Saúde e Segurança Importam?

Saúde e Segurança Importam?

Eu lembro de algumas coisas da infância que marcaram definitivamente a minha percepção de segurança e de como acontecem os acidentes. Uma das mais relevantes foi a sequência de reportagens que mostravam com razoável frequência as lesões e mortes durante a construção da Ponte Rio x Niterói - uma obra considerada impressionante para sua época e de extrema importância para o governo militar que regia o Brasil. Mesmo criança ficava pensando em como uma pessoa poderia se descuidar em uma altura tão grande ou então como poderia trabalhar sem estar preso por uma corda (isso mesmo, eu achava que segurança era estar preso por uma corda...).

Depois, já na minha carreira de produtor, vi a dura evolução da cultura da segurança e a ainda mais dura luta de quem tenta implementar esta cultura durante os eventos. Sem dúvida evoluímos, mas ainda tenho aquela mesma perplexidade infantil quando busco uma explicação para o porquê das empresas serem tão refratárias à adoção de práticas que no final do dia só ajudam a melhorar seu desempenho. Ao contrário dos anos da ponte Rio x Niterói, hoje temos mais acesso a estudos, conhecimento, técnicas e equipamentos a um custo-versus-benefício indiscutivelmente vantajoso. Vejo a quase totalidade das montadoras, empreiteiras, prestadoras de serviços sem prestar a devida atenção a este tópico. A mão-de-obra pode ser temporária, mas uma lesão causa danos imediatos e algumas vezes permanentes às mesmas pessoas que estão ali, rodando a engrenagem e fazendo as coisas acontecerem.

É fácil enumerar os prejuízos em caso de acidente ou doença decorrente da falta de proteção individual: interrupção da tarefa, substituição do colaborador, reaprendizado da tarefa, custos com o amparo médico e jurídico. Isto sem falar que, para o colaborador quase sempre temporário, esta interrupção implica em prejuízo financeiro instantâneo, já que ele recebe por empreitada! É o famoso acordo perde-perde. No momento em que todos nos empenharmos em fazer cumprir as normas de segurança, os frutos virão rapidamente. O primeiro deles é a percepção de que estamos cuidando uns dos outros e isto gera empatia entre empregador e empregado. Depois, logo na sequência vem o financeiro: mais pessoas voltando ao trabalho em condições de desempenhar bem suas tarefas dentro do prazo e do orçamento. E muitas outras se seguem a estas duas. Então qual o problema em usar o que está aí para ser usado?

A resposta é: acomodação. Penso: não me movo a não ser por multa ou fiscalização. Ou pior, faço somente o mínimo necessário para passar pelo projeto sem ser incomodado pelos fiscais. A meu ver a postura deve ser de inconformidade, tentar melhorar, ajudar a evoluir. Neste caso, fazer sempre as mesmas coisas não produz os mesmos resultados, mas sim respostas piores e mais perigosas. As ferramentas de hoje são mais poderosas, velozes e consequentemente mais perigosas e as possíveis sequelas de acidentes causados por elas são muito graves.

Existem outras cabeças que pensam assim. Eu peço que se manifestem e ajam! Tudo que nós precisamos é de atitude correta e trabalho para colher bons resultados.


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