Quer saber para onde vai a economia do Brasil? Esse é o único indicador que importa

Quer saber para onde vai a economia do Brasil? Esse é o único indicador que importa

Existem muitos indicadores que medem o desempenho da economia brasileira. Cada um tem seu valor. PIB, vendas no varejo, confiança do consumidor, exportações, déficit e superavit... e por aí vai. Aumentou a venda de carros? Caiu o endividamento? Aumentou a poupança? A safra é recorde? Tudo tem sua importância para entender onde estamos e para onde vamos. Mas como sempre digo, "tudo" é muita coisa.

De todos os indicadores econômicos, elegi um como o mais importante para prever o futuro da nossa economia. É a Arrecadação de Impostos. Quanto o governo está arrecadando. Porque isso nos informa, de uma vez só, sobre muitas coisas. Como estão as vendas das empresas. Como está o consumo. Qual será a capacidade futura do governo pagar suas contas, pagar suas dívidas, e - se sobrar alguma coisa - investir no país.

Há muitos anos uso esse indicador como o mais preciso para fazer meu planejamento financeiro, como pessoa física e jurídica. Não é bola de cristal. É pé no chão. Até porque esses indicadores setoriais só mostram uma faceta da realidade. No momento as vendas subiram um pouco e o endividamento caiu um pouco. Por quê? Efeito da liberação do FGTS. Que acaba daqui a pouco. São dados que dizem pouco, em termos de tendência para o segundo semestre e o ano que vem.

Como estamos em uma recessão, esse indicador é ainda mais importante. É matematicamente impossível sair de uma recessão sem investimento. Mas as pessoas estão sem dinheiro e com receio. As empresas estão na retranca; ou mal das pernas, ou, as poucas que têm recursos, deixando eles nos bancos em vez de arriscar. O investidor estrangeiro não vai botar dinheiro aqui que não seja de curto prazo.

Temos uma incógnita gigante, que é o que nos espera de 2018 para frente - podemos eleger um radical da austeridade, ou um aventureiro, ou um Congresso ainda pior que esse, sabe-se lá. E, claro, a cada dia aparece uma nova denúncia enfraquecendo nosso executivo, legislativo, e aliás judiciário.

Ou seja: se as pessoas, as empresas, os estrangeiros não estão investindo. Restaria o governo investir. Mas ele terá capacidade para isso? Afinal, em uma recessão, cai a arrecadação do governo. E é exatamente esse o indicador que mais importa para mim.

Reportagem de hoje no jornal Valor Econômico informa que houve queda da arrecadação federal em maio de 2017, comparando com maio de 2016. Mais: "houve queda quase generalizada dos tributos, particularmente aqueles relacionados com a atividade econômica." Mais: os dados de maio reforçam a trajetória negativa da arrecadação. Nos primeiros quatro meses de 2017, a arrecadação ficou R$ 19,6 bilhões abaixo do esperado. Vale lembrar que nesse início de ano entrou o dinheiro do Imposto de Renda. O Valor usou dados oficiais, do Siafi, o sistema eletrônico que registra todas as despesas e receitas da União. O artigo completo está aqui.

Esse dado nos informa o seguinte: não só o governo não vai conseguir investir em 2017 para revertar nossa recessão, como tem grande chance do governo nem conseguir cumprir a meta fiscal de 2017. Porque, obviamente, não há nenhuma razão concreta para acreditarmos que a arrecadação vai crescer nos próximos meses.

E depois disso? Bem, o governo Temer aprovou ano passado a PEC do Teto dos Gastos, que estabelece um teto para os gastos públicos. Determina que a União só poderá gastar o que mesmo que no ano anterior, acrescido da inflação do período. Essa lei limita severamente a capacidade do governo brasileiro atuar para estimular a economia. Ficamos ao sabor dos ventos, da disposição das empresas se arriscarem, da iniciativa de estrangeiros investirem aqui. Talvez o próximo presidente e Congresso mudem essa lei. Talvez por algo pior ainda...

O futuro após a eleição de 2018 é nebuloso. Daqui até lá, é previsível. A recessão estará conosco até onde os olhos conseguem ver.




André Bruno

Especialista em vendas B2B no mercado de Construção civil e Repintura Automotiva

7 a

Concordo em quase tudo. Só acho que, a capacidade de estimular a economia não é do governo, mas da iniciativa privada. E a lei de austeridade fiscal, é mais do que necessária, para por freios a um governo agigantado, ineficiente e bastante perdulário. O país precisa de um estado infinitamente menor e que cumpra com suas atribuições básicas, o que está muito longe de conseguir.

Ariadne Suszek

Product Consultant & Project Management @ Google, MBA, AI Principles Pioneer @ Google, Data and Business Analysis

7 a

E na sua opinião André qual dos candidatos que estão despontando até o momento podem trabalhar mais efetivamente pra economia?

Marli N.Viegas

Swing Trader / Scalper na empresa Bovespa

7 a

Esse país e os nossos governantes já me fizeram chorar muito, tristeza de ver o trabalho de muitos anos de perdido, assim como de muitas empresas que tentam superar essa coisa ruim que vivemos, mas vamos conseguir sair dessa.

Concordo com a análise. Mas creio ter havido uma sugestão bem sutil de que a saída é o gasto público e um pouco de economia de estado. Nisso, concordo em partes. Economia de estado não pode ser saída duradoura, senão apenas de arranque. Além de educação, saúde e segurança, a atividade que o estado deve se propor a fazer é fiscalizar a livre iniciativa com regras claras. E, talvez, manter atividades de regulador de estoque de produtos estratégicos. No demais, a sociedade deve cuidar.

Michel Cunha

Consultor de investimentos imobiliários CRECI 30.269 / Perito avaliador CNAI 28.324 / Gestor comercial

7 a

Crise ou oportunidade? O Uber e o Airbnb surgiram daí, quem puder e tiver que use sua criatividade.

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