Que padrão de qualidade seguir?
Eu sou muito exigente comigo mesmo. A cada releitura de qualquer texto que produzo, sempre encontro algo a ser melhorado.
“Por que não desenvolvi essa ideia de outro jeito?”, “como deixei essa informação de lado?” e “acho que não me expressei de forma clara” são questões que passam pela minha cabeça a todo instante.
O “problema” é que as respostas dos clientes costumam contradizer toda a minha desconfiança. São elogios ou meros agradecimentos que me enchem de alegria.
Curiosamente, ao mesmo tempo em que fico muito feliz quando leio um “parabéns pelo texto”, sinto uma pontinha de desapontamento. Desapontamento comigo mesmo, por ter passado minutos de agonia esquentando a cabeça sem qualquer motivo com medo do conteúdo não ser aprovado.
Demorei a entender que o nível de exigência que criei para o material que produzo não é condizente com a sua finalidade - na verdade, tenho dúvida se chega a ser condizente com qualquer coisa que não seja as minhas próprias manias, mas deixo isso para a minha terapia.
Textos que vão para a imprensa, blogs ou redes sociais não são candidatos ao Prêmio Nobel de Literatura. Por isso, devem primordialmente ser objetivos, claros e ricos em conteúdo. E não uma obra de arte.
Outro ponto importante: à medida que vamos conhecendo o cliente, passamos a aprender como atender as suas expectativas.
É nesse processo que costumam vir as críticas, mas aprendi a vê-las como uma oportunidade de melhorar e de entender a cabeça do cliente. Muitas vezes, temos que explicar os porquês do uso de algumas estruturas ou de algumas palavras que o cliente talvez considere inapropriadas.
Não é sempre que somos persuasivos o suficiente, mas isso não importa. A decisão final é dele, sempre, por isso vale a pena lutar só até a página 2. Se o conteúdo for claro o suficiente para o público-alvo (que nós, redatores, temos que conhecer como se fossem nós mesmos), já me sinto recompensado, mesmo com uma vírgula a menos ou um adjetivo a mais do que eu gostaria.
A experiência joga a favor no que diz respeito a saber como produzir um bom material. Com o tempo, percebi que o pessoal de Exatas em geral, principalmente das áreas de Engenharia e TI, são extremamente exigentes no que diz respeito à precisão técnica nas descrições de produtos e serviços, enquanto a turma de Humanas se toca mais pelo lado emocional do conteúdo. Cada um na sua e a gente vai se adaptando.
Mas, de novo: de nada adianta ter a precisão de um relógio suíço ou a emoção de uma ópera de Verdi se o conteúdo não for claro, inteligível e, principalmente, se não fizer o leitor captar a mensagem.
Uma pitada de estilo aqui e ali nunca é demais, claro, mas é sempre bom lembrar que, de modo geral, as pessoas que navegam pela internet buscam informação, e não uma obra de José Saramago.
Assim, concluo que o padrão de qualidade a ser seguido é fruto da experiência, do conhecimento das exigências do cliente e do público-alvo, além do bom senso que todo bom redator deve ter.