A restrição de transporte público e a invisibilidade das pessoas com deficiência na pandemia

A restrição de transporte público e a invisibilidade das pessoas com deficiência na pandemia

Se atualmente o mundo todo vive o desafio de se manter isolado socialmente, isso não é novidade para as pessoas com deficiência ou em tratamento médico continuado. Historicamente, a luta pelos direitos delas é pautada em derrubar os muros da segregação e do distanciamento.

E se tem um fato que a pandemia escancarou no Brasil é a realidade de que nem todos podem simplesmente ficar em casa. As desigualdades sociais continuam a fazer frente e a impedir, inclusive, o cumprimento de regras impostas para conter o coronavírus. Isso porque a recomendação de permanecer em casa é desumana para quem necessita de cuidados médicos continuados.

As dificuldades específicas impostas pela Covid-19, como as medidas de restrição de circulação de transportes e suspensão de serviços - sobretudo a quem precisa de tratamentos que não podem ser suspensos ou interrompidos por condições intrínsecas à própria evolução da doença, como o câncer, ou doenças crônicas e raras as quais os tratamentos não podem ser pausados – somam-se às que já eram comuns no dia a dia, como locais sem acesso para cadeirantes, surdos e cegos, por exemplo.

Além disso, aqueles que dependem de serviços públicos ainda têm o problema com a falta de serviços, como o de fisioterapia, uma atividade indispensável para tratamentos preventivos e paliativos. Ou seja, tais medidas de restrição na circulação causam um impacto impiedoso às pessoas com deficiência, em especial as mentais.

Acrescenta-se a isso a necessidade de acompanhantes ou cuidadores em meio às medidas de distanciamento social. Com as mudanças no cotidiano e na dinâmica da sociedade, mesmo aqueles para os quais cuidadores são imprescindíveis ficaram às voltas em busca de uma solução, uma vez que não há transporte público para garantir que o cuidador chegue ao seu paciente. Desse modo, tanto cuidador quanto pessoa cuidada se veem no dilema de lutarem pela sobrevivência física e financeira.

A negação de direitos às pessoas com deficiência ou em tratamento médico continuado persiste, com ou sem pandemia. Ganhos e direitos que levaram décadas para serem conquistados estão sendo impactados de forma brutal. Por isso é imprescindível reconhecer a vulnerabilidade dessas pessoas com deficiência diante da pandemia e estabelecer condições distintas para garantir a igualdade.

No que depender da Azo, seguiremos firmes no objetivo de oferecer o acompanhamento profissional adequado a cada paciente, respeitando integralmente as medidas de segurança contra o coronavírus. Entendemos que uma luta não substitui a outra e esse é o momento de unirmos nossas forças para vencermos um antigo e um novo mal.

 


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