A Síndrome do Algoritmo na Gestão e Liderança
Vivemos na era da previsibilidade! Cada vez mais líderes se pautam nos recursos e ferramentas oferecidas pela Inteligência Artificial para conduzir seus negócios e direcionar suas equipes. E isso é bom, é a busca pela minimização dos riscos!
Mas, o quanto somos ou estamos nos tornando escravos desses "dispositivos facilitadores"? Como anda nossa capacidade analítica e de improvisação, quando o processo automatizado falha ou sofre distorções, ocasionadas por variáveis que não controlamos?
Nas oportunidades diárias que tenho de interagir com executivos de muitas empresas, dos mais variados segmentos, tenho percebido que muitos líderes tem cada vez mais deixado de lado o aspecto humano da relação com suas equipes e focado quase que estritamente em processos automáticos, baseados em históricos que determinam o começo, meio e fim/resultados de cada atividade e/ou projeto. Gestores querendo cada vez menos interagir com as equipes, ou fazer isso apenas por meio de ferramentas virtuais.
O que você faz quando um planejamento que foi construído em cima de dados históricos e calculado passo-a-passo minuciosamente sofre um abalo, causado por uma variável que não estava no script? Você se sente preparado para lidar com esse tipo de situação e, mais que isso, identificar soluções satisfatórias e tomar decisões para contornar o problema e reestabelecer o ciclo de continuidade do processo?
Qual o impacto e reflexos que uma possível “omissão” ou até mesmo demonstrações de insegurança e ausência de coragem para correr riscos do líder pode causar na equipe? Quando o planejamento não está fluindo como deveria, você analisa as causas e consequências e envolve a equipe na discussão e definição das soluções possíveis, conferindo a todos condições de executar a atividade com pleno conhecimento do porque de cada ação e seus objetivos?
Ou analisa, define e ordena a execução, sem se preocupar em fazer com que todos participem, conheçam e entendam o porque de cada ação planejada?
Minha intenção não é dizer o que é certo ou errado, o que funciona ou não. Não tenho de forma alguma essa pretensão. Tenho minha opinião do que de fato funciona e traz resultados consistentes e sustentáveis, e entendo que cada um de nós precisa avaliar essas questões e tirar suas próprias conclusões e verdades. Porém, o ponto para mim que não pode ser tratado com irrelevância é o da automatização total, onde olhamos para tudo e para todos apenas como integrantes de um processo previamente calculado, sem demonstrar preocupação com os aspectos emocionais envolvidos.
A grande maioria dos problemas que não estavam previstos no planejamento tem como origem as pessoas, e as soluções para esse problemas também nascem e passam por essas mesmas pessoas. Exercitar a capacidade de se relacionar, interpretar sinais, entender um olhar, fazer a leitura de um semblante são fundamentais. Afinal, olhares e semblantes dizem mais que palavras. E são mais confiáveis!
A permanente busca pelo aprendizado nos proporcionará maior segurança nos momentos em que a coragem para correr riscos, tomando decisões para contornar imprevistos, for requerida.