San Diego

San Diego

Para um novato na área de equity research, os roadshows internacionais eram o máximo. Estamos falando de 1993 e 1994, anos do lançamento e início de implementação do Plano Real. Os roadshows duravam uma semana e conseguíamos fazer uma média de pelo menos cinco reuniões por dia. Haja energia para repetir o mesmo pitch quase 30 vezes por semana.

Na Costa Oeste dos Estados Unidos, os principais clientes ficavam em Los Angeles e San Francisco, mas a jornada começava sempre por San Diego. Por que San Diego? Não tenho certeza, mas acho que era questão de logística, para possibilitar que as 3 cidades da costa oeste fossem visitadas em 1 dia e meio

Lá, a reunião começava às 7 da manhã com Nicholas Applegate, um importante investidor institucional global da época que, mais tarde, acabou sendo comprado pela Allianz.

San Diego sempre me pareceu uma cidade interessante. Pequena quando comparada às metrópoles dos EUA, organizada, ótimo clima e um que de América Latina; lembrando que do centro de San Diego, leva-se 30 minutos para se chegar a Tijuana, no México.  

Depois dessa reunião, pegávamos um carro em direção a Los Angeles, parando em Newport Beach para uma reunião na PIMCO.  O mercado de ações no Brasil tinha pouca liquidez com alta concentração em Telebras, Petrobras e Vale.

Para investidores globais, esse nível de concentração não dava muito espaço para stock picking. O call era macro: aqueles que acreditavam no tema “Brasil, o país do Futuro” investiam em ações locais. Os céticos, ficavam de fora.

Vender Brasil era fácil: expectativas positivas com o lançamento do Real, crença na história da implementação de reformas estruturais e previsão de um longo período de crescimento econômico sustentável.

Estamos de volta a 2024, e San Diego volta a ter protagonismo em minha vida e deverá continuar a ter pelo menos nos próximos 2 anos. Semana passada, meu único filho inicia um programa de mestrado em gestão do esporte na San Diego State University (SDSU). É um programa bem interessante pois alia o lado acadêmico ao prático; no final dos créditos, ele precisará estagiar por seis meses em uma empresa do setor.

San Diego tem 1,4 milhão de habitantes, um time de baseball, um de futebol feminino e um masculino com estreia garantida na liga profissional dos Estados Unidos em 2025. Além de muito restaurante Mexicano.

A própria SDSU tem um forte time de futebol americano universitário, o San Diego Aztecs, que, junto dos times de futebol (soccer), joga no Snapdragon Stadium, estádio que leva o nome de uma das linhas de chips da Qualcomm, empresa de semicondutores sediada na cidade.

Eu sempre adorei e pratiquei esportes, principalmente futebol. Fiz meu curso de engenharia eletrônica na PUC do Rio com bolsa de esportes por ser da equipe de futebol de salão da faculdade, esporte conhecido então como futebol de salão e não futsal.

Adoraria ter cursado um mestrado relacionado a esportes. Mas na época isso não existia e se existisse acho que não passaria pelo meu radar. Imagina convencer a família de que eu iria trabalhar com esportes? Eu e minha esposa, que é médica, demos total apoio à decisão do nosso filho, até porque ele trabalha já há oito anos com marketing de surf.

Acho que os investimentos em esportes no mundo, e no Brasil em particular, devem aumentar substancialmente e vão requerer melhoras gigantescas na capacidade de gestão. Eu pensei até em uma expressão para identificar o tema: Sasanid – Sports as an Investment Destination

Especificamente no Brasil, investir em esportes continua sendo percebido como investimento de alto risco, e realmente é. Por outro lado, retornos esperados para investimentos feitos no ambiente atual são maiores do que se esperar até que o setor corrija suas ineficiências.

Os investimentos nas SAFs, as sociedades anônimas de futebol, estão aumentando e já há falta de profissionais com expertise de gestão na área. Melhoras na governança da gestão do futebol são a principal alavanca de criação de valor nas SAFs.

Outros esportes merecem ser analisados.

O desempenho sustentável do país no surf deve atrair cada vez mais investimentos. Volei brasileiro já provou ser bastante competitivo, na quadra e na praia. E não podemos esquecer da ginástica, judô, natação etc. O desafio para esses esportes é  atrair o setor privado de forma sustentável.

Existe um longo caminho a ser percorrido. Mas as oportunidades já estão aí.

Voltei a San Diego depois de 25 anos para ajudar meu filho com a mudança. Encontrei uma cidade com sol o ano inteiro, não faz frio, abundância de praias e uma longínqua lembrança de se estar num Rio de Janeiro organizado. Em apenas uma semana, cruzei com muitos brasileiros que moram lá.

Virou minha segunda cidade pois é lá que meu filho está. 

Omer Dafan

Business Marketing and Sales manager

1 m

קולגה שלי ישמח לעבוד איתך🙂 תדברו בווצאפ: https://bit.ly/3C8puqQ

Um belo depoimento e uma história bem legal que tem algum paralelo com a minha (mesma universidade, mesmo esporte praticado, além de termos sido vizinhos de prédio). Já passei pelas cidades citadas e me pareceram ótimas. Boa sorte para o seu filho. O mundo mudou e o trabalho se deslocou para áreas que na nossa época, não imaginávamos como sendo possíveis.

Francisco Kops, CFA

Equities | Gestão de Patrimônios | Crédito | Finanças

3 m

Morei três anos em SanDiego e posso te afirmar Sérgio que é uma das melhores cidades para se viver que já experimentei.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Sergio Goldman

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos