Que tipo de gestão é essa?

Que tipo de gestão é essa?

Alguém aí já se perguntou sobre a expressão capital humano?

Teríamos nós, humanos, alcançado um lugar de destaque dentro das organizações ao ponto de nos equiparar ao capital?

 

E a gestão de pessoas?


Observando as realidades do nosso entorno, em organizações, corporações, empresas dos mais diversos formatos [e não nos livros, ta?], o que está acontecendo é o olhar de cuidado para o bem estar das pessoas, para que estas se sintam potentes e pertencentes ou o desenvolvimento de práticas de administração do sofrimento para se produzir mais?

 

Ah.. aquela competição “saudável”, a disputa silenciosa [ou não] por quem chega mais cedo e sai mais tarde, as estratégias [nem sempre ortodoxas] para atingir o marcador de sucesso na bonificação, o relato orgulhoso de quem sacrificou finais de semana para entregar o projeto inatingível [e venceu], as mensagens implícitas de que para um ganhar o outro precisa perder. Se alguma dessas frases guarda uma mínima semelhança com situações que você viveu ou observou, segue o fio.

 

Já vi experiências de sofrimento em ambientes que estariam gerindo pessoas. E dentre as mais diversas respostas obtidas, destaco para essa reflexão as que foram na linha de: “um profissional deste nível não poderia estar passando por esse tipo de situação” [no sentido de descrença no relato] ou “espero que isso seja superado”, em outras palavras, esquecido, ignorado [mesmo que zero atenção tenha sido dada à causa] ou “é imaturidade esse tipo de relato pois bons profissionais não reclamam".

 

O ponto chave nessa equação não é o sofrimento em si, uma vez que alguma parcela de desconforto existencial faz parte da vida. A questão se torna emblemática quando:

1.      O agente que aciona o sofrimento está nesse ambiente laboral.

2.      Inexistem estruturas e processos para identificar essas situações e resolvê-las.

3.      Promove-se uma máxima moral de que é necessário ultrapassar limites [individuais, coletivos, éticos] para ascender nestes contextos. 

 

Muito cuidado com discursos que promovem o trabalho como horizonte máximo de realização nas nossas formas de vida. Atenção para esvaziamentos de biografias, para histórias que se resumem à currículos e listas de projetos, nossa vida é muito maior que isso!

 

Vejo a carreira como identidade, como algo que ajuda a nos definir socialmente. E justamente por isso que defendo a ideia de carreira como a expressão da nossa melhor versão, não uma versão adoecida.

 

E por aí, que tipo de gestão de pessoas você tem vivido?

Angela Caroline Figueiredo

Gestão Jurídica | Governance Officer | Governança Corporativa | Direito Societário

4 m

Certa vez, li uma frase que era mais ou menos assim: a inteligência emocional é necessária quando alguém ultrapassa um limite. A valorização do capital humano está intrinsecamente ligada à existência de um sistema de governança robusto que se empenhe em anular essa fragilidade corporativa, com implementação de estruturas, processos e, principalmente, formação de uma cultura ética e de respeito. Parabéns pela reflexão corajosa e necessária.

Thaís Cutrim

RIG | Governança | Compliance | ESG | Public Affairs | Advocacy

4 m

Adorei a reflexão. Se realmente tratado como capital financeiro, a gestão de gente focaria em aplicar todas as suas pessoas nas melhores categorias de investimento, prestando atenção no retorno positivo e evitando perdas. Que um dia alcancemos o real status e importância do capital, para que os cuidados se voltem para a gente que faz dos recursos, o produto. De gente para gente, "o negócio" mora no meio. O bem vendido reside entre o colaborador e o cliente. Não há como chegar no topo ou alcançar destaque sem as mãos que fazem tudo acontecer, e mesmo num mundo de IA super conectado as realizações serão sempre e invariavelmente humanas.

Rachel Santos

Perita - Consumo de Energia| Periculosidade e insalubridade | Assistente Técnico | Perícias | TOI | Fatura | Consultora de Energia | Eficiência Energética | Energia Renováveis.

4 m

Texto perfeito! Infelizmente eu me enxerguei passando por muitas das situações que você apresentou... E depois que fui mãe, percebi o que realmente tem valor em nossas vidas e resolvi ressignificar o trabalho em minha vida. Um abraço.

Gabriela Vianna

Governança Corporativa | ESG | Desenvolvimento de negócios | Gestão Estratégica

4 m

Esse texto me fez lembrar de um conceito que gosto muito, o de antifragilidade, mas que por vezes penso: Será que não romantizamos muito sobre o tema, não? E qual o limite entre a antifragilidade e o burnout? A linha tênue. Excelente reflexão, Érika! Adorei!

Mizzi Gomes Gedeon

Advogada na Gomes Gedeon Consultoria e Advocacia

4 m

Excelente.

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