Reflexões provocativas: Pessoas e Processos ou Processos e Pessoas?

Reflexões provocativas: Pessoas e Processos ou Processos e Pessoas?

É uma unanimidade no universo corporativo que um negócio de sucesso é construído por Pessoas comprometidas e capacitadas. São elas, dizem “os gurus da administração”, as responsáveis pela geração crescente de valor nas Organizações. “Invista em pessoas e o retorno será líquido e certo”.

Por outro lado, as estatísticas também mostram que as “perdas nas empresas, na maioria esmagadora, são frutos do comportamento humano inapropriado”.

Ora, basta ligar as duas condições acima para que recomendemos como boa prática de gestão que se defina como pilar central dos negócios as Pessoas e fim de papo.

Nos quase 40 anos de vivência corporativa, passei boa parte do meu tempo cuidando desse pilar. Pessoas: seu treinamento e motivação sempre foram meus principais focos. Primeiramente, como executivo a frente dos negócios e, posteriormente, como consultor. Então o que mudou? Acontece que de alguns anos para cá venho observando que esse pilar central necessita de alguns ingredientes vitais para que ele resista aos desafios e dificuldades que acontecem na trajetória dos negócios. E esses ingredientes são os Processos. Atualmente,  reconheço que Processos mal concebidos, mal estruturados são um inimigo tão o mais mortal para as empresas quanto a incapacitação e a falta de comprometimento das pessoas. Na verdade, hoje, não consigo nos trabalhos que desenvolvo separar as Pessoas dos Processos e parto do princípio, até que me mostrem o contrário, que “processos inadequados geram comportamentos humanos inadequados”. Eles são, em que pese a capacitação das pessoas, exterminadores da motivação, do comprometimento e causa da baixa produtividade de que tanto se fala em relação a vários segmentos de negócios no Brasil.

Utilizo uma metodologia muito simples  ao iniciar qualquer projeto nos clientes que me solicitam iniciativas na área de desenvolvimento de liderança e que tem se revelado muito efetivo em demonstrar a proporção enorme de Processos mal estruturados que são mantidos nas organizações, muita das vezes, de forma automática ou por força de uma legislação “bur(r)ocrática” com repercussão direta na forma de agir das Pessoas, no clima organizacional e no resultado dos negócios. Em entrevistas individuais, que não levam mais de 30 minutos cada uma, proponho que os entrevistados respondam a 4 indagações relativas à geração de valor para o negócio, dentro de sua ótica pessoal e profissional

Com essas 4 (quatro) perguntas feitas de forma direta consigo reunir uma enorme quantidade de informações que, compiladas adequadamente, me permitem quase sempre recomendar ao cliente que paralelamente ao programa de desenvolvimento de Liderança solicitado, invista em rever uma razoável quantidade de Processos, e se possível eliminar aqueles que existem apenas por existir, obra de alguém que atingido por uma descarga de criatividade concebeu um conjunto de procedimentos (que acabam por formar um determinado Processo) que não cumprem o seu papel mais importante que é o de gerar valor para os acionistas e para os clientes da empresa e, para piorar, ainda, acabam por tornar o dia a dia das Pessoas mais ineficiente.

 Neste mesmo encontro inicial, proponho aos entrevistados que façam uma análise das suas atividade diária, que são partes, ou deveriam ser, de um processo primário (de negócio) ou secundário (de apoio) listando-os numa coluna e digitando numa outra coluna a resposta a seguinte pergunta: 

O Que acontecerá com o negócio da empresa se eu de parar de fazer essa atividade?

 O retorno que obtenho sistematicamente dos que se dispõem a fazer esse exercício é impressionante. Confirmam a teoria dos 80/20, que traduz o fato de que 80% das nossas atividades e do nosso tempo são desperdiçados com Processos que não têm valor algum para o negócio, restando apenas 20% para o que efetivamente interessa, ou seja, não leva nada a lugar algum. Só causa ruído, desmotivação e improdutividade. 

Portanto, fica a provocação...  Processos e Pessoas ou Pessoas e Processos?

 Até a próxima. E lembre-se: Foco, Força e Fé

                                        Cotia, 14 de agosto de 2015

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