Quem você quer ser quando crescer?
Acho que todo mundo que já passou por uma avaliação de PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) no trabalho foi confrontado com a fatídica pergunta: quem você quer ser daqui a um determinado tempo?
Alguns possuem a resposta na ponta da língua. Essas pessoas têm a vida planejada - ou ao menos sonhada - já há algum tempo e não hesitam em descrever o cenário completo de suas trajetórias na Terra. Outros, porém, consideram tantas possibilidades que é praticamente impossível determinar um só caminho. No meu caso, a minha trajetória profissional é tão ramificada que eu tive uma dificuldade enorme para saber dos meus gostos e desejos e mais ainda para desenhar uma linha de crescimento em uma única carreira. Portanto, para enfrentar esse desafio, resolvi olhar para as perguntas de uma maneira diferente.
Em vez de tentar encontrar respostas em uma profissão, visualizei o cenário futuro como se tirasse uma foto de uma cena de filme. Na prática, é como se eu substituísse o "em cinco anos quero ser padeira" por "em cinco anos quero estar vibrando de emoção enquanto comemoro uma premiação com minha esposa e filhos". Neste novo método, procuro imaginar um momento em específico, uma emoção sentida naquele instante, outras personagens dessa narrativa e com isso em mente consigo pensar em causas (justificativas) e consequências (oportunidades) para a minha carreira como um todo. Vou tentar exemplificar nos parágrafos a seguir.
Meu plano
Daqui a um ano, em meados de 2023, eu me vejo preparando um almoço delicioso e saudável em casa e esperando minha namorada chegar para comer. Estou com roupas confortáveis e dançando uma música animada na cozinha. Isso significa que eu gostaria de estar trabalhando de casa - ou pelo menos em modelo híbrido - e que eu possa ter um tempo de descanso suficiente para preparar meu almoço e comer em paz. Acredito que um dia de trabalho satisfatório é aquele em que minha saúde e bem-estar importam tanto quanto a produtividade. Quero poder fazer entregas de qualidade em tempo hábil para curtir com as pessoas que amo. Ainda me vejo fazendo Design de Experiências, estudando e me aprimorando sempre. Espero ter mais maturidade de design e mais responsabilidades compatíveis com meu novo cargo. Além disso, me vejo ingressando formalmente na área de Diversidade e Inclusão da empresa.
Em cinco anos, eu quero ter condições de ter um filho ou uma filha. Provavelmente por conta disso, vou precisar me mudar da kitnet em que vivo hoje em dia. Até lá, pretendo não ter grandes surpresas em relação à moradia. Desde que saí de casa foi tudo muito tumultuado e acabou atrapalhando minha performance laboral. Eu vejo um futuro estável para mim e minha família. Ao menos, mais estável do que é hoje. Vislumbro uma carreira cada vez mais ascendente na área de Diversidade e Inclusão, principalmente se eu conseguir conectar a função com bagagens anteriores em pesquisa e por que não Design de Serviços também? Acima de qualquer cargo, salário ou rotina, prezo demais por qualidade de vida. Isso significa que não somente quero trabalhar com o que eu gosto de fazer todos os dias, como também preciso cuidar atentamente da minha saúde mental. Uma empresa humanizada - com certificado, de preferência -, com coworkers curiosos, criativos, mentes abertas e acolhedores é o local em que eu sonho em trabalhar.
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O ano de 2032 era algo completamente inimaginável para a Deborah de alguns meses atrás. Como aquariana com ascendente em peixes, claro que os sonhos sempre foram pra lá do espaço sideral, mas pouco se falava em planos. Para ser bastante sincera, nunca acreditei que a gente precisava de planejamento para realizar o que quer que quiséssemos. É que a vida é tão inconstante e tudo parece tão mágico e interessante. Não fazia sentido para mim traçar um caminho linear de progressão de carreira se a cada dia eu queria seguir por uma estrada diferente. Isso não mudou muito, confesso. Mas fui percebendo com o tempo que alguns cortes de cena eram bons demais para ficarem fora deste longa-metragem. Em 10 anos, vejo que tenho autonomia para escolher clientes, demandas, processos, rotinas. Quero poder continuar colocando meus princípios e ideias acima de outras importâncias, pois nunca deixei de acreditar que é possível trabalhar com aquilo que a gente gosta, se importa e quer ver melhorar. Vejo uma mulher feliz e realizada por ter conquistado prestígio em uma área pouco valorizada. Eu vejo paixão pela causa, sucesso suado e calos de aprendizado.
Nos anos seguintes, me vejo mentorando e inspirando jovens, particularmente de baixa renda, mulheres e/ou LGBTs. Mais do que ensinar, quero trocar com a nova geração e aprender com eles e elas novas formas de fazer aquilo que eu já sei fazer. Quero poder sempre me reinventar e lecionar priorizando as relações humanas. Quem disse que no auge dos meus 40 anos eu não posso (re)aprender física com uma menina do ensino fundamental?
Por fim, acho que essencialmente quero ser como meu avô, que nunca deixou morrer a criança interior dele. Mesmo seguindo uma profissão na área da saúde, não abandonou a veia artística e sempre se envolveu com algum projeto pessoal. Depois de aposentado, aprendeu sozinho a montar objetos de bijuteria, como bolsas, porta-guardanapos, vasos de plantas, cachorrinhos, etc. Este é apenas um dos exemplos da sua altivez. O legado que ele deixa pra mim e para meus familiares é de que as limitações físicas do tempo não nos impede de realizar nossos maiores sonhos e nem nossos menores desejos.
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Este é o meu plano de carreira. E você? Quem você quer ser quando crescer?
Designer de Estratégias e Serviços
2 aVocê não precisa esperar até os 40 para inspirar pessoas, Debs. Isso já acontece no hoje e no agora. Obrigada por compartilhar uma visão de futuro tão linda. É assim que eu quero ser quando crescer. 💕