Qual o tempo certo para se ficar numa empresa?

Tenho 25+ anos de experiência na 3M e muitos me perguntam como é possível ficar tanto tempo em uma empresa. Isso só é possível quando nossos valores se entrelaçam com os da organização, fazendo parte de algo em que acreditamos, nutrindo aquele senso de pertencimento especial que dá sentido às coisas.

É muito importante também termos bons desafios em nossa frente já que o ser humano tem a tendência de expansão e precisa do movimento, com crescimento pessoal e profissional, seja vertical ou horizontal. Eu já tive na 3M umas 10 funções tão diferentes e fascinantes como liderar a categoria das famosas máscaras N95 (há 20 anos) e o Business de Papelaria (com suas marcas icônicas Post-it, Scotch e Durex); cuidei do Serviço do Fale com a 3M; puxei a Estratégia de Transformação digital e eCommerce e ainda vibro com minha apaixonante função de Head de Marca & Comunicação. Enquanto isso, vejo e ajudo a companhia a evoluir. E juntos vamos enfrentando desafios que fazem a gente crescer, com uma moldura de meritocracia e principalmente, cultivando a valorização humana de muito respeito que são ingredientes importantes para qualquer relação duradoura, entre amigos, casais, colaborador-organização.

Hoje, sei muito mais claramente sobre minhas forças pessoais, talentos e interesses do que quando recém-formado. A jornada de autoconhecimento é eterna, mas felizmente aprendemos coisas importantes enquanto vivemos. Eu fiquei cada vez mais consciente de que dentro de mim pulsam mais intensamente as forças da integridade, da curiosidade pelo mundo, da criatividade, entre outras... e não é à toa que estou na 3M há tantos anos, pois lá respiro essa atmosfera de inovação, de colaboração criativa, de estímulo ao aprendizado contínuo, tudo amparado sobre o pilar da ética inflexível.

Nem eu nem minha atual organização somos perfeitos... nem todos os dias são fantásticos. Sempre há muitas conquistas, algumas frustrações. Mas olhando essa experiência rara nos dias de hoje de duas décadas e meia na 3M, sinto que tudo teve e mantém significado especial: Amigos que inspiram, ensinam e apoiam, produtos e modelos de negócio que lancei e patrocinei, estratégias inovadoras que ajudei a implementar e uma batelada de novos projetos criativos para iniciar amanhã. E, mais importante da análise: a quantidade de pessoas que foram impactadas por algo de valor que ajudei a criar entre clientes, funcionários, fornecedores, comunidades, artistas, estudantes e tantos outros. Sempre com respeito, integridade, criatividade, inovação, colaboração, propósito.

Além disso, oportuno gritar que nunca achei razoável me limitar a um universo. Tenho o maior orgulho de ser um agente reconhecido de transformação da 3M e seu respeitado embaixador no mercado, mas isso é só uma parte da vida. Acima de tudo, sou pai do Gabriel (e em vários dias da semana, mãe também). Também sou professor de cursos de MBA de marketing, criatividade e inovação há mais de uma década; me tornei palestrante entusiasmado há 20 anos e passei das 900 apresentações Brasil afora; já publiquei um livro "O Poder da Inovação" e estou escrevendo meu segundo; sou pianista e compositor e sigo tocando, compondo e me divertindo. Sempre consegui fazer tudo ao mesmo tempo junto com meu papel profissional e sempre tive o apoio dos meus líderes para equilibrar estes pratos todos que são igualmente necessários para minha sensação de felicidade e para eu contribuir com a máxima performance dentro da minha organização.

Então... não tem uma resposta certa para a pergunta sobre qual o tempo certo para se ficar numa empresa... O mundo VUCA diz que as coisas são mais efêmeras, voláteis... O futuro do trabalho é uma área incrível para refletir sobre as revoluções radicais. Funções desaparecem, relações se modificam, empresas nascem e desaparecem... Tudo bem experimentar vários caminhos. Enfim, cada caso é um caso, mas eu empresto e adapto sempre os versos de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Toni Belotto para dar uma possível resposta bem autêntica.... eu vou ficando se o pulso ainda pulsa.

Essa foto mostra meus primeiros dias na 3M, animado por ser um dos primeiros trainees lá em 1994... Quem diria que em 2020 estaria lá, com o mesmo peso e sem cabelos brancos!!!