Quando a informação se torna numa arma de guerra...
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Quando a informação se torna numa arma de guerra...


Informação é poder! Para o bem e para o mal!

Desde que o homem é homem há conflitos. Desde que há conflitos a informação e a contrainformação são usadas enquanto armas de guerra. No momento atual, em plena era da informação (e da desinformação), de múltiplos canais de comunicação, de meios mainstream e outros mais dark, nunca esta arma teve tanto peso... Nunca como antes, teve a capacidade de ganhar eleições, sustentar ideologias (mais ou menos politicamente corretas), afetar adversários ou limitar (ou enganar) o pensamento.

Desde o século XX, assistimos a uma evolução dos meios de comunicação que permitiram ampliar o alcance e o impacto da informação e da contrainformação nos conflitos armados.


O poder da rádio e da televisão nos conflitos do século XX

A rádio foi um dos primeiros meios de comunicação de massas que permitiu transmitir mensagens em tempo real para grandes audiências. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi usada tanto pelos Aliados como pelos nazis para difundir propaganda, desinformação e contrainformação. Um dos exemplos mais famosos foi o de William Joyce, conhecido como Lord Haw-Haw, que apresentava um programa de rádio em inglês transmitido pela Alemanha nazi para o Reino Unido, no qual tentava minar a moral dos britânicos e convencê-los a render-se.

Outro exemplo foi o de Iva Toguri D’Aquino, conhecida como Tokyo Rose, que apresentava um programa de rádio em inglês transmitido pelo Japão para as tropas americanas no Pacífico, no qual tentava desmotivá-las e desacreditar os seus líderes.

Foto mostra militares a manipular sistemas de informação como rádio e telégrafo na II Guerra Mundial

A Guerra do Vietname foi a primeira guerra televisionada, na qual as imagens chocantes dos combates e das vítimas eram transmitidas diretamente para as salas de estar dos americanos. A televisão teve um papel importante na formação da opinião pública contra a guerra e na mobilização dos movimentos pacifistas. A televisão também foi usada para manipular a informação e criar narrativas favoráveis aos interesses de alguns atores. Um exemplo foi o caso das incubadoras no Kuwait, em que uma suposta enfermeira kuwaitiana testemunhou perante o Congresso dos EUA que tinha visto soldados iraquianos retirarem bebés das incubadoras e deixarem-nos morrer no chão durante a invasão do Kuwait em 1990. Mais tarde descobriu-se que se tratava de uma encenação organizada por uma empresa de relações públicas contratada pelo governo do Kuwait para angariar apoio à intervenção americana.


E no tempo das redes sociais, como funciona?

A internet e as redes sociais foram as últimas inovações tecnológicas que mudaram o panorama da informação e da contrainformação nas guerras. A internet permitiu uma maior democratização e diversificação das fontes de informação, mas também facilitou a disseminação de rumores, boatos, teorias da conspiração e notícias falsas.

As redes sociais permitiram uma maior interação e participação dos utilizadores na produção e no consumo de informação, mas também criaram bolhas informativas e câmaras de eco que reforçam as crenças pré-existentes.

As guerras recentes no Médio Oriente, na Ucrânia e em outros lugares foram marcadas pelo uso intensivo da internet e das redes sociais por diferentes atores para divulgar propaganda, desinformação e contrainformação.

Um exemplo foi o caso dos Capacetes Brancos na Síria, uma organização humanitária que documentava os ataques do regime sírio e dos seus aliados russos contra civis, mas que foi alvo de uma campanha de difamação online por parte destes últimos, que os acusavam de serem terroristas ou agentes ocidentais.

Imagem mostra dois capacetes brancos com duas crianças ao colo num cenário de guerra, após bombardeamentos na Síria.


Post russo a difamar os capacetes brancos.

Na próxima semana falaremos sobre o papel da informação e da contrainformação nos conflitos entre a Ucrânia e a Rússia e entre Israel e o Hamas.

Esperamos que esteja desse lado para continuarmos a refletir sobre o assunto.


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Bom fim de semana!

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