Quem tem padrinho, não morre pagão!
"Impactado com o enorme alcance do último texto demorei-me um pouco mais para escrever um post inédito porque meu nível de exigência fica em grau máximo depois de publicar algo que realmente foi bem aceito por meus 66 leitores do blog. Mesmo não tendo muitos comentários na área destinada para este fim no próprio blog, este último texto foi pródigo em comentários nas redes sociais, emails, telefones e mesmo bate papos ao vivo e a cores. Alguns dos mais chegados disseram inclusive de que eu estaria dando ideias para a concorrência e afins, mas neste caso prefiro olhar pela ótica de que o que escrevi ali já está mais do que claro a quem realmente trabalha com seriedade e competência no meio, então aqueles que já não haviam atentado para os ‘toques’ dados na consultoria 0800 é porque não merecem muita atenção mesmo, certamente continuarão na mesma toada de sempre.
Mas quero falar de um assunto que já faz muito tempo deveria virar um post aqui no Observatório Cristão. Por motivos que fogem ao meu controle alguns assuntos demoram semanas, até meses para oficialmente estrearem no blog. E este é um caso clássico de “deixado para trás”. Há uns 4 ou 5 anos escrevi aqui no blog sobre a necessidade de termos mentores, pessoas com um pouco mais de experiência que serviriam como ‘professores’, ‘líderes’, ‘exemplos a serem seguidos’ e de como infelizmente em boa parte de minha trajetória profissional fui tolido de ter esta oportunidade. Praticamente tornei-me um auto-didata do meio fonográfico gospel pela mais absoluta falta de profissionais que servissem como mentores em minha área.
E talvez por esse ‘trauma’ pessoal eu tenha tanto prazer em dividir um pouco de meu conhecimento e experiências. Vez ou outra quando viajo para algumas cidades sou convidado a encontrar com jovens músicos, estudantes de comunicação ou mesmo amigos para poder dar dicas, tirar dúvidas e coisas do tipo. Mesmo em meio a viagens estafantes este tipo de convite jamais foi negado por mim pelo simples fato de eu gostar demais destes eventos e por entender a importância de momentos como este na formação profissional de jovens. A própria existência deste blog nada mais é do que um exercício permanente de troca de experiência e doação de meu tempo para o crescimento intelectual e informativo dos leitores. Portanto, creio na importância de termos exemplos e facilitadores em nossa vida pessoal e profissional.
E aí, analisando o meio artístico gospel, percebo que esta prática não é em nada disseminada. Qual artista jovem foi apoiado intensamente por outro artista já estabelecido no meio gospel tupiniquim nos últimos 10 anos? Me esforço para pensar em alguns nomes e confesso que nem um único nome me vem à mente. Talvez vocês possam me ajudar e indicar algum artista do segmento que tenha ‘aberto portas’ para outro artista iniciante no meio gospel, porque eu mesmo não consigo elencar um único nome. E por que essa falta de atitudes neste sentido?
O ‘apadrinhamento’ não é raro no meio artístico secular. O hoje consolidado Zeca Pagodinho foi lançado e cuidado por sua mentora Beth Carvalho, grande dama do samba. Nomes como Ivone Lara, Luan Santana, Seu Jorge, Lulu Santos foram apoiados por ‘padrinhos’ até conquistarem o seu espaço no cenário artístico. Atualmente a banda Donica e Mosquito são duas recentes novidades que contam com o apoio de ninguém menos do que Caetano Veloso.
Há uns 3 ou 4 anos atrás surgiu uma jovem cantora no meio gospel que participara de um DVD de um grande astro do meio. Ali poderia ter surgido um apadrinhamento clássico de um artista consolidado abrindo espaço para uma jovem promessa, mas bastaram uns 2 a 3 shows juntos para que a parceria se desfizesse sem maiores explicações. Não sei se o que falta no nosso meio é apenas esse alerta ou se realmente os medalhões estão realmente só focados em seu próprio projeto, ou pra usar o jargão do evangeliquês, seu ministério.
A verdade é que precisamos de mais padrinhos na música gospel. Imagine só um artista que chegasse ao mercado com o apoio e respaldo de um artista do naipe de Aline Barros, André Valadão, Fernandinho, Damares, Shirley Carvalhaes, Cassiane, entre outros. No mínimo este apadrinhamento traria uma espécie de selo de qualidade e enorme expectativa do público pelo trabalho do jovem artista. Precisamos de mais mentores em nosso meio! Precisamos que os artistas consolidados ajudem a quem está chegando a romper com alguns obstáculos!
Da parte dos contratantes acho que não teria problema algum em fechar o pacote do grande nome e do jovem artista apadrinhado. Geralmente estes jovens artistas estão na estrada em busca de experiência e divulgação, então os custos extras certamente não serão impeditivos aos contratantes. E para o artista top, o fato de ter uma banda ou artista fixo abrindo seus shows garante uma série de vantagens como por exemplo a diminuição de estresses entre as equipes técnicas. Além disso há um claro benefício na imagem do artista consolidado dando força para artistas da nova geração. Isso é fato! Isso sem falar nas questões econômicas onde o escritório do artista consolidado pode também administrar os shows e cachês do apadrinhado, o que é algo absolutamente natural. Ou seja, só vejo vantagens nesta ação entre amigos.
O meio artístico é naturalmente competitivo. Não tem como negar isso! Pode até mesmo ser considerada uma característica inerente entre pessoas deste estilo, mas o despojamento e altruísmo também é aspecto comum neste ambiente. Sinceramente acho que no meio gospel este comportamento ainda não se tornou mais comum pela falta de um ‘estalo’ talvez … quem sabe?
Então considere esse texto como um alerta, um ‘se liga irmão!’, um ‘estalo’ … vai que funciona?
Boa semana!"
Mauricio Soares, publicitário, bom de papo, jornalista, consultor de marketing.
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