Respeito
Artigo de Gustavo G. Boog
Como é para você:
• Lidar com os diferentes? pessoas com outros valores,
raça, idade etc.
• Respeitar os seus limites e os dos outros
• Não julgar, não ter preconceitos
• Respeitar e seguir as leis e regras
• Lembrar-se de alguma ocasião em que foi desrespeitado
O artigo a seguir, parte do “Livro das Qualidades dos Idosos Sábios” ajuda a buscar respostas.
“RESPEITO: Afirmando o valor próprio e dos outros, nós nos empenhamos em tratar os outros como eles querem ser tratados. Respeito é uma atitude de não-julgamento e um sentimento de valor e cuidado por pessoas, lugares e coisas. Esta atitude está ligada ao comportamento de como “tratamos” a nós mesmos e aos outros, em como falamos e o que fazemos.” em “Qualidades dos Sábios em Serviço” , texto elaborado pela Sage-ing International (*).
Respeito é um caminho de duas vias: nós queremos ser respeitados e devemos respeitar os outros. É preciso haver reciprocidade. Uma boa coisa é também respeitar a nós mesmos, reconhecer de fato quem somos. Respeito tem muito a ver com diversidade: nós somos diferentes um do outro, somos de raças, países, idiomas, tradições, religiões, sexo, idade diferentes, o que nos diferencia um do outro. Cada um de nós tem seus potenciais e suas limitações. E isso se altera no decorrer dos anos. Quando sou jovem, cheio de energia, meu corpo permite que eu faça muitas coisas, por exemplo, ir dançar a noite toda e ir direto ao meu trabalho. Posso comer muito, alimentação não saudável, sem muitos problemas. Mas, com o passar dos anos, uma noitada vai exigir dois ou três dias de descanso, de um ritmo mais lento. Se comi demais num jantar na casa de amigos, talvez tenha que tomar algum medicamento que ajude a minha digestão, que agora está mais lenta. Respeitar-se é também conviver bem com essas realidades.
Em uma recente apresentação que fiz sobre “O relacionamento entre as gerações: do confronto ao entendimento”, tivemos participantes de todas as idades: a silenciosa (1925-1944), os Baby Boomers (1945-1961), a geração X (1962-1977), a Y (1978-1994) e a Z (a partir de 1995). Agrupamos as pessoas por gerações, em círculos, e discutimos como cada geração se vê, como vê as outras e como gostariam de ser tratados, e o resultado unânime de todas as gerações foi: QUEREMOS SER TRATADOS COM RESPEITO. Os Baby Boomers disseram com respeito, educação, dignidade, sem cerimônia, como um igual, como amigo. Os jovens da Geração Z disseram como igual, como maduros o suficiente, como quem tem potencial de aprender, equilíbrio, respeito e gentileza, aceitar e ser aceito em relação às ideias. Cada geração é diferente das outras, tem valores e comportamentos próprios, mas é só diferente, e isso não quer dizer que é errada. A data em que cada um nasceu não pode ser mudada, mas a maneira de pensar, sentir e agir pode, para um modo mais respeitoso.
O respeito tem a ver também com humildade, com a postura de reconhecer que o diferente é só diferente. É reconhecer que não temos o monopólio da verdade, das escolhas certas, do caminho correto, é admitir que existam outras possibilidades diferentes das nossas. E que está tudo certo. Ao reconhecer as diferenças, o respeito é também uma atitude de não julgamento. Envolve respeitar um jeito de ser diferente, sem julgamentos do tipo está errado, eu faria diferente.
O respeito próprio é fundamental, aceitando e reverenciando quem somos, como seres únicos, com nossos potenciais e limitações. Se eu sou idoso, e não consigo mais subir uma escada correndo, tenho de respeitar esse limite que a idade trás. Reservar um tempo para nós mesmos é respeitar-se, é equilibrar as minhas necessidades com as necessidades dos outros.
Quando alguém ultrapassa os meus limites, ou os limites da lei, está praticando o desrespeito. As leis e as regras sociais existem para lidar bem com os relacionamentos humanos. Se vou jantar na casa de amigos de outra religião, e eles têm o hábito de fazerem uma oração antes da refeição, devo no mínimo silenciar nesse momento e respeitar uma tradição diferente da minha. Uma pessoa que tem limites rígidos e fechados, constrói muralhas a seu redor, e com isso fica isolado, o que é ruim. Mas quem tem limites fracos, ou até inexistentes, permite que seja invadido continuamente. Buscar um equilíbrio entre a rigidez e a abertura é um desafio, é respeitar-se para ter seus momentos de isolamento e de convívio social.
O respeito é conquistado, por exemplo, pelas contribuições que fazemos à sociedade. Um casal jovem faz muito pelos seus filhos, dá muito a eles. Serão respeitados pela educação e aprendizagem que proporcionaram aos filhos. Ao se tornarem idosos, devem ser respeitados pelo que fizeram, e que não podem mais fazer, pelo menos na mesma intensidade.
O respeito não pode ser imposto, pois aí se transforma em medo. Um exemplo vale mais que mil palavras. Um pai que dirige com excesso de velocidade, e é repreendido pelo seu filho pequeno, desrespeita a lei. Não adianta nada falar de respeito aos limites de velocidade, se ele não praticar isso. Um líder, dentro de uma empresa ou instituição, deve ser respeitado, mas não temido. Comportamentos ditatoriais, imposição, truculência, crueldade só geram medo, nunca respeito.
Devemos respeitar os compromissos que assumimos, pagar os empréstimos que fizemos, devolver o que emprestamos, consertar o que quebramos, enfim, respeitar o direito dos outros e os relacionamentos. Os políticos, por exemplo, deveriam respeitar as promessas de campanha.
Quando somos desrespeitados, a prática do feedback é uma possível solução, assim como o “sinto muito” que isso aconteceu. Em geral retaliações não funcionam bem. A situação é mais complexa se o ofensor for alguém com autoridade legal ou de uma posição hierárquica superior.
Os limites, devem ser respeitados ou desafiados? Não há uma regra geral, mas muitas vezes limites inadequados ou ultrapassados precisam ser desafiados, e isso transforma a sociedade! Confrontar as leis injustas vigentes, as normas inadequadas existentes costuma ser um processo longo, arriscado e difícil, mas necessário para mudanças que renovam as relações. Não devemos nunca nos acostumar com o que nos faz mal.
Respeito é muito importante, em todas as fases da vida, muda de características, mas exige fundamentalmente reciprocidade. Assim podemos respeitar e sermos respeitados, o que é bom.
(*) A Sage-ing International (www.sage-ing.org) dedica-se a apoiar idosos a exercerem seus papéis de líderes, compartilhando a sabedoria e o espírito essenciais para criar um mundo melhor para as atuais e futuras gerações.
Gustavo é coach e escritor, apoia pessoas de todas as gerações a tomarem decisões para serem mais plenas, terem clareza de objetivos e de significados de vida. Diretor da Boog Consultoria, conduz palestras e workshops sobre temas comportamentais. É escritor de mais de 20 livros e E-Books sobre desenvolvimento pessoal e organizacional. gustavo@boog.com.br www.boog.com.br Celular: + 55 (11) 99137-7691
Psicólogo | Recrutamento e Seleção | Treinamento e Desenvolvimento | Sustentabilidade e Bem-estar no Trabalho
4 aExcelente artigo. O respeito é atemporal!