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho representem um grande custo para os negócios, contribuindo para que as empresas tenham seus custos aumentados e sua produção diminuída, acarretando sobrecarga nos demais trabalhadores que permanecem trabalhando, são os demais aspectos que mais prejudicam, em especial aqueles ligados as questões emocionais.

Apesar de quase impossível mensurar o que se perde com o absenteísmo, devido a infinidade de fatores envolvidos, considera-se no geral que em média para cada dia perdido o custo é de três dias de produtividade. Existe ainda o impacto relacionado a reação causada no negócio em geral, mais explicitado na equipe envolvida diretamente nos processos, influenciando negativamente no desempenho e em especial na motivação daqueles que têm que trabalhar mais para cumprir as metas, ainda que estejam desfalcados.

A abordagem científica que teve sua origem na Psicopatologia do Trabalho a partir do estudo da normalidade, busca compreender como os trabalhadores conseguem manter um certo equilíbrio, mesmo submetidos a condições de trabalho conflitantes, onde o objeto do trabalho são as relações dinâmicas entre a organização do trabalho e processos que resultam no desempenhar das funções e tarefas, com base nas estratégias de ação e prevenção das ações que causam frustração ou satisfação profissional. A análise se dirige aos processos que tornam possível a gestão social das interpretações do trabalho pelos indivíduos, em especial as condições nas quais o trabalho é realizado e que podem transformá-lo em algo agradável e fortalecedor da identidade, ou em uma experiência penosa e dolorosa, levando ao sofrimento. Esse sofrimento decorre do confronto entre as expectativas do trabalhador e as restrições das condições, relações sociais e organização do trabalho, que por sua vez são reflexo de um modo de produção muito específico, consistindo num procedimento de atribuição quanto ao sentido que o trabalhador constrói em relação à sua realidade.

Uma Questão Coletiva

A Psicodinâmica do Trabalho tem sua atenção voltada à coletividade de trabalho e não aos indivíduos isoladamente, a pesquisa de psicodinâmica do trabalho se desenvolve entrando no campo da vivência subjetiva do sofrimento e do prazer no trabalho. Em uma organização procura diagnosticar o sofrimento em situações de trabalho e as intervenções voltadas para a organização, se relacionando com o absenteísmo porque muitas vezes este se apresenta como um possível mecanismo de defesa que o trabalhador usa para se manter em equilíbrio. É provável que o absenteísmo aconteça por vários motivos já citados, mas os maiores índices estão relacionados ao excesso de trabalho, desgaste mental e físico ao desempenhar suas funções e nas dificuldades de relacionamento interpessoal, sendo estes fatores tão complexos que exigem um trabalho multiprofissional, estando diretamente associados ao desvio de função, insatisfação salarial, pressão hierárquica, falta de motivação entre outros.

O fato é que mesmo comprovado que cada indivíduo reage de maneira diferente diante das dificuldades próprias da função que exerce, as consequências quase sempre são refletidas no grupo envolvido. Neste ponto, cada um poderá estabelecer sua própria maneira de lidar com o conflito que pressupõe o trabalho, onde de um lado o ser humano dotado de um funcionamento psíquico com liberdade expressão e de imaginação com o instinto natural de buscar o prazer e fugir do sofrimento e do outro está a organização que submete o indivíduo a um determinado modelo rígido, constituído de imposições e restrições técnicas e normativas, caracterizando algumas formas típicas de sofrimento relacionados ao trabalho, que também podem ser interpretadas através:

  • da inexistência de reconhecimento – independentemente da condição, o trabalho sem reconhecimento é fonte importante de sofrimento.
  • do medo da incompetência – situações em que o trabalhador não consegue perceber se uma possível falha está na sua incompetência ou em problemas externos.
  • do individualismo – ambientes de trabalho sem contato social e sem cooperações importantes para o desempenho da tarefa, onde cada um trabalha apenas por si.

O Mal Contemporâneo

Vivemos um tempo de profundas e rápidas transformações socioeconômicas que provocam exacerbação da competitividade entre as organizações e inclusive entre as pessoas. Este contexto força as organizações a buscarem estratégias de contenção de custos operacionais objetivando produzir cada vez mais investindo cada vez menos. Isto se traduz em uma demanda por trabalhadores mais resilientes, isto é, que suportem altos níveis de pressão e demandas cada vez maiores, expressando ao mesmo tempo taxas crescentes de produtividade. O problema é que o trabalhador tem suas limitações, uma vez que o organismo humano não é projetado para viver sob constante pressão, mas para suportá-la por determinado tempo, assim, a organização que submete seus empregados a este tipo prejudicial de organização do trabalho, terá como consequência alta rotatividade e/ou altas taxas de presenteísmo e absenteísmo dentro das suas equipes. Dentre os fatores mais causadores de presenteísmo e absenteísmo estão:

  • Subdimensionamento – representa o dimensionamento deficitário da quantidade de funcionários necessária para o bom andamento do trabalho de acordo com o volume das demandas. Equipes mal dimensionadas geram sobrecarga de trabalho, levando ao presenteísmo, pois a solidariedade com os demais colegas força o trabalhador doente a ir trabalhar, situação que leva em consequência o absenteísmo.
  • Avaliação de Desempenho Discriminantes – Instrumentos de avaliação do desempenho usados como instrumento de dominação e intimidação. Criam-se critérios para a ascensão profissional, fazendo com que os trabalhadores se sintam obrigados a trabalhar mesmo doentes para não perderem as chances de promoção.
  • Estímulo à Competição Permanente – As possibilidades de promoção são escassas e pressionam os trabalhadores a competirem acirradamente entre si pela ascensão, criando um clima de desestabilização emocional e desfavorecendo a cooperação e a solidariedade que são fatores preciosos dentro do ambiente de trabalho.
  • Técnicas de Discriminação - Gestores utilizam frequentemente repreensões e favoritismos para dividir os trabalhadores, enfraquecendo as relações entre os colaboradores, criando suspeitas, rivalidades e perversidades de uns para com os outros. Transformando simples conflitos, em atos de pior consequência.

Se somente pessoas saudáveis têm boa produtividade, a organização do trabalho deve investir na construção de um ambiente propício à promoção da saúde do trabalhador. Onde a promoção da saúde ocupacional precisa começar no processo seletivo, a fim de alocar nos postos de trabalho o perfil de profissional mais adaptado àquela função e acompanhar o trabalhador ao longo de sua trajetória, monitorando e minimizando os riscos psicossociais, ergonômicos e biológicos. A Qualidade de Vida no Trabalho precisa assumir o seu posto como sendo um fator de grande preocupação das organizações, uma vez que é responsabilidade delas oferecer aos trabalhadores um ambiente de trabalho sadio que possibilite a satisfação dos trabalhadores com seu trabalho. O trabalho mais humano e a satisfação do funcionário com o seu trabalho são indicadores de um ambiente de trabalho adequado. O trabalho se humaniza na medida em que a função é adaptada às características das pessoas e não o contrário, assim, o potencial criativo e aspectos psicoemocionais são levados em consideração no momento da definição das estratégias de atingimento de objetivos das organizações. A partir da humanização do trabalho que pressupõe a valorização do indivíduo, a satisfação do trabalhador é uma consequência positiva.

As ações de Qualidade de Vida no Trabalho são um bom caminho para transformar o ambiente de trabalho mais humano e acolhedor das características individuais e das expressões de criatividade, solidariedade e cooperação, porém, são na maioria das vezes apenas um conjunto de ações que visam cumprir normas regulamentadoras, sem ter compromisso com o bem estar e saúde dos trabalhadores, prova disso são os índices de afastamentos do trabalho por motivo de saúde crescentes e o pouco investimento que é feito nestes tipos de ações. Em muitos casos, a organização do trabalho é doente e adoecedora e pouco se importa com o estado e qualidade de vida de seus trabalhadores. Para estes indivíduos a única saída é desistir do emprego em favor da sua saúde e da sua vida. Tais organizações não deveriam existir pois toda vez que o ser humano é submetido a condições laborais degradantes, ele abre mão da sua própria dignidade, ao se sujeitar a torna-se um escravo trabalhando apenas por necessidade sem tirar nenhuma satisfação da sua profissão. Então é isso! Bons negócios, um forte abraço e muito Sucesso!!!


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