Professores que indicam livros

Desde criança, gostei bastante de ler. Lia tudo que era possível a um jovem ler e até o que não era conteúdo específico para jovens, dias atrás uma prima minha recordou-me o fato de ser uma criança com 10 anos e que lia revistas informativas não comuns a uma criança. No entanto, apesar de as leituras serem constantes, eram também limitadas. Por quê? Por falta de boas indicações. Na escola imperava o pedantismo literário da literatura brasileira ou as obras infantis e sem graça de escritores medíocres.

Infelizmente, não existia uma literatura acessível. Por sorte, tive acesso quase exclusivo a biblioteca pública onde eu passei bons períodos e garimpei alguns conhecimentos ainda hoje úteis. Mas nomes do nível de um Hermann Hesse, Alexandre Dumas, Bulwer-Lytton, só vim a ter acesso quando relativamente adulto.

Nunca consegui esquecer a emoção de ler na minha adolescência o Velho e o Mar de Hemingway ou os Miseráveis de Victor Hugo. A falta de um bom professor para me mostrar muito desse outro lado foi crucial. Perdi importantes anos de formação literária.

Por isso sempre tenho receio de professores que não leem, que não indicam livros, que não cultivam os bons escritores. O estrago que isso faz na vida do aluno exigirá anos de reparo, caso o estudante se desperte para tal realidade. Desde então, sempre procurei ser um professor que indica livros, praticamente em todas as minhas aulas os indico.