QUANDO O AUTOR É TAMBÉM PERSONAGEM E GOSTA DE SE FAZER PRESENTE NO LIVRO DOS OUTROS
(Excerto do livro de publicação independente — ISBN 978-65-992287-4-2 — MINHA CASA OCIDENTAL — RELATO VERDADEIRO SOBRE A MORTE DO FACÍNORA, composto de XXXIV capítulos e 988 páginas, de autoria de CISINO COSTA).
Salvador, Bahia, 2018 da E.C.
Aqui fala o narrador, mais uma vez. Assim como foi anunciado no primeiro capítulo, a título de prólogo — um pouco longo, é bem verdade, mas não menos necessário —, o principal objetivo do presente escrito é a narração de aspectos da vida de José Marcelino da Silva.
Passei a conhecê-lo, melhor do que ele mesmo, a partir da mais tenra infância, desde que ele se entendeu por gente. Menino levado, garoto estabanado, adolescente rebelde (querendo se criar à revelia dos pais), atravessando em seguida a fase da juventude até alcançar a idade madura, desafiada e vencida pelo carregar dos anos, que pousa firme tendo por base o cocuruto da cabeça. Detenho conhecimentos em profundidade de toda a vida dele, dos seus sentimentos vibrantes, do seu destino trilhado e da sua singela — e única, do mesmo modo que ocorre com os demais seres humanos — aventura no planeta Terra. Farei a narração nada épica do homem, repito, com fidelidade, objetividade e isenção, mantendo-me por completo, prudentemente, afastado dos fatos relatados.
Contudo, afigura-me estéril apenas a explanação solteira, fria e seca, sem a consideração das circunstâncias de tempo, espaço geográfico e momento histórico, no país e no mundo, vivido pelo personagem. No meu entender, o que emprega maior significado a todo e qualquer ato ou fato mensurável pelos olhos humanos é exatamente estes elementos e as suas inúmeras variantes. Assim, torna-se necessário ter presente a resposta para a seguinte pergunta: “Onde, quando e como?”. O “onde” ocorreu, o “quando” se realizou e o “como” aconteceu, são condições constantes de todos os manuais de escrita. Especialmente se forem apresentados com beleza retórica, assumem proporções relevantes no contexto das ocorrências da história registradas no mesmo período. Não se trata — não confundir — tão somente de imprimir ou até mesmo otimizar a dramaticidade com cores, luzes e ditos, mas apenas de bem-dizer contextualizado.
Por exemplo. Acender uma chama de fogo ou mesmo produzir uma explosão controlada são atos banais na atualidade, completamente rotineiros em qualquer lugar do mundo. Basta riscar um palito de fósforo ou acionar a ignição do motor a combustão de um Chrysler Dodge Durango (o mesmo ocorre com os demais automóveis). No entanto, imagine a significação prática e histórica do ato de alguém que conseguiu dominar o fogo pela primeira vez, ou mesmo produziu explosões com o rastilho da recém-descoberta pólvora no curso de um plano de controle previamente desenhado. Portanto, o lugar, o tempo e os detalhes do momento atravessado — político, social e econômico — os aspectos sociais vigentes, as condições culturais do local e suas modificações relevantes, como as renovações bruscas nos padrões de costumes e comportamentos, são ingredientes primordiais. Eles contam os fatos pari passu com o próprio narrador, até mesmo rivalizando na competência e quase sempre ganhando em pontos no certame. Além, é claro, de bem posicionarem e instigarem o leitor no contexto geral do que se pretende anunciar, fornecendo-lhe os elementos circunstanciais para bem entender e imaginar, como se estivesse presente na hora, os fatos narrados inseridos nos acontecidos da época. A maior pretensão de qualquer explanação é deter apenas a clareza solar equivalente a uma faixa de “vende-se”, destas que são colocadas em qualquer local destinado à arrematação pública por um preço, mesmo sem observar as normas corretas da língua.
Digo tudo isto porque, apesar de pretender não me imiscuir na narração — afinal, o momento não é meu, mas dele — temo que na qualidade de escrevente autorizado eu possa me empolgar falando de mim mesmo. Pior. Ser flagrado — e, quem sabe, até acusado — na apresentação de muitas opiniões ocasionais, saborosas ou não, mas sempre pertinentes. Se isto acontecer, todavia, não significará tentativa de roubar a cena ou inserção indevida na interpretação quanto aos fatos noticiados, mas apenas, e tão somente, o traço de uma condição que certamente, no meu pensar, enriquecerá grandemente a contagem com a apresentação adequada dos fatos. Afinal, sou apenas o narrador, e não o protagonista, nem mesmo um personagem secundário do que chamo de romance, um escrito entremeado nas páginas da história enquanto ciência. Encontro-me consciente por inteiro desta importante particularidade. Faço, ademais, uma concessão que possui interesse prático distintivo: darei as opiniões apenas na primeira pessoa, porquanto é certo que o leitor atento já observou que o presente escrito se desenvolveu até aqui em duas linhas narrativas alternadas, encabeçadas pelo “eu” e pelo “você”. Contudo, na frente, em busca de uma apresentação primorosa, devo intercalar algum capítulo também em segunda pessoa. Achei por bem, ainda, imbuído do objetivo acima revelado, muito embora arriscando praticar pecadilho contra a estrutura tradicional, de fugir do arquétipo convencional do romance. Entremearei na narração, em parênteses, possivelmente e com a significação a eles inerentes, digressões esclarecedoras bafejadas por elementos históricos, para melhor contextualização e enriquecimento da compreensão dos fatos acontecidos narrados. Uma espécie de notas de rodapé, mas aumentadas. Nada que ainda não tenha sido feito em construção literária, contudo, anote-se: não são textos didáticos, não. Imagino que vai ficar legal, desde que contarei os fatos inseridos na pequena ou na grande história. De uma maneira ou de outra, estaremos diante da história que nivela tudo e todos a partir do milionésimo de segundo de hora das ocorrências. Os registros é que discriminam; a história, não!
Estou preparado e me sinto totalmente motivado para a tarefa. Aliás, muito embora já tenha até passado da hora, desde que a exposição já avançou nos seus momentos iniciais e preparatórios, permitam-me que apresente. Farei isto logo após a minha oração de fé católica do Veni Creator Spiritus, o clamor que me atende diuturnamente em meus objetivos almejados. “Vinde, Espírito Criador, a nossa alma, visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais. És chamado o intercessor de Deus excelso, dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar. Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai. A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetora. Nosso inimigo repeli e concedei-nos a vossa paz, se pela graça nos guiais, o mal abandonamos para trás. Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém!”
Meu nome verdadeiro — não é pseudônimo, garanto — é José Duarte dos Santos Mauricio Wanderley (Apresento-me sempre, e assino profissionalmente, como J. Mauricio Wanderley). Em uma palavra, sou o autor do livro que se desenrola, conforme já deixei patente em linhas acima. Revelo meu passaporte autobiográfico e, ao mesmo tempo, dou testemunho verdadeiro.
Também já deixei entrever em linhas anteriores que sou advogado que andou se metendo em diversas outras atividades, mas que atualmente anda apenas contemplando e escrevendo como hobby, especialmente na área dos estudos sociais, de que sempre gostei. É uma tarefa das mais gratificantes, desde que não exige nada e nem coisa alguma em troca, além da dedicação de você mesmo, que pode até ser dividida em longas e suaves prestações, não necessariamente sucessivas ou iguais (Adeus, patrulhamento, quem está se importando com o que escrevo, a não ser eu mesmo?). Hodiernamente, não há mais nem sequer necessidade de usar lápis e papel, porque você pode ditar no smartphone e um aplicativo — software com aplicação prática — converte em texto grafado. Beleza!
Tenho sessenta e quatro anos, desde que nasci em 1956. Sou filho único e, também, sou natural de Petrolina, Pernambuco, a mesma cidade em que nasceu meu conterrâneo retratado, José Marcelino da Silva. Somente nos conhecemos pessoalmente em Salvador–BA, desde que ocupei, por curto espaço, como já relatado alhures, o mesmo pensionato da Rua do Tingui, em Nazaré, cuja proprietária tinha parentes em nossa cidade de naturalidade, os quais me indicaram o local da hospedaria em Salvador (o mesmo, creio, aconteceu com ele). Por curiosidade, os parentes de Dona Lili, a proprietária do pensionato, residentes em Petrolina–PE, mantinham na cidade uma tradicional capela com a imagem de Jesus Cristo ainda criança na manjedoura. Era destinada à visitação pública e denominada popularmente de Casa do Menino Deus, mas contendo no frontispício a denominação em latim de Agnus Dei, o cordeiro de Deus. Foi o local onde, ocasionalmente e por conveniência, diversas vezes, conforme me foi ensinado por meus pais e mestres de educação religiosa, fiz as minhas orações católicas. Primeiro, mecanicamente, e depois com uma certa convicção que foi aumentando no decorrer dos anos, quando aprendi a identificar os sinais do sagrado nas coisas do dia a dia. Hoje, é praticamente o meu salvo-conduto para a morte, porque tenho certeza de que vou encontrar bonança extrema no porvir eterno na companhia de Deus, o rei dos reis, desde que tenha uma vida baseada na ordem e nos princípios cristãos. Somente assim, sendo temente a Deus e obrando como um bom cidadão, guiado pelos preceitos e mandamentos da doutrina cristã, é que estarei bem-disposto e habilitado, para continuar minha caminhada em busca do além e ocupar no futuro um lugar de digno habitante do reino do terceiro céu. Isto porque, o cristão que vive a perfeição ensinada por Cristo, não morre. Ele desaparece na esperança ficcional da ressurreição, é apenas devolvido para viver uma vida eterna ao lado de Deus. Em realidade, a solução em busca do divino é a única que existe. As leis das ciências naturais e os seus teóricos não explicam nada. Apenas teorizam sobre parcelas de conhecimentos específicos, até que surja uma “nova visão” de um “novo gênio” da vez, que irá escrever artigos e livros para alimentar a literatura científica e viver como celebridade, mas ser esquecido no máximo nos próximos cem anos. Então, os seus escritos “memoráveis” passarão a ser apenas reles notas de rodapé na história do pensamento humano. Como explicar, por exemplo, o infinito sem a ajuda de Deus. Pense! O infinito, algo que não acaba nunca, algo que dá dor de cabeça só em pensar, o cérebro parece até querer derreter e escorrer pelo nariz e ouvidos. Somente Deus, nosso medo, nosso controle e nossa base segura, pode completar esta lacuna e apascentar nossa dúvida, dando alegrias eternas após a morte, quando viraremos constelações brilhando como as estrelas. Triste do homem que não tem essa confiança e a certeza do acolhimento no reino divino, nos exatos termos do que foi dito acima. Triste do homem que pensa diferente, que imagina encontrar centenas de virgens depois da morte, ainda intocadas e lacradas; ou que retornará em espírito imediatamente após o passamento, assim como me disse recentemente uma pessoa minha conhecida. Ela me falou, assim de supetão, que pretende recomeçar a trabalhar logo depois de morrer. Estupefato, quase sem acreditar, ouvi ele me dizer que isto era possível porque abraçou a doutrina espírita certa e estava fazendo uma preparação em vida no sentido de desenvolvimento de capacidade para, logo após a extinção carnal e partir para outro plano, se comunicar com detentores terrenos de dotes mediúnicos. E, desse modo, dar continuidade ao trabalho em vida com a ajuda do grande arquiteto do universo.
Falou em “grande arquiteto do universo”, embora tivesse achado por bem ressaltar, em outro momento da conversa entabulada, que ainda nem sequer havíamos passado da borda da casca da laranja achatada sob pressão cósmica pela ordem do universo. Usou o termo, um tremendo lugar-comum, mas denotando a propriedade de criador da frase. Sabe aquele idiota que fala sem parar coisas iguais, ouvidas nos livros baratos ou filmes de Hollywood, do tipo “o universo conspira” ou “sua reputação o precede”? Era ele. Disse-me, ainda, que fora alertado por um seu par da mesma coloração espírita professada, que tinha a prática de penetrar na região mediúnica e lá entabular acaloradas conversas com os espíritos, geralmente do bem e de luz. Assegurou-me, ele, que essa pessoa afirmara que o seu próprio pai, professante do catolicismo em vida, após a morte, continuou levitando na fronteira da religião dele, sem saber para onde ir, incapacitado de desenvolver qualquer atividade de comunicação com os terrenos por conta do despreparo espiritual. Não gostei, ele mexeu com minhas raízes católicas, sem contar que falou, também, que no universo espírita não tem branco, não tem preto, não tem rico, não tem pobre, não tem homem, não tem mulher. Como ele pode saber dessa promiscuidade? Digo: como ele pode saber, com certeza? Se for o caso, que fiquem lá!
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Doutro lado, mas na mesma linha de equívoco, tem um amigo meu que se autodenomina ateu, não acredita em nada, segundo declara aos quatro pontos cardeais. Contudo, recentemente, após se embriagar feio com aguardente de cana-de-açúcar — somente gosta dessa, e é com muita força —, foi visto gritando no meio da rua:
“Oh! Deus! Oh! Deus! Onde está que eu não lhe vejo?”
O que dizer de outro, membro emérito integrante da Associação dos Cultores do Evangelho Pleno? Compareceu, atrasado e preocupado, em uma reunião que desavisadamente participei — corri de lá, nunca mais fui depois! — como convidado, justificando que a razão do atraso foi porque encontrou Jesus Cristo no fim de linha da Barroquinha, e parou para bater um papo firme. Esse aloucado anda dizendo que decifrou a língua dos anjos e fica lá emitindo sons guturais ininteligíveis, movendo os lábios tão alinhados quanto boca de bode. Tem também aqueles que, apesar de não engrossarem nenhuma denominação religiosa ou filosófica, simplesmente levam a vida igualmente sem acreditar em nada e até julgam que não irá acontecer nada quando morrerem. Apenas acreditam que… não creem em nada. Tipo a linha de pensamento com viés cínico de José Marcelino da Silva, que, quando da nossa conversa sobre o assunto “morte”, falou na maior, denotando muita segurança: “É mais fácil compreender a morte do que a vida. A morte é simplesmente uma coisa muito cheia de putaria, morreu, fudeu, e não tem nada mais a fazer. Se nasceu, fudeu, também, porque não tem mais jeito, tem que cumprir o ciclo fatal de vida”. No entanto, quando foi torturado, segundo depoimento prestado por ele mesmo na Comissão Federal da Verdade que apurou os crimes cometidos pelo regime militar de 1964: gritava, “Meu Deus! Meu Deus!”. Tudo muito incoerente!
Na verdade, não consigo mais nem sequer ligar o televisor. São diversos os programas “cristãos” fraudulentos, veiculados pelos falsos protestantes nos canais de concessão pública durante o dia e a noite, em que os milagres bíblicos de Jesus Cristo são banalizados e replicados por mil vezes seguidas. São aleijados que passam a andar. Doentes que se curam de câncer ao vivo. Cegos que passam a ver. Tudo objeto de cilada sem maior elaboração, mostrado ao vivo e em cores, imagens que chegam aos nossos lares mediante estelionato público completamente referendado pelo governo e pela sociedade civil. São exibições da indústria da religião, veiculadas em nome da alegada liberdade de religião, mas se constituem de mentiras descabidas! Crimes perpetrados por charlatães, sem qualquer censura por parte dos órgãos públicos responsáveis. É certo, ainda, que eles penetram na mente dos incautos e disseminam a ideia de que simples desconfortos pessoais se constituem em depressão severa, tudo objetivando “vender” frágeis paliativos. Falam em suicídios, mortes e maldições familiares com uma compulsão criminosa e, muito mais do que Jesus Cristo, falam no diabo que parece consistir no verdadeiro ídolo e benfeitor deles, permitindo a formulação da seguinte questão: “De que adianta Deus, sem o diabo?”.
Como todos os crimes que se prezam possuem uma motivação financeira, estes não poderiam ser diferentes, e até contam com isenção dos ganhos obtidos, outorgada pelo poder público. Os falsos profetas e genuínos hipócritas, recrutados de maneira geral no nível mais baixo da cadeia social, são treinados e esmerilhados servilmente na arte da enganação. Impunemente, repetindo cansados clichês religiosos, investem contra o patrimônio das pessoas através de pedidos continuados de dinheiro; em realidade, exigências contundentes e ameaçadoras, praticando o crime de captação de poupança popular ilegal ou mesmo extorsão (dizem que falam ao coração, mas miram o bolso). Com o produto dos achaques continuados, de origem ilícita e salvos de tributação, os “donos” do negócio, uma verdadeira matilha de organização criminosa, vão às compras. Um deles parece e se locomove como um ratinho de dentes carcomidos e corcova iniciante, roubando queijo, e encontra incríveis justificativas na Bíblia para rapina de dízimos e ofertas, transformando dizimistas em dizimados e fiéis em fidelizados. Investem ainda mais na aquisição de concessões de televisão e compra de horários nobres de outras redes, branqueando os recursos, além de se incrustarem no poder político, elegendo membros fantoches para as diversas casas legislativas e postos no governo. Pelo menos um desses “pastores” estreou como bilionário, obtendo certificação pelo ranking da publicação da revista Forbes.
Ora, a reforma protestante custou milhões de vidas humanas, inclusive milhares delas ainda em vida de Martinho Lutero. Foi feita em nome de teses, a principal delas, contra a cobrança de indulgências celestiais. No entanto, os atuais protestantes brasileiros foram muito além. Eles criaram uma indústria extremamente rentável, cujo produto são apenas palavras. Agora vendem, não aquela coisa de entrega de indulgência futura, depois da morte, mas sim, “milagres” expressos, acontecidos ainda em vida, mostrados ao vivo na televisão pública, objeto de aclamação calorosa. São remunerados em espécie e através de votos eleitorais que os elevam aos píncaros do poder político. Tudo sob a maior complacência e cumplicidade das autoridades públicas.
Será que ninguém vê isso, só eu? Só eu? Talvez não! Creio que Marquinhos, de Paripe, bairro do subúrbio de Salvador–BA, também está ligado, muito embora, e impõe-se afirmar an passant, ele não vá para o céu se depender dos hipócritas. Vejam abaixo a transcrição da mensagem de WhatsApp que ele trocou com o pastor a respeito do dízimo de Deus, cobrado pelos seus procuradores na terra que exploram a boa-fé dos incautos:
A COBRANÇA:
“Marquinhos, bom dia. Seu dízimo está atrasado e você terá que pagar com multa e juros”.
A RESPOSTA DE MARQUINHOS:
“Pastor, com todo respeito. Vai tomar no seu cu sem cuspe e ainda bote areia no furico. Você e seu filho veado andando de carro novo. A igreja toda se arrombando e você querendo multa e juros do meu dízimo? Olha essa! Esse seu derramamento de espírito na igreja está uma merda. Você anda dizendo que foi pela fé que Israel conquistou a terra prometida e que é pela fé que iremos conquistar o reino de Deus. Mas estou ligado que essa terra prometida é muita onda de desejo e que até hoje Israel continua brigando com os palestinos por causa dessa dita terra prometida, além de sobreviver apenas com dinheiro dos outros. Em suma, se for com base nessa sua premissa fajuta, não sei nem se vamos conquistar esse tal de reino de Deus. Foda-se em nome do diabo”.
Martinho Lutero apresentou as suas “95 Regras” e emplacou grande cisma na igreja católica e no cristianismo, mas esqueceu uma. Esqueceu uma cláusula pétrea de controle das infinitas denominações religiosas protestantes que seriam criadas com a abertura do leque amplo. Cada um, atendendo aos interesses próximos e egoístas, cria uma igreja e, com base no guarda-chuva de amplo espectro da “nova fé e eterna aliança”, já começa a arrecadar dinheiro. Aqui em Salvador–BA mesmo, um sujeito fez uma igreja denominada “Igreja de Jesus Cristo Pescados”, mas parece que ele queria dizer “Igreja de Jesus Cristo Pescador”. O pintor teria trocado o “r” pelo “s” e ele deixou assim mesmo. “Coisa de Deus”, afirmou. Não importa o nome: alguém caiu na rede do mesmo jeito. São verdadeiros criminosos que usam o fundamentalismo religioso de mentira. Atores de desempenhos criminosos. Hipócritas desavergonhados!