QUAL O VALOR DA SIMPLICIDADE NO MUNDO ATUAL?

QUAL O VALOR DA SIMPLICIDADE NO MUNDO ATUAL?

NA COMPLEXIDADE DO MUNDO DE HOJE QUAL O VALOR DA SIMPLICIDADE.

Exagerado. Lembrei da música de Cazuza. Dias atrás ouvi de um diretor de uma empresa enquanto tratávamos a respeito de gestão de risco em saúde ocupacional, a seguinte pergunta: - "Não estamos sendo exagerados?" Façamos o básico, disse ele...

Voltaire disse: “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas”.

Pensei comigo: será que este homem deseja o básico, o essencial ou o obrigatório? Resolvi estudar para depois responder e estudando percebi o quanto Sócrates era sábio ao dizer: “Só sei que nada sei”.

Vejamos as definições básicas de tais elementos:

Básico: Tudo o que é fundamental para realizar uma determinada tarefa.

Essencial: Tudo que é importante e não pode faltar.

Obrigatório: Tudo que é imposto por lei, pressão moral ou convenção social.

Qual seria correlação entre qualidade de gestão em saúde do trabalhador e estes elementos.

Todos deveriam acontecer conjuntamente ou gradualmente?

Será que o essencial necessariamente é o básico?

Será que o obrigatório de fato supriria o essencial e básico?

A Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) lançou em 2016 um Modelo de Excelência de Gestão (MEG). O MEG é considerado um modelo de referência e aprendizado sem embotamentos; um modelo de melhoria contínua inspirado no ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act). A FNQ entendeu que agir (Act) deveria caminhar junto ou ser precedido do aprendizado alcançado (com os sucessos ou erros em processos). Desta forma criou o PDCL (Plan, Do, Check, Learn). Embora estes ciclos sejam destinados sobretudo ao incremento de qualidade de processos em industrias, entendo que ele possa ser aplicado na gestão de saúde e segurança do trabalhador dentro de uma empresa.

Os fragmentos que deram origem ao PDCA se desenvolveram ao longo de, pelo menos, 300 anos em sua própria crença sobre o melhor caminho a seguir para chegar ao mesmo ponto: o conhecimento. Ao longo do tempo uma mudança radical aconteceu no objetivo do pensamento humano para que o PDCA se tornasse, não apenas um modelo para a geração de conhecimento, mas um modelo voltado fundamentalmente para a ação prática e geração de benefícios para o homem e a sociedade.

Embora seja bastante utilizado e referenciado na literatura, é possível observar que o PDCA é ora chamado de conceito, ora de modelo, ora de método, ora de técnica.

Os modelos são padrões criados, a partir de algum critério restritivo, para representar ou desenvolver algum processo ou atividade. São representações simbólicas com um propósito claro, mas que, ao construí-lo, se reconhece, ao mesmo tempo, que há uma limitação.

A técnica é uma ferramenta, um artifício para a consecução de um propósito parcial e temporário que faz parte de um caminho para um objetivo mais amplo. A técnica se refere à prática direta.

O método possui várias definições segundo a ótica utilizada. Mas uma denominação geral é um “procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual”.

Os conceitos, por si, são abstrações ou construções lógicas elaboradas pelo cientista para captar um fato ou fenômeno por eles representado (simbolismo lógico), expressos mediante um sinal conceitual (simbolismo gramatical) . Os conceitos são captados por meio da percepção para tornar inteligível os acontecimentos ou experiências que se dão no mundo real. Isso significa que o conceito é um ordenamento lógico que simboliza uma ideia, sendo o método, portanto, um desdobramento daquele, a medida que possibilita uma aplicação prática consistente.

Exemplos de métodos que se utilizaram do conceito do ciclo PDCA são as normas de gestão da qualidade - ISO 9001 e meio ambiente – ISO 14.001, o OODA Loop (Observe, Orient, Decide e Act) que é um conceito aplicável ao processo de operações de combate e estratégia militar. Há também os métodos de análise e solução de problemas como o QC-Story e o MASP, além do DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve, Control) e DMADV (Define, Measure, Analyse, Design, Verify) utilizados para solucionar problemas e desenvolver novos produtos, respectivamente, na metodologia Six Sigma.

Diante de sua notoriedade, o PDCA tornou-se um conceito universal, um verdadeiro legado, um conceito cujo proprietário é a humanidade, que dele tem se utilizado e dele pode depender para a resolução de muitos problemas que afligem a sociedade moderna. E é na complexidade do mundo de hoje, que o PDCA mostra seu maior valor: o da simplicidade. E é essa simplicidade que ilumina mentes humanas e mostra o caminho, sem se preocupar em acertar na primeira, mas acertar, mais cedo ou mais tarde.

Diante de todo histórico, qual a seria correlação entre qualidade + gestão em saúde do trabalhador + conceito agregado ao PDCA. 

Como a Bíblia e o Alcorão são recheados de princípios, a gestão do trabalhador também o é. Nossa Bíblia maior se chama norma regulamentadora, as NR(s).

Ao ler as NR(s), antigas, digamos, devemos humildes reconhecer que foram feitas por pessoas que enxergavam processos para alcançar fins específicos. Não digo que todos fossem necessariamente práticos, pois se práticos por demais fossem, deles não se exigiria processo. Uma coisa é fato: é preciso saber onde se está e para onde se deseja ir buscando simples e prático - mas ao mesmo tempo efetivo.

Vou usar um exemplo dilemático: uso eficiente de EPI(s). Muitas vezes como Perito e Assistente vejo empresas “dançarem um twist num piso escorregadio” para invariavelmente caírem antes do término da música. Equipamento de proteção individual (EPI) tem que ser adquirido de fonte certa, tem que ter certificado, deve ser ensinado seu uso correto e deve-se inspecionar se estão fazendo do jeito pedido que fosse feito. Se suja, tem que ser limpo e se tem validade, deve ser trocado antes que perca sua validade.

Uma vez sugeri a uma empresa. Ora, se existe tanto problema com ruído, por que não trocar todos os protetores auditivos de uma vez. Assim como existe o outubro rosa e o novembro azul, existira o mês de protetor azul e o mês de protetor amarelo (se preferir verde, aos Palmeirenses, sem problemas). Qual a dificuldade de ter o sistema de entrega num ipad e então se colher a assinatura quando da entrega ao colaborador no local de trabalho. Comprou carro financiado recentemente? Seguro? Hoje se assina sobre uma tela e não sobre papel.

Simples, não? É na simplicidade que se desvendam grande mistérios. Veja a teoria da gravidade curvando a luz de Einstein. No caso do EPI, você deve enxergar onde deseja chegar bem como ver onde está. Entre estes dois pontos haverá passos, onde após discutidos com seu travesseiro e equipe, formar-se-á um roteiro para alcance de resultados. Portanto começe planejando. Uma vez tendo isso em mãos comece a pôr em prática. Uma vez posto em prática analise os resultados em seus sucessos e fracassos. Converse novamente com seu travesseiro (e equipe) e veja onde o ciclo foi vitorioso ou fracassado. Detecte o local de falha e faça a mudança - corrija.

Ato conjunto, ao fazer isso verá que aprendeu com o erro, mas não conviverá com ele. Usará o equívoco como um tronco onde, depois de trabalhar bastante, descansará sua rede. Não terá feito tudo de uma vez, mas uma parte de um todo (e de maneira bem feita).

Como diz a Biblia: seja fiel ao pouco e sobre o muito será colocado e como diz o ditado: Penso, logo existo (planejo, ajo, corrijo, aprendo...)

Fontes:

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