Resultado Pesquisa - Felicidade no Ambiente Corporativo - 3ª parte
Hoje falaremos sobre a 3ª parte da nossa pesquisa sobre Felicidade, abordando os “Aspectos Organizacionais”. Lembramos tratarem-se de fatores relativos à Empresa, à Liderança, e também de aspectos culturais que possuem impacto direto na satisfação profissional.
Uma pesquisa feita pela Robert Half aponta que, ter orgulho da organização em que trabalha e ser tratado com igualdade e respeito, são os principais geradores de felicidade no trabalho.
Quando questionados sobre sentirem orgulho da empresa em que trabalham, aproximadamente 82% dos respondentes concordam total ou parcialmente. Por outro lado, quase 18% relatou discordar (total ou parcialmente) ou posicionaram-se com neutralidade (não concordo, nem discordo).
Podemos refletir sobre o nível de energia que alguns desses profissionais podem despender ao trabalhar em um local do qual pouco se orgulham. Será que somos capazes de identificar essas pessoas no ambiente corporativo em que atuamos?
Em seu livro “A Coragem de ser imperfeito”, Brené Brown relata que a falta de feedback surgiu como preocupação principal nas entrevistas que se concentravam nas experiências de trabalho. Quando perguntado porque havia tanta falta de feedback em empresas e escolas, os principais tópicos eram recorrentes:
"Não nos sentimos à vontade com conversas difíceis."
"Não sabemos como dar e receber feedback de modo a fazer as pessoas e os processos avançarem. "
A autora defende que o feedback tem sucesso em culturas em que a meta não é “ficar à vontade com conversas difíceis”, mas normalizar o desconforto. Se os líderes esperam aprendizado verdadeiro, pensamento crítico e mudança, então o desconforto precisa se tornar normal. 37,8% das pessoas que responderam a pesquisa revelam satisfação parcial com a qualidade dos feedbacks recebidos, seguidos por 19,1% que discordam parcialmente.
Vale lembrar que o colaborador tem papel fundamental nesse processo, visto que espera-se que ele busque feedback junto ao gestor, além de mostrar-se receptivo para ouvir percepções sobre a maneira como é percebido.
Quando perguntamos se o favoritismo tende a prevalecer em detrimento da meritocracia na empresa em que trabalham, 51,2% revelaram concordar parcialmente ou não concordar nem discordar da afirmação. Esse resultado pode nos fazer pensar sobre a clareza com que a meritocracia é praticada em nossas empresas, e sobre a frequência com que a sensação de favoritismo ainda pode ser percebida como um fator decisivo para algumas tomadas de decisão.
Não restam dúvidas de que estamos falando de um tema delicado em nossas organizações, principalmente se levarmos em consideração os aspectos culturais do país, em que muitas vezes as relações profissionais e pessoais se misturam. Sendo assim, as empresas devem ter um cuidado especial na definição e no esclarecimento dos critérios estabelecidos nas suas escolhas, para que se obtenha maior isonomia no processo.
Nos casos em que “bullying, críticas na frente dos colegas, repreensões públicas e humilhações fazem parte do estilo de gestão da empresa”, estes podem ser alguns dos sinais de que a "cultura da vergonha" está impregnada - segundo Brené Brown. A pesquisa trouxe como maior número de respondentes aqueles que discordam totalmente da questão – 51,9% e, em segundo lugar, os que discordam parcialmente – 21%.
A autora defende que “é preciso tomar providências claras porque pode estar havendo uma "infestação de cupins" na empresa ou instituição - e isso não acontece da noite para o dia”. Outro dado para refletirmos diz respeito ao fato de que se “os funcionários forem obrigados a conviver constantemente com esse cenário, é certo que estarão repassando essa cultura para clientes e colaboradores”.
A missão, visão e os valores descritos pela empresa dizem muito sobre sua cultura. Nossa pesquisa questionou sobre a percepção dos participantes quanto à prática desses aspectos no dia a dia. A concordância parcial foi a que teve a maior porcentagem de respostas – 45% . Em segundo lugar (18,7%), os respondentes que se posicionaram de forma neutra (não concordam nem discordam) .
Esse resultado pode destacar a necessidade de conexão da filosofia das empresas (Missão, Visão e Valores) aos comportamentos do dia a dia da liderança. A prática desses pontos proporciona ao indivíduo uma clareza quanto à cultura e os comportamentos esperados do profissional. Tudo isso, aliado a uma cultura de feedback, pode levar a uma maior conexão dele com a empresa e, consequentemente, a um aumento do seu nível de contribuição.
Investigamos na pesquisa o espaço que as pessoas identificam em seu trabalho para dizer "eu não sei", "preciso de ajuda", ou até mesmo para pedir desculpas. 50,7% dos respondentes concorda totalmente com a afirmação, enquanto que 36% concorda parcialmente. A partir do momento que as empresas de fato disponibilizarem espaço para as pessoas experimentarem, estaremos legitimando a possibilidade de inovar, de provocar mudanças e, acima de tudo, de nos vermos como ser humanos falíveis que somos, mas com coragem para nos desafiarmos.
Encerramos aqui a análise sobre os três pilares contemplados na nossa pesquisa. Na última parte que enviaremos ainda esta semana apresentaremos os principais pontos que os profissionais trouxeram sobre o significado de felicidade no trabalho, bem como as ações que as empresas podem adotar para contribuir com esse tema.