Quem é você na pandemia?

Quem é você na pandemia?

No começo desse vuco-vuco da pandemia, as pessoas achavam que a vida não iria mudar tanto, que era uma fase passageira. Uma ou outra coisa iriam mudar por causa do isolamento, mas, no geral, tudo ficaria como sempre foi. 

Mas essa mentalidade foi mudando com o passar das semanas e da presença do corona em nossas vidas. Começamos a ver dificuldade em achar respostas para nossos problemas de dentro de casa, já que antes era tudo fora. E aí começa aquele processo da descontextualização da casa e da vida, de modo geral. 

Até os nossos gastos ganharam novos destinos. O aumento dos gastos com comida e bebida foram significantes. Mas até aí, as pessoas não estavam estranhando tanto essa vida isolada. Até que a saudade bateu. 

E a saudade bateu quando nos tocamos de que esse seria um processo longo. Demoraria mais do que o previsto para rever quem estava longe. É nesse momento também que algumas preocupações começam a eclodir nas mentes ansiosas. 

Vendo as notícias, não tinha como não ficar preocupado com o salário. Conforme a crise foi aumentando, o desemprego superou as expectativas de qualquer outra época. Começamos a viver tempos de incerteza com tanta demissão rolando semana pós semana. 

E esse medo do desemprego motivou muitas pessoas a continuarem a sair de casa para trabalhar mesmo com um vírus altamente contagioso por toda parte. A aderência do isolamento teria sido maior se todos tivessem as mesmas condições. 

De todas as dificuldades que estamos enfrentando nos últimos meses, acabar com o tédio tem sido o mais difícil. A sensação é de que nunca passa. por isso que o entretenimento se tornou um dos pilares fundamentais para nossa sobrevivência em tempos de pandemia. 

O fenômeno das lives bombásticas é o reflexo dessa imersão no tédio constante, que virou rotina. Ter um evento, mesma que seja pela tela do computador, já muda o humor de muita gente. E é muito gente mesmo. Milhões de pessoas assistindo, se arrumando e bebendo na frente das lives para tentar escapar da monotonia.  

O tédio também foi responsável pela era do pão na quarentena. As pessoas se aventurando na cozinha para matar o tédio e diminuir a ansiedade resultou em uma chuva de fotos de pães e bolos nas redes sociais. 

Em tempos de pandemia, cada um arrumou um jeito de viver entre quatro paredes. 

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