Protagonismo do colaborador: quando e como acontece?
O teatro, a literatura, o cinema e as novelas nos ensinaram que o protagonista é o personagem principal de uma história, mas na vida real, essa palavra é ressignificada e adquire um sentido bem mais complexo. No contexto corporativo, por exemplo, quando falamos em protagonismo do colaborador, o líder assume um papel essencial, que vai muito além de apenas delegar tarefas e impactar de forma positiva as pessoas do seu time.
O gestor, que é um protagonista natural devido à sua função, precisa ter maturidade para se despir de seus privilégios e dar espaço para a equipe despontar. Esse é um trabalho muito complexo, porque demanda do líder disposição para dividir o seu protagonismo com o restante da equipe e habilidade para convencer as pessoas a se exporem.
É muito comum ouvir alguém dizer que o gerenciamento de pessoas é dever do gestor, mas a verdade é que esse papel também cabe ao liderado. Se o colaborador quiser se tornar protagonista, ele pode, mas antes precisa confiar na sua capacidade e abandonar a ideia de que é apenas um mero funcionário e, por isso, não tem condições de assumir outros papéis dentro da empresa.
Acredito que a temática do protagonismo vai continuar ganhando cada vez mais força nas pautas de gestão de pessoas, principalmente, por causa das novas gerações, que querem ter destaque e orgulho do que fazem, diferentemente das gerações anteriores, que eram apenas focados nas atividades. Pelo fato de questionarem constantemente a dinâmica corporativa de crescimento profissional, os jovens assumem um papel importante na oxigenação das empresas e levam a sociedade a rever alguns conceitos elementares.
A importância do papel do líder
A empresa e a cultura organizacional impactam diretamente o protagonismo do colaborador, mas o primeiro passo que você, líder, pode dar para contribuir com esse processo é esquecer que está em um cargo de gestão e se despir de seus privilégios. O segundo passo é assumir que a sua geração tem mais a aprender do que a ensinar.
Por mais que possa discordar de algumas atitudes dos jovens, é importante observar como eles interagem com a empresa, o mundo e o trabalho. Por outro lado, utilize a sua experiência, calma e resiliência como fontes de ensinamento para as novas gerações, que têm dificuldades em lidar com frustrações e estão mais acostumadas com tecnologia do que com dialogar e negociar.
Além disso, é preciso deixar um pouco de lado o trabalho pautado na hierarquia e começar a dar preferência ao trabalho por projetos, que podem ser multidisciplinares. Isso faz com que as pessoas mais juniores ou tímidas tenham a chance de crescer, se engajar e, com isso, assumir o protagonismo. No fundo, o que o líder precisa ensinar às novas gerações é não ter medo de ser protagonista.
O processo para dar espaço ao colaborador pode acontecer por meio de exemplos simples, quando você tira o crachá, deixa de sentar à cabeceira da mesa durante uma reunião ou permite que outra pessoa lidere a reunião. Dessa forma, os funcionários, independentemente da posição que ocupam na empresa, têm a oportunidade de dividir suas opiniões e ter sua fala considerada.
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O protagonismo do colaborador na prática
Ao longo da minha trajetória como líder, tive a chance de contribuir com o protagonismo de muitos colaboradores, mas algumas histórias acabaram se destacando. A primeira é a da Nívea, que entrou na empresa como analista de sustentabilidade corporativa. Depois de eu ter dado espaço suficiente para o seu crescimento, em dois anos, ela despontou e contribuiu para que a sua área ganhasse prêmios e protagonismo no mercado, inclusive em face do Pacto Global da ONU e do Instituto Ethos.
A outra história foi a da Patrícia, analista de remuneração, que entrou com 22 anos na empresa. Assim como aconteceu com a Nívea, eu dei espaço e exposição para ela, que cresceu e passou a falar de igual para igual com o CEO e os diretores. A evolução foi tão grande que, em setembro deste ano, a Patrícia assumiu uma posição na nossa matriz em Chicago, na área de remuneração.
Por último, compartilho a história da Yanessa, também da área de remuneração. Quando eu entrei na Cushman, uma das minhas missões era desligá-la da empresa. Mas antes de tomar qualquer atitude, passei a observá-la melhor, vi que o trabalho dela era bom e valia a pena mantê-la. A partir daí, comecei a provocá-la para que ela se expusesse mais, e foi exatamente o que a Yanessa fez.
Tempos depois, ela saiu da companhia para fazer uma pós-graduação na Universidade de Bolonha, na Itália, e, hoje, depois de ter trabalhado em duas grandes consultorias globais na Itália, está atuando em uma consultoria global na Bélgica. Essa trajetória de sucesso mostra o quanto ela cresceu e o quanto foi importante o seu processo de protagonismo.
As três histórias que eu relatei são de pessoas que entraram na empresa ainda muito jovens, de forma tímida, porque não confiavam na sua capacidade de assumir outros papéis dentro da companhia. Porém, depois de receberem espaço para se expor, cresceram profissionalmente e trouxeram grandes resultados para a empresa e para as suas respectivas carreiras.
Esses exemplos mostram que vale a pena investir em dar protagonismo para as equipes. Nem todo mundo vai querer ser protagonista, e cabe ao líder aceitar essa decisão, mas a função do gestor é olhar para o time e entender quem pode assumir esse papel e garantir que os colaboradores tenham o espaço que merecem.
As pessoas se acostumam facilmente com o papel de protagonista, porque, de maneira geral, nós nos acostumamos rápido com o que é bom. Por isso, procure instigar ao máximo o protagonismo em suas equipes e deixem de lado os seus privilégios. Não se trata de delegar, mas sim de deixar o funcionário aparecer. Isso é bom para a empresa, para você, que dá espaço para os outros se empoderarem e terem voz ativa, e é bom para o colaborador, que também merece alcançar seu lugar de destaque.
SUPRIMENTOS BRASIL
1 aObrigado por compartilhar!
Executivo Recursos Humanos Latam
3 aNivea Araujo Pizzolito, Patricia Benatti Carvalho, Yanessa Lopes - minhas caras, este texto é uma forma de agradecer pela chance de ter podido liderar vocês. Nele compartilho a exposição que vocês tiveram, mas não dá para deixar de pensar em tudo que eu aprendi e cresci com vocês. Obrigado.
Executivo Recursos Humanos Latam
3 aProtagonismo do colaborador: quando e como acontece?