PREVIDÊNCIA SOCIAL NA COREIA: problemas e soluções.
RESUMO
Esse trabalho teve como objetivo verificar a atual situação da previdência social na Coréia do Sul. Analisamos os problemas sociais e econômicos por ela causados e a forma que eles afetam a dinâmica demográfica do país. A filosofia Confucionista sempre foi muito presente na cultura sul-coreana, fazendo com que, dentre muitos outros, o hábito dos filhos cuidarem dos pais na velhice fosse comum no país. Entretanto, com a globalização e a mudança econômica no país, houvesse uma mudança nos padrões sociais. Essa mudança afetou diretamente os idosos e a questão da previdência privada, antes desnecessária. A efetividade do atual sistema previdenciário foi abordada, assim como uma alternativa a ele.
ABSTRACT
This article intend to analyze the current situation of the social security of South Korea. The social and economic problems caused by the lack of an effective social security are studies to verify their effects on the demographic dynamics. The Confucian culture has always been present in South Korea, being responsible for the habit of the children taking care of their senior parents. However, with globalization and economic growth that happened in the country, the culture has change in result of the contact with western countries. This change is affecting directly the senior people, making it necessary to create an effective social security unneeded before.
SUMÁRIO
2.1 A cultura familiar na Coreia do Sul 6
2.2 O Problema da Previdência Social 7
2.3 Consequências da falta de políticas públicas para idosos na Coreia do Sul 9
2.4 Como esses dados afetam a dinâmica demográfica: 11
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda os impactos da previdência privada na Coréia do Sul nas condições de vida de seus habitantes da terceira idade. Serão analisados o papel desempenhado pelo governo, que fornece assistência por meio da aposentadoria e dos filhos, que segundo a tradição confucionista, deveriam manter seus pais em idade avançada.
O trabalho apresenta as características da cultura confucionista e o papel desempenha no que tange à previdência social. O problema vivido por este sistema devido às mudanças na cultura e os danos sociais oriundos da inadequação dele.
A relevância das questões abordadas é visível, tomado as dificuldades enfrentadas pelos sul coreanos idosos que não vivem ou tem auxilio dos filhos. A renda em lares onde os idosos vivem com pelo menos uma pessoa adulta que trabalha é de 34.460 won, enquanto que a mesma em lares onde os idosos vivem sozinhos é 620 won anuais.
Este estudo apresenta dados inerentes às questões socioeconômicas dos idosos coreanos que recebem ou não auxílio social do governo. E a partir destas informações, objetiva verificar se o sistema de previdência social é efetivo nesse país.
No capítulo 3 são apresentados dados da cultura confucionista e seu impacto econômico e social na população da Coréia. Para tanto, foi utilizado como referencial teórico além de alguns artigos e livros, notícias que buscam denunciar o problema que aparenta ter começado em 2010, e, devido a atualidade do problema, a bibliografia ainda não é vasta. Por isso, o presente trabalho faz uso constante de dados para apoiar as afirmações. Há porém, uma concordância observada entre os autores existentes a respeito da causa da situação observada. A partir disso, é descrito o problema apresentado pelo sistema de previdência privada vigente no país. As consequências para a população e economia também serão discutidas, assim como para a demografia.
No capítulo 4 é exposta a conclusão do grupo a respeito do tema.
2. A PREVIDENCIA SOCIALNA CORÉIA DO SUL
2.1 A cultura familiar na Coreia do Sul
A filosofia Confusionista é um marco muito forte na cultura coreana, maior até do que na China ou no Japão. De acordo com SORENSON (2015), os valores confusionitas fundaram e constituíram a organização e os valores da família tradicional coreana. Para Confúcio e seus seguidores, um país só poderia alcançar a paz e a prosperidade se as famílias que o constituem fossem harmoniosas em sua organização e convívio.
Porém, esse convívio harmonioso e tranquilo na família, não é um resultado natural, e para que essa ordem seja alcançada, a família coreana seria formada por um tipo de monarquia familiar, na qual o homem mais velho regularia as regras de conduta e a posturas das mulheres e crianças.
Assim, segundo esta filosofia, os filhos têm como obrigação tratar respeitosamente seus pais durante toda a vida, cuidar quando estiverem idosos e, ao falecer, são responsáveis por todas as cerimônias referentes a sua cultura e religião. Isso acontece porque, desde o princípio de sua história, as crianças coreanas carregam um débito com seus pais, os quais foram responsáveis por da-los a vida e cria-los. Com esses atos, o débito poderia ser minimizado ao longo da vida de cada filho, porém nunca pago.
Mesmo quando casados, as filhas permaneciam vivendo com os pais, e os filhos se mudavam para viver com a família da noiva. Porém, mesmo se isso não viesse a acontecer e os filhos se mudassem, eles permaneceriam morando próximos para que a responsabilidade e obrigação de cuidar dos pais idosos não fossem afetadas.
Com a mudança da sociedade, as grandes famílias foram sendo cada vez mais raras, já que fazendas e grandes propriedades foram se extinguindo com o tempo e dando lugar às grandes cidades.
Segundo dados de 2005 da ONU, os filhos mais velhos passaram a mudar-se de casa para conseguirem empregos e a fecundidade caiu para baixo do nível de reposição (chegando a 1,26 entre 2010 e 2015), afetando a estrutura familiar tradicional.
De acordo com o departamento nacional de estatística da Coreia do Sul (KOSTAT), cerca de 55% das famílias hoje em dia são formadas apenas pelos pais e seus filhos. E apenas 6,9% são famílias que possuem três gerações, ou seja, avós, pais e filhos.
A prática de deixar seus lares e ter menos filhos tornou-se cada vez mais frequente e agravada na sociedade coreana. Anteriormente, os valores confucionistas deixavam os idosos assegurados quando não podiam mais trabalhar e precisassem de cuidados maiores, porque seus filhos tinham a consciência de sua dívida e nenhum plano de previdência social precisava ser implantado.
Atualmente, tendo maior contato com a cultura ocidental e sua influência cada vez maior dada pela globalização, e a menor importância aos valores confucionista. O impacto da cultura ocidental é ainda maior na Coreia do Sul devido suas relações políticas com os Estados Unidos, resultado de sua aliança durante a guerra das Coreias, dessa maneira os costumes americanos se tornam cada vez mais admirados pela juventude coreana por meio de filmes, seriados e músicas. Por todas essas razões a maioria da população acima de 65 anos vive sozinha e em extrema pobreza (HEESUK, 2013).
Muitos dos idosos investiram praticamente tudo o que tinham em seus filhos. Segundo pesquisas estatais realizadas, nos últimos 15 anos, a porcentagem de crianças que pensam que devem cuidar de seus pais caiu de 90% para 37%. (HARLAN, 2014)
Sem o cuidado familiar e com uma falha assistência social, os idosos da Coreia do Sul se veem em meio ao abandono e ao desespero, levando-os a realizar medidas extremas para sobreviver ou até mesmo levando-os ao suicido.
2.2 O Problema da Previdência Social
Nas últimas décadas é inegável o crescimento econômico sul-coreano e também uma mudança nos costumes dessa sociedade. Como apresentado no tópico acima, com o passar dos anos a cultura familiar vem sendo esquecida e, com isso, trazendo sérios problemas para a população sul-coreana, em especial, aos idosos.
Anteriormente, nenhum sistema de aposentadorias era desenvolvido, por não ser considerado necessário. A sociedade via garantia do seu futuro em seus familiares mais jovens. Um sistema de aposentadorias só foi criado no final da década de 80 e ainda é deficitário em vários aspectos. Na maioria dos casos os valores pagos não cobrem as necessidades básicas dos idosos e muitos deles não possuem cobertura, pois o sistema não conta com valores retroativos.
Um retrato da atual situação dos idosos na coreia pode ser observado em uma entrevista para o site da BBC, em que uma idosa diz: “Tenho 60 anos e não tenho dinheiro. Não posso contar com meus filhos. Eles também estão em apuros, porque têm de começar a se preparar para a própria velhice. Praticamente todas as pessoas idosas aqui nesse parque estão na mesma situação".
Como não conta com os valores retroativos, pessoas com final de carreira em 1988, recebem valores baixíssimos, cerca de 5% do salário médio. Um valor mínimo de pagamento só foi definido nas reformas ocorridas em 2007 e estabelecido no ano seguinte. Um valor mínimo de pagamento só foi estabelecido em 2008. Segundo o site Último Segundo, em um relatório do governo sul-coreano feito em 2011, somente 4 em 10 idosos tinham alguma pensão. Muitos idosos também não procuram ajuda pela vergonha da situação em que se encontram.
A Coreia do Sul apresenta a maior de taxa de pobreza de idosos entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o principal fator é o problema previdenciário do país. O National Pension Scheme (NPS) é um regime de seguro social com base em contribuições implantado em 1988. Promete fornecer pensões e aposentadorias com valor generoso a partir de contribuições ao longo de 40 anos. O programa ainda está na infância e aquém de atingir seus objetivos iniciais, apenas 20% de pessoas com mais de 65 anos são beneficiários. (MOON, 2008)
São cobertos pela NPS contribuintes sul-coreanos de 18 a 59 anos. Atualmente a idade para aposentadoria é de 60 anos e estima-se que a idade para aposentadoria até 2030 subirá para 65 anos. As contribuições podem ser feitas pelas empresas com mais de cinco empregados ou contribuições individuais para empresas com menos de cinco empregados e trabalhadores informais através de contribuição voluntária. O National Pension Scheme (NPS) é regido pelo National Pension Service. Segundo o site do National Pension Service, o fundo conta atualmente com US $ 430 bilhões em ativos, é o maior investidor na Coreia do Sul e o terceiro maior mundialmente.
O Programa National Basic Livelihood Security (NBLS) é um programa de assistência pública introduzido em 2000 na Coreia do Sul dirigido às famílias pobres. O objetivo é garantir a renda básica, complementando a renda real familiar, para que não fique abaixo do salário mínimo coreano de aproximadamente 3040 reais por mês. Para o sustento é considerado 40% da média da renda familiar, portanto há critérios baseados na renda e pessoas economicamente ativas. “O número real de beneficiários é, portanto, menos de 10% dos agregados familiares com mais de 65 anos”. (MOON, 2008) Portanto até 2007, aproximadamente 30% das pessoas com mais de 65 anos eram beneficiados por algum beneficio do governo.
Um dos problemas na cobertura da NPS é o número pequeno de idosos beneficiados, o que deve melhorar com o tempo. Há uma previsão que 70% dos idosos sejam cobertos em 2070 e o lado negativo é que não se pode esperar tanto do NPS até 2030. “Isso implica que mais medidas precisam ser tomadas para preencher a lacuna entre o NPS e o NBLS, que suporta apenas 8,4% da população idosa.” (MOON, p.4 2008) E outro problema, pessoas em idade economicamente ativa não contribuem, devido ao desemprego ou trabalho informal. O aumento do número de isentos, também preocupa, essas pessoas pobres podem não terão condições de pagar no futuro, comprometendo sua aposentadoria.
Ocorreram algumas reformas nos programas em 2007, com a The Basic Old Age Pension Law, um regime não contributivo introduzido para melhorar a renda dos idosos. Equivale a 5% da renda mensal média dos beneficiários do NPS para ser pago aqueles idosos cuja renda é inferior ao mínimo. Este benefício promete melhora na percentagem, de 5% em 2008 para 10% em 2028. A meta foi atingida em 2009 quando 70% das pessoas com mais de 65 anos foram beneficiados por esse programa. (MOON, 2008)
Segundo Moon, o governo em 2007 se esforçou para ampliar a cobertura entre os idosos com os benefícios, mas o autor acredita que ainda é pouco mediante a situação de pobreza que se encontra os idosos sul-coreanos, veio como uma ampliação, mas ainda longe de ser uma universalização dos benefícios.
2.3 Consequências da falta de políticas públicas para idosos na Coreia do Sul
De acordo com Elise Hu, da radio Ibtimes (2015), metade da população idosa na Coréia vive na pobreza. A maior taxa de pobreza entre os países da OECD é de 13.5%, enquanto que o da Coréia do Sul é de 45.1%, praticamente 3.4 vezes maior. (HEESUK, 2014)
Ainda, segundo HU (2015), todo dia vários idosos são vistos enfileirados perto de igrejas recebendo doações de, normalmente, 500 won, o que equivale a, aproximadamente, dois reais. A tradição dos filhos cuidarem dos seus pais foi se perdendo e no último censo foi estimado que 1 em cada 3 idosos coreanos vivam completamente sozinhos.
Além de tudo isso, os idosos não conseguem inserir-se no mercado de trabalho. Segundo Chang et al (2009) afirma que apenas 2 milhões de um total de 6,4 milhões de idosos estavam empregados.
A pobreza dos idosos da Coreia está colaborando para o aumento da taxa de suicídio que em 2013 cresceu 2%. Taxa quadruplicou nos últimos 25 anos (HYUNG-JIN, 2015). Em 2010, por exemplo, a Coreia do Sul teve uma taxa de suicídio de idosos equivalente a 80,3 pessoas a cada 100.000, mais ou menos, 4 vezes maior do que a taxa dos 25 países integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A prostituição de mulheres idosas na Coreia do Sul se torna cada vez mais comum, atualmente mulheres de até 76 anos são vistas pelas ruas da Coreia. Apesar do rápido crescimento da Coreia depois de a guerra 1950-1953 as mulheres que ainda viviam em uma cultura machista não receberam a mesma educação e qualificação profissional que os homens. Agora viúvas ou divorciadas e abandonadas pelos filhos, sem condições de se inserirem no mercado de trabalho essas mulheres se voltam para a venda do próprio corpo. (HYUNG-JIN, 2015)
A criminalidade aumentou mais do que o aumento de idosos (a população de sul-coreanos acima de 65 anos cresceu 9,6% e o número de delitos perpetrados por pessoas dessa faixa etária aumentou 12%) (BBC, 2015)
De acordo com YUN (2010), a composição demográfica da Coreia é bem diferente do que a tradição confucionista afirma. (ver tabela 1).
Em 2000, 29.9% dos coreanos acima de 65 anos estavam incluídos na população economicamente ativa. Essa porcentagem é a maior dentre todos os países com uma renda per capita maior do que 12,072$. Enquanto que apenas 70% dos jovens trabalham, em comparação com um 85% dos jovens trabalhando na grande maior dos outros países.
Tabela 1 Economically Active Population according to Age Groups in Selected Countries (%)
Brazil (BRA) elderly (65-) 23.89 23.65
Youth (25-9) 80.05 82.55
Canada (CAN) elderly (65-) 5.96 8.04
Youth (25-9) 85.36 85.82
China (CHN) elderly (65-) 19.66 20.03
Youth (25-9) 95.20 95.32
Denmark (DNK) elderly (65-) 2.57 5.42
Youth (25-9) 85.39 81.81
Japan (JPN) elderly (65-) 22.62 19.77
Youth (25-9) 83.13 84.44
Korea (KOR) elderly (65-) 29.88 30.17
Youth (25-9) 70.45 73.71
Source: Kyung Hee University, Seoul, Korea, March 2010
Como disse KIRK (1996), a taxa de fecundidade da Coréia do Sul já caiu abaixo do nível de reposição. O que significa que cada vez mais os idosos representam uma parte ainda maior da estrutura etária da Coreia. O envelhecimento acelerado da estrutura da Coreia fez com que o governo não conseguisse realizar políticas verdadeiramente efetivas para combater a crescente pobreza dos mesmos. Porém, atualmente esse é um problema muito conhecido e ainda assim o governo não tem feito nada, tendo a última atualização da ajuda de custo dos idosos ocorrido em 2007.
2.4 Como esses dados afetam a dinâmica demográfica:
A Coreia aparenta estar se tornando um país cada vez mais idoso, hoje em dia a proporção da população idosa e jovem é composta em quantidades equivalentes. Pessoas com mais de 65 anos correspondem a 12,7% da população do país. Segundo estatísticas de 2014 do index mundi, representados por 2.570.433 homens e 3.639.083 mulheres da população do país. Enquanto a população de jovens de 0-14 anos corresponde 14,1% (sendo 3.603.943 homens/ 3.328.634 mulheres).
A taxa de fecundidade atualmente na Coreia é de 1,26 e está em níveis abaixo da taxa reposição natural, de 2,1. Nas futuras projeções a taxa de fertilidade da coreia tende a ter um aumento, mas não atingirá o nível de reposição natural. O que implicará na diminuição da população total do país no futuro.
A expectativa de vida na coreia do sul e de 79,8 anos (homens 76,67 anos e mulheres 83,13 anos).
Source: United Nations- departament of economic and social affairs
A Coreia nos últimos 60 anos, após as guerras das Coreias em 1950, passou por diversas transformações econômicas entre décadas de 1960 e 1980. Teve uma das taxas de crescimento econômico mais rápidas do mundo, que alteraram a sua composição etária. Na Coreia de 1950, sua população era majoritariamente composta por jovens. Atualmente, segundo dados de 2015, a Coreia encontra-se em um bônus demográfico onde a população de 15-64 representa 73,2 % das pessoas da coreia, mas 30% dessa população não está no mercado de trabalho. (YUN, 2010)
A Coreia já passou pela primeira transição demográfica, e agora se encontra com uma taxa de fecundidade muito baixa, e índices de mortalidade relativamente estabilizados resultando em um crescimento populacional pequeno e provável estabilização. O envelhecimento da estrutura etária coreana, combinada com as altas taxas de suicídio e mortes ligadas a pobreza entre idosos, pode fazer com que caso essas taxas de crescimento se mantenham, no futuro a maior parte da população seja idosa, e por causa da situação de pobreza a taxa de população que morre nessa faixa será muito alta, aumentando a taxa o total de pessoas que morrem no país (devida estrutura envelhecida) o que e caracterizado por uma transição reversa. (HORIUCHI, 1999). A Coreia do Sul, com 15 mil suicídios ao ano, possui a maior taxa desses episódios entre os integrantes da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ou seja, tirar a própria vida é um fato frequente do ponto de vista de uma parte da sociedade.
Pirâmide etária Coréia do sul
2.4.1 Participação dos idosos no mercado de trabalho
Com o aumento da população idosa e a baixa assistência oferecida pelo governo, o aumento da participação dessa população no mercado de trabalho torna-se inevitável, segundo o statistics korea a taxa de pessoas com mais de 65 anos na Coreia hoje e de mais de 30%.
A taxa de dependência de idosos na coreia vem carecendo rapidamente nos últimos anos. Hoje, a taxa de dependência de idosos de 65 anos por habitantes em relação a de adultos 20-64 anos corresponde a 20% segundo as Nações Unidas. Segundo o mesmo, essa taxa tende a dobrar nos últimos 15 anos atingindo 40% em 2030.
3. Conclusão
Essa grande taxa de pobreza da Coreia não quer dizer que a melhor política para solucionar o problema seja apenas liberar aposentadoria para todos os idosos. Na verdade, acreditamos que não levar em conta as diferentes condições econômicas dos idosos, pode causar maior fracasso do que ajudar, podendo aumentar excessivamente os gastos do governo, ou então, impedir que famílias idosas realmente necessitadas recebam uma parcela maior de ajuda. Dada essas características da previdência social da Coreia do Sul, segundo Castanheira e Rios Neto (2011) o sistema social da Coreia poderia ser classificado como Conservador, sendo um sistema que atualmente reproduz a estratificação social.
Em contraste com o Sistema de previdência social do Brasil, que é baseado em um princípio de contribuição, ou seja, você trabalha um tempo pagando para depois receber a previdência social, a assistência pública e Social na Coreia deveria ser baseada em necessidade, uma vez que sua população idosa já é conhecida por trabalhar excessivamente. Os critérios aqui definidos para uma nova política têm a intenção de remediar efetivamente a atual pobreza entre idosos na Coreia. Segundo HEESSUK (2014) atualmente no sistema de ajuda social da Coreia, a renda recebida pelos filhos adultos que vivem com os idosos não é levada em conta na hora de decidir quem receber o benefício. Isso acaba resultando em uma grande distorção, que não leva em conta prioridades no suporte, já que conforme vamos mostrar idosos que vivem com filhos em idade adulta trabalhando possuem uma qualidade de vida muito maior do que idosos que vivem sozinhos.
Como verificado pelo Korean Ministry of Health and Welfare no Welfare Demand Survey (2011), a renda de lares onde os idosos vivem com pelo menos uma pessoa adulta que trabalho é de 34.460,00 won, enquanto que a mesma em lares onde os idosos vivem sozinhos é 620,00 won por ano. E os idosos que vivem com crianças que ainda não podem trabalhar possuem uma renda de 1,15 milhões de won.
Taxa de Pobreza para todos os membros do lar e idosos por formação familiar
Para descobrirmos quais pessoas deveriam receber prioridade na assistência deveríamos primeiro calcular os recursos econômicos que estão no nome dos idosos e depois, calcular a renda da família (que vive na casa) como um todo.
The Basis Old-Age Pensio Database fornece meios de calcular os bens econômicos dos idosos e de seus maridos ou esposas. Porém, essa base de dados não possui informações sobre os adultos economicamente ativos que vivem com esses idosos, o que significa que para descobrir isso seria necessário criar um sistema adicional para coletar dados que buscasse saber sobre a composição dos lares. (HEESUK, 2014)
Para evitar que manifestações sejam feitas afirmando que alguns idosos não estão ajuda apenas por terem filhos, o sistema atual ajuda a todos. Isso faz com que recursos sejam levados para grupos cujas circunstâncias são absurdamente melhores. Porém, defendemos que para evitar problemas orçamentários por falta de dinheiro para ajudar todos, os recursos econômicos dos filhos que vivem com os idosos deveriam ser levados em conta.
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