Private equity é opção para crescimento
Em um momento de crise política e econômica no País, as empresas de capital fechado têm como alternativa para alcançar o crescimento os aportes por meio de private equity. No entanto, para se tornarem atrativas devem ter potencial de crescimento, bom nível de governança e ter, também, sinergia com os fundos desta modalidade. Esta foi a avaliação feita por especialistas durante seminário sobre o tema, promovido pelo Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), ontem, em Belo Horizonte.
"Apesar do momento de crise, para as empresas com olhar de longo prazo e que apostam no futuro, sem dúvida é uma boa alternativa. As companhias estão enfrentando um momento de poucos recursos para implementar seus planos de investimento, e o private equity é uma das alternativas", afirmou o vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Abvcap), Luiz Eugênio Figueiredo.
Segundo ele, do ponto de vista das empresas que vão receber o investimento as oportunidades de aquisições e crescimento surgem exatamente em momentos adversos, como o que o Brasil está passando. "As empresas, ao perseguirem essas oportunidades, podem ter os fundos de private equity como aliados", destacou.
Já para o investidor de private equity, o vice-presidente da Abvcap explicou que, por ser tratar de um investimento de longo prazo, o momento atual não é o que mais chama a atenção porque ele não está analisando só o que está acontecendo neste mês ou nos próximos seis meses, mas sim nos próximos anos. "O investidor sabe que o País está passando por um ajuste, mas ele está em busca de boas oportunidades, e elas existem na nossa economia real", disse.
Figueiredo explicou ainda que os investidores de private equity no Brasil, de forma geral, são muito equilibrados entre nacionais e estrangeiros. Segundo ele, entre 50% e 55% são investidores externos. "Isso é bom porque mostra que o Brasil tem a capacidade de atrair recursos estrangeiros e ter uma base forte de investidores locais. Isso é uma vantagem", explicou.
Do lado dos gestores desses fundos, o vice-presidente da Abvcap avaliou que o Brasil tem vários fundos locais, mas que também existe uma uma série de gestores estrangeiros que atuam no País, com equipe local, tocando as operações de investimentos.
Outra vantagem dos investimentos por meio de private equity é que eles não estão concentrados. "Quando você investe na bolsa de valores, por exemplo, você consegue exposição para os setores daquelas empresas que estão listadas. No private equity você consegue fazer negócios com empresas de diversos segmentos", revelou.
Ponto de equilíbrio - O sócio sênior do fundo Advent International, Rodrigo Mendes Simões, destacou que o principal motivo da viabilidade dos investimentos de private equity no momento conturbado do País é que são investimentos de longo prazo. Para ele, no entanto, as empresas também têm que ser atrativas para este tipo de transação.
"O que atrai os investimentos desses fundos são empresas com possibilidade de crescimento, que estejam organizadas e que tenhas alinhamento de visão com o sócio. O ideal é que o empresário compartilhe da mesma visão do fundo", detalhou durante sua apresentação.
O sócio da Advent International ainda deixa uma dica para os empresários interessados em fazer este tipo de negócio: "achar um fundo de private equity com presença no Brasil, com histórico de investimentos e que o empresário se identifique, porque é uma relação de longo prazo."
Na avaliação do sócio da consultoria financeira e boutique de investimentos Ivestor, José Antônio de Sousa Neto, a grande vantagem dos fundos de private equity é a capacidade deles entrarem em boa medida como investidores estratégicos. "A principal diferença entre investidor financeiro e estratégico é que o estratégico também pode contribuir na gestão do negócio e, por isso, muitas vezes, ele é mais capaz de perceber oportunidades do que o investidor financeiro", explicou.
Sob a ótica do investidor que investe nos fundos que, por sua vez, investem nas empresas, Sousa acredita que este tipo de aporte representa uma boutique de investimentos, que traz para esses investidores retorno maior. "Muitas vezes esses fundos não têm a liquidez que se encontra num fundo tradicional de renda fixa ou mesmo em ações, mas, por outro lado, têm um retorno maior", justificou.
Além disso, para o sócio da Investor os fundos de private equity também trazem oportunidades para empresas de porte pequeno. "O leque de empresas que podem receber recursos de fundos deste tipo é bem variado", pontuou.
Por outro lado, Sousa acredita que a situação atual do País pode sim interferir nos negócios. "Os fundos têm uma visão de longo prazo e, no caso do Brasil, eles percebem o potencial do País, mas não resta dúvida de que para esses processos se consolidarem tem que ter confiança", concluiu.
O QUE É PRIVATE EQUITY?
- Private equity, em outras palavras, capital de risco ou capital empreendedor, é um meio de financiamento de empresas ou negócios que envolvem empresários e um grupo provedor de capital.
- Normalmente, os investimentos de capital são realizados por meio da aquisição de participação acionária na empresa alvo e pelo aporte de recursos necessários para o crescimento da empresa. Portanto, o investidor de private equity se expõe aos mesmos riscos do empresário, uma vez que eles se tornam sócios.
- No entanto, o investidor de private equity não será sócio da empresa para sempre. A ideia do capital empreendedor é investir no médio a logo prazo e, ao final deste período, recuperar o investimento através dos lucros sobre o crescimento da empresa.
- Só para se ter uma base de comparação, enquanto nas empresas listadas em bolsas de valores, de capital aberto, os detentores de participação recebem bônus com base em resultados anuais, o retorno para os investidores de private equity só vem quando outro investidor ou comprador enxerga maior valor do que o pago originalmente pela empresa.
- Em última análise, o capital empreendedor é o investimento privado de longo prazo, realizado por grupos provedores de capital - indivíduos, famílias, empresas de gestão de patrimônio familiar e fundos de investimentos em participações - em empresas com potencial de crescimento.