O que esperar de 2025...
Isto não é um artigo de previsões.
Não estou usando bola de cristal até porque algumas expectativas inconvenientes estão na nossa cara, para quem quiser ver muito claramente.
Começando pela economia:
O Brasil vai crescer pouco, algo entre 2 e 3%, muito aquém da sua necessidade. Meu ceticismo com relação à capacidade do país entrar em rota de crescimento sustentável a taxas maiores que 4% ao ano permanece alto.
Independentemente do nível da taxa Selic, a taxa de juros para quem precisar de crédito será altíssima, em patamares dignos de agiotagem. Tomar crédito no Brasil continuará a ser problema. Portanto, algo que deveria fazer parte da vida das empresas, continuará a ser um risco;
Para onde vai o dólar em 2025? Não tenho a menor ideia e ao invés de seguir palpiteiros que tem menos ideia que eu, assuma que é muito difícil antecipar tendências da taxa de câmbio até porque elas dependem não só do que ocorre na economia local, mas dos desenvolvimentos nas demais economias globais, principalmente nos EUA. Se você tem custos em dólar, se proteja.
Discussões sobre a sustentabilidade do equilíbrio fiscal permanecerão nas manchetes. Novas “balas de prata” para resolver nosso desequilíbrio fiscal crônico serão defendidas por “especialistas”: nova reforma da previdência, reforma administrativa, novo arcabouço... ai que tédio.
Bottom-line: investidores, formadores de opinião e gurus econômicos de todos os tipos continuarão céticos e preocupados com a sustentabilidade do equilíbrio fiscal no Brasil.
No mundo dos negócios:
Não tenho muita esperança de que tenhamos o início de um processo gradual de busca por excelência em gestão. Por isso, deixo uma breve lista do que gostaria de ver implementado, principalmente em pequenas e médias empresas:
Foco em resultados e em criação sustentável de valor para acionistas e demais stakeholders
Ao contrário do que muitos dizem e pensam, a sustentabilidade das empresas depende de resultados positivos e criação sustentável de valor. Gestores e membros do Conselho precisam estar comprometidos com criação de valor no longo prazo.
Composição do Conselho em linha com os objetivos de criação de valor para todos os stakeholders
Parece óbvio, mas na prática é pouco implementado. As competências necessárias para colocar a empresa em trajetória de longevidade, com criação sustentável de valor, precisam estar representadas na composição do Conselho.
Inovação deve estar no centro da estratégia empresarial
Mas a empresa precisa provar aos seus stakeholders que isso é verdade. Se ficar só no blá, blá, blá, irá apenas deteriorar sua reputação. Transparência de metas e métricas é fundamental.
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Transparência na comunicação com todos os seus stakeholders
Empresa deve estar preparada para escutar o que seus stakeholders falam.
Empresas devem colocar em prática processos de busca e absorção de conhecimento
Com o avanço das aplicações de tecnologia e desenvolvimento de novos conceitos e novas ferramentas de gestão, empresas que não se atualizarem em tempo real irão perder em relevância.
Na busca por informação, insights e aconselhamento, quem deve ser escutado em 2025?
Procurem pessoas que aliem experiência prática no assunto em questão com formação sólida e que estejam antenados com o que acontece no seu universo nos principais centros globais de produção de conhecimento em sua área;
Busque fontes humildes; aquelas que deixam claro suas limitações em relação à complexidade dos temas e sua capacidade de dizer “não sei”
Evite aqueles que sem pudor emitam sinais explícitos de riqueza (muitas vezes sinais fakes).
Pratique cada vez mais pensamento crítico.
Como empresas, investidores, consumidores e demais atores no mundo dos negócios devem se posicionar em relação a formadores de opinião, influenciadores e vendedores de produtos complexos (incluo produtos de investimentos na categoria de produtos complexos)?
Infelizmente, espero ver em 2025 um recrudescimento de características nocivas ao bom funcionamento da troca de ideias, respeito a ideias divergentes e preocupação com os impactos que essas ideias terão sobre a sociedade. Isso claro que tem impacto nocivo no ambiente de negócios.
Estejam preparados para lidar com aspectos negativos nas relações humanas e profissionais tais como:
Polarização, achismos, fake News, superficialidades, efeito Dunning-Kruger (viés cognitivo que ocorre quando pessoas com pouca competência em uma área superestimam suas habilidades) etc.
Cuidado especial para aqueles que usam de virtue signalling (sinalização excessiva de virtudes), tanto no pessoal como profissional, para vender competências e produtos.
É importante fazer o dever de casa, e conhecer com alguma profundidade aqueles que se colocam como “salvadores da sociedade” antes de contratar seus serviços.
Tenha em mente um ensinamento que a religião judaica nos apresenta em relação aos diferentes níveis de caridade e fazer o bem ao próximo (Tzedaqah):
“ Um dos graus mais altos de Tzedaqah é fazer o bem sem tornar público o bem-feitor e o beneficiado”
Seguindo esse preceito, empresas e profissionais que respeitam seus stakeholders e demais relacionamentos, não precisam anunciar diariamente seus feitos nas mídias sociais.
Gerente de TI
1 semSergio Goldman, seus artigos são sensacionais. Parecem ditos informalmente, num lugar tranquilo e apontando a realidade, sem invencionices e sem aqueles arroubos de presunção e vidência enquanto as previsões desses não resistem a qualquer brisa fraca. Leio alguns economistas cheios de fama e de discurso batido que levam poucos dias para desmoronarem ante a realidade.