Saúde mental no mundo corporativo: uma preocupação importante ou passageira?

Saúde mental no mundo corporativo: uma preocupação importante ou passageira?

Manter um equilíbrio mental no ambiente de trabalho se tornou uma das pautas mais importantes nos últimos anos, especialmente ao longo da pandemia. Isolados em casa e sobrecarregados com jornadas extensas e uma alta pressão, a preocupação em garantir uma boa saúde mental é a base para uma qualidade de vida e um bom desempenho nas tarefas necessárias. Muitas companhias, felizmente, se preocupam genuinamente com essa questão e se esforçam para estimulá-la entre seus times. Entretanto, muitas outras ainda não compreendem tal importância, evidenciando um comportamento preocupante que deve ser levado em consideração por todos os profissionais.

Diversos estudos realizados ao longo do isolamento social constataram uma relação crítica entre o excesso de trabalho e o desenvolvimento de problemas de saúde psicológicos. Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, como exemplo, 53% dos trabalhadores do Brasil relataram uma piora em sua saúde mental em 2020 — a quinta maior alta no mundo. As consequências destes diagnósticos podem ser severas, com a capacidade de desenvolverem inúmeros transtornos mentais, como a Síndrome de Burnout, e comprometer, assim, a rotina pessoal e profissional de todos.

Qualquer atividade em excesso é indiscutivelmente prejudicial à saúde. Muito mais do que uma questão ideológica, o descanso é uma necessidade biológica de todo ser humano, indispensável para que possamos recompor nossas energias e ter a disposição física e mental para sermos produtivos em nossas tarefas. Porém, a dinâmica mercadológica vista atualmente é propensa à sobrecarga de responsabilidades, o que dificulta ainda mais a disposição deste tempo precioso que precisamos para não sobrepor o trabalho aos nossos limites psicológicos.

Mais do que nunca, é preciso criatividade por parte das empresas em criar alternativas benéficas na estruturação de suas jornadas sem que interfiram na saúde mental de seus times — especialmente, levando em consideração a subjetividade no tempo de descanso considerado como necessário por cada um. Desenvolver uma política interna equilibrada e igualitária para todos esses perfis não é fácil, mas passível de ser elaborada mediante uma análise aprofundada sobre a rotina de suas equipes e suas satisfações.

Uma cultura de estímulo à saúde mental dos profissionais deve ser uma preocupação nitidamente vivida internamente e não apenas uma imagem de fachada passada na tentativa de atrair bons talentos. Aqueles à frente dessa tarefa devem aprimorar um olhar empático sobre cada um, compreendendo sua rotina de trabalho, nível de pressão sentido e a carga de trabalho enfrentada em sua rotina. No menor sinal de excesso em qualquer um desses pontos, é preciso encontrar soluções que tragam um balanço saudável entre seu bom estado mental e o cumprimento com as responsabilidades profissionais.

Do outro lado, todos os trabalhadores também devem se atentar e enxergar se essas ações estão, de fato, sendo uma prioridade clara para os gestores e estimuladas internamente. Afinal, de nada adianta se vender como uma companhia preocupada com a saúde mental de seus times, mas não praticá-la diariamente como, por exemplo, marcando reuniões em horários fora da jornada ou ainda um acúmulo de tarefas que impossibilita o término do trabalho no horário previamente acordado. Exceções sempre irão existir, mas caso essas situações se tornem recorrentes, é um sinal de atenção que precisa ser analisado.

A definição sobre uma boa saúde mental sempre será algo subjetivo, uma vez que cada um possui seu próprio conceito sobre o que caracteriza uma rotina equilibrada. Por isso, é importante conhecer a fundo a cultura organizacional estabelecida por cada companhia sobre este aspecto desde o processo seletivo, avaliando suas práticas e se estão de acordo com o perfil e necessidades individuais. Quando realmente preocupadas em prover tal aspecto, as empresas não apenas conquistarão uma boa imagem no mercado, como também se destacarão no radar de cada vez mais profissionais qualificados e dedicados a integrarem seu time.

"𝗔𝗰𝗿𝗲𝗱𝗶𝘁𝗼 𝗻𝗮𝘀 𝗽𝗮𝘂𝘀𝗮𝘀 𝗽𝗼𝗿 𝘂𝗺 𝗯𝗼𝗺 𝗽𝗲𝗿𝗶́𝗼𝗱𝗼 𝗰𝘂𝗿𝘁𝗼 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗶𝗯𝘂𝗶𝗿 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝗮𝗹𝘁𝗮 𝗽𝗲𝗿𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗻𝗰𝗲 𝗱𝗼𝘀 𝗵𝗼𝗿𝗮́𝗿𝗶𝗼𝘀 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝘂𝘁𝗶𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲. 𝗜𝘀𝘀𝗼 𝗻𝗮̃𝗼 𝗲́ 𝘁𝗮̃𝗼 𝗻𝗼𝘃𝗼 𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝘁𝗼̂ 𝗽𝗿𝗼𝗽𝗼𝗻𝗱𝗼. 𝗖𝗼𝗻𝘁𝘂𝗱𝗼 𝗽𝗼𝗱𝗲 𝗮𝘂𝘅𝗶𝗹𝗶𝗮𝗿 𝗻𝘂𝗺𝗮 𝗲𝗹𝗲𝘃𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗴𝗮𝗻𝗵𝗼, 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗲𝗻𝘁𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗲 𝗲𝗺𝗽𝗲𝗻𝗵𝗼 𝗻𝗮𝘀 𝗮𝘁𝗶𝘃𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗰𝗮𝗱𝗮 𝗰𝗮𝗿𝗴𝗼." Já trabalhei em linha de montagem em Logística e não têm descanso é a todo tempo com velocidade na montagem dos fardos para o palete de madeira. Por isso até a mão de obra precisa digo após a produção para a expedição necessita de pausas ou um sistema recreativo de alguns minutos em cada área departamento retirar um pouco o operário do estresse movido justamente por um mecanismo ainda antigo e ultrapassado como ainda hoje se encontra o mercado.

Rui Duarte Brandão

Co-Founder & CEO @Zenklub | LinkedIn Top Voice

2 a

Ótimos pontos, Ricardo Haag! Apenas acrescento que mensurar a saúde mental das pessoas é fundamental para a organização, seja para verificar a eficiência ou ajustar as iniciativas.

Rosimeri Dalagnol Severo

Desenvolvimento Humano e Organizacional l CHRO | Consultora em Cultura, Liderança e Gestão | Mentora Executiva | Professora| Conselheira | VP do Conselho ABRH (2022-24) | Mãe

2 a

Parabéns Haag! Avaliar o fit cultural é via de mão dupla, das cias e dos talentos

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos