A realidade que vira sonho

Taísa Sanitá Selis

"Nunca estudei para trabalhar sentada na cadeira", disse uma desconhecida. "Nunca estudei para montar meu primeiro negócio", Marcelo, CEO da Frooty. Ambos depoimentos de realidades pouco similares. A primeira, baiana ajudava na colheita do sítio com seus pais, o segundo, auxiliava o pai a vender frutas.

 De fato, entre as duas histórias há uma que teve mais galhos para se apoiar que outra, talvez pelo jardim ter árvores mais robustas, e o caminho ser ladrilhado com a ajuda dos pais, o que também não desmerece a trilha do aventureiro.

 Como empreendedor, Marcelo enfrentou vários desafios, assumindo prejuízos durante quatro anos para chegar ao reconhecimento de 24 anos de história. Nessa fase seu pai sempre dizia, "não fique no escritório contando as dívidas, vá para a rua buscar novas receitas".

 O luto do primeiro fracasso passou despercebido pelo jovem que começou aos 19 anos. A garra, como num jogo de tênis, o permitiu ter determinação e colocar metas em seu caminho. Estava sozinho, mas dentro de si tinha uma única certeza, nunca parar de trabalhar.

 As oportunidades são como estrelas cadentes, vistas por poucos, em momentos pontuais, ou até mesmo únicos. Ao piscar elas passam despercebidas fazendo com que segundos sejam desperdiçados em uma trajetória de vida.

 Talvez o legado, propósito, projeto esteja mais alcançável que o imaginável, mas os olhares nunca se permitiram brilhar para ele. Pode estar na oficina do avô, na loja do pai, nos doces da tia, nas roupas costuradas pela avó, até mesmo nos desenhos quando criança, nas discussões sadias com os amigos.

 Luiza Helena Trajano, CEO do Magazine Luiza, gosta de citar que devemos ser "agoristas", de pensar no hoje, o fazer agora, para colhermos as consequências amanhã. Afinal, quem vai empreender uma ideia para você, se não for você mesmo?