Qualidade de vida, parentalidade e o papel das corporações nas transformações sociais
Dentre os muitos desafios enfrentados pelas organizações com o início da pandemia, a melhora da qualidade de vida (mental e física) está entre os assuntos mais urgentes a serem tratados.
A aproximação dos filhos e filhas para, literalmente, dentro das relações de trabalho, sejam elas para dentro das telas de reuniões, passando pelas mudanças nas dinâmicas familiares é um dos assuntos mais importantes ligados a melhora da qualidade de vida das famílias. Onde a primeira palavra-chave para enfrentarmos esse desafio é “equilíbrio”.
Promover o equilíbrio entre a vida pessoal, familiar e a vida no trabalho passa impreterivelmente por reavaliarmos nossas relações entre homens e mulheres, entre nossos filhos e filhas e nosso trabalho, assim como entre a vida coorporativa e as reais necessidades domésticas e familiares.
As corporações podem e devem fazer parte da transformação das relações entre trabalho e o cuidado parental; onde se tinha espaço para a escolha entre carreira e família, hoje, a palavra-chave é equilíbrio. Ao escolher um ou outro, inevitavelmente, abdicamos dos benefícios que ambos trazem para a vida pessoal e para o trabalho.
Durante séculos o mundo enxergou o cuidado parental com uma tarefa exclusivamente feminina, inata das mulheres e incompreensível pelos homens. Visão essa, construída pelos próprios homens, a fim de abdicar do trabalho parental de certa forma (um dos resquícios do que chamamos hoje de Patriarcado). Mas essa ideia vem tomando novos rumos com o empoderamento feminino, com a conquista das mulheres do mercado de trabalho, assim como a retomada dos pais de seu papel com cuidador, educador e igualmente transformadores da vida familiar. A visão onde ambos possam se dedicar a seus desejos e conciliar suas vidas pessoais e suas jornadas profissionais com a criação das próximas gerações, cada vez mais, é exigido por pais e mães, assim como, ganha espaço no mundo corporativo.
O ditado africano afirma que “é preciso de uma aldeia para criar uma criança”. O ditado não afirma que precisamos de várias mães, tias e irmãs; mas sim de uma diversidade de indivíduos com histórias diferentes, com gêneros diferentes, com habilidades singulares e com visões de mundo distintas. A diversidade é a segunda palavra-chave para uma sociedade saudável e igualitária.
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Diversidade significa dar voz, espaço, condições iguais e promover o debate sobre diversos pontos de vista sobre o mundo. Isso só será possível quando empresas, sociedade e famílias entenderem o poder da diversidade em seu dia a dia.
Passamos a maior parte do tempo de nossas vidas em nossos trabalhos, logo as empresas são a chave fundamental para a transformação da sociedade. Ao promoverem o debate sobre a parentalidade e a maior participação dos pais em suas vidas familiares, as empresas aumentam a participação das mulheres em suas empresas, aumentam a diversidade, diminuem o preconceito, reduz a saída das mulheres de seus trabalhos pós puerpério, diminui os custos de treinamento de novas funcionárias e aumentam a qualidade de vida (física e mental) de sua equipe de trabalho como um todo.
Promover o debate, as políticas e os programas sobre família e a primeira infância no ambiente corporativo melhora a experiência da jornada profissional; contribui para a formação da cidadania, do aprendizado de habilidades de sociais e vida, assim como estimula o cuidado parental como agente de transformação social.
Não espere que o mundo mude sem que você, e sua companhia, mudem.
No mundo em que vivemos, o papel das corporações na transformação das relações entre adultos é a melhor estratégia, a longo prazo, para desenvolvermos os futuros atores sociais, ou seja, nossas crianças. Não podemos cobrar delas o que nunca foi ensinado. Logo, seja você um agente transformador.
Beijo nas crianças.