Scrum Master, quem são, o que fazem e o que comem?
Muita gente tem curiosidade de saber quem são, o que fazem e o que comem os Scrum Master. Desde já, confesso que também já tive essa curiosidade.
A princípio, fui a muitos eventos para tentar descobrir. Mas definitivamente, foi no dia a dia que eu realmente aprendi.
Então, vou contar um pouquinho da minha experiência de vida!
Primeiramente, temos que lembrar que cada empresa é um contexto e tem processos e métodos diferentes. Então, o que eu relatar aqui pode ser uma experiência parecida, ou diferente, de outros Scrum Master.
Igualmente é importante lembrar que eu tinha 3 equipes. Bastante trabalho! Bem…. vamos lá.
Ser reconhecido como líder
O primeiro trabalho de um Scrum Master, é fazer com que a equipe o reconheça como líder.
Lembrando que o Scrum Master é um líder servo.
Eu entrei nova em cada time, precisei trabalhar a confiança e o respeito das pessoas! Não é fácil! Isso leva tempo. Trabalhei no dia a dia para ser bem aceita.
Lembre-se que as pessoas são diferentes, as equipes também e por consequência a forma de trabalho é diferente .
A dica aqui é utilizar suas primeiras retrospectivas com jogos e com assuntos pessoais. Isso cria empatia entre os membros, incluindo você.
É preciso ter conversas informais!
E é importante não chegar querendo mudar tudo. O que tive de aprender:
- Primeiro sobre os processos que estavam rodando e
- Compreender o porquê que era daquela forma.
Em seguida, é que fui para a ação comecei a analisar como seria o futuro, quais as melhores práticas aplicadas e como eu poderia estimular as melhorias e tive o cuidado em fazer isso, somente depois de ter o meu trabalho reconhecido.
Fazer a remoção de impedimentos
A atividade que mais ocupava meu tempo era com a tentativa de remoção dos impedimentos (técnicos, operacionais, contratuais, organizacionais, etc), que atrapalhavam o andamento das atividades diárias do time.
Eu ficava no salão de um lado para outro, ou as vezes, subindo e descendo andares, tentando resolver problemas. Ah, e muitos telefonemas para profissionais em outros prédios.
É preciso avaliar quando é produtivo ou não interromper o desenvolvedor para incentiva-lo a resolver, por si só, determinado problema. Tem um monte de fatores envolvidos, como:
- O tipo de impedimento.
- Avaliar se naquele momento ele está em uma etapa de desenvolvimento que não é legal tirar ele do foco.
- Se é uma questão que ele consegue resolver sozinho.
- Enfim, infinitas análises a serem feitas e rápido.
Fazer o papel de Coach na equipe
Lembre-se que o trabalho do Scrum Master é fazer com que a equipe precise dele o menos possível.
Sempre que puder, não dê o peixe, ensine a pescar. Por isso, nesses times fiz da seguinte maneira:
- Estimulei programação em par para tentar desenvolver um profissional júnior.
- Enviei link de curso grátis aos desenvolvedores.
- Enviei dicas de livros.
- Fiz questionamentos.
Faça questionamentos que façam o time refletir, mesmo que num primeiro momento não surta o efeito. Plante a sementinha e volte depois para regar. Exemplos:
- Estimulei a mudança de Scrum para Kanban, em um dos times. Em um primeiro momento não obtive sucesso. O velho medo da mudança prevaleceu naquele caso. Mas voltei argumentando em outros momentos.
- Fiz uma retrospectiva com uma das práticas do Management 3.0, em uma equipe nova de poucas Sprints. Ali eu pude identificar, o que era importante para eles, como um time. E consequentemente, tentei conscientizar, que a entrega de resultados, era efetiva para atingir os objetivos da equipe.
Dessa forma, questionamentos levam a outras ações e ao empoderamento do time.
Atuar como um líder
É preciso identificar o humor de cada membro e tentar de forma sutil, descobrir se tem algum problema, interno ou externo ao trabalho, que precisa ser tratado e atuar é claro.
Um primeiro exemplo prático. Eu tinha um desenvolvedor que morava próximo a Petrópolis e o local de trabalho era na cidade do Rio de Janeiro. No dia do jogo do Brasil na copa do mundo, a companhia definiu trabalhar de manha e ir embora na hora do jogo. Poxa, fazer o cara vir de manha de Petrópolis para sair na hora do almoço e voltar. Consegui liberação para o Home office dele de manhã.
Outro exemplo prático: Precisei da atuação de dois desenvolvedores juntos, um já era membro do time e o outro recém-chegado. Eles não se “bicavam”. Tive que passar um tempo com os dois durante desenvolvimento para trabalhar o convívio. Brincava, orientava, e garantia uma boa parte do dia que eles não “se matassem”.
Esses foram dois, de muitos exemplos. Seguem outras boas praticas que funcionam:
- Ter tempo de conversas informais para gerar vinculo e liga na equipe.
- Realizar cafés da manhã ou oportunidades de convívio além do ambiente estressante de desenvolvimento.
- Levar lanches nas retrospectivas.
- Distribuir doces de vez em quando.
Proteger a equipe
Atuar para bloquear as solicitações que surgem no meio da Sprint e fora do escopo da Sprint.
Garantir o envolvimento e comprometimento dos times com as entregas planejadas, não permitindo que os times assumam mais trabalho do que realmente conseguem entregar. Alguns exemplos reais:
- Motivei o aumento da produtividade de um dos times, que estavam em suas primeiras Sprints.
- Estimulei que tentassem aumentar os pontos do planejamento das Sprints, pouco a pouco e eles assim fizeram, gerando o aumento gradativo da velocidade e produtividade esperada.
Atender as necessidades dos Projetos
Isso significa atuar em todos os âmbitos necessários para apoiar de forma a “fazer acontecer o resultado”. Exemplos de situações em que fazem a diferença a atuação do Scrum Master:
- Fazer reuniões com todos os envolvidos no projeto e lá foram feitos alinhamentos, estimativas e foram levantadas ações.
- Alinhei pendências com fornecedores.
- Solicitei parcerias de outros times ágeis para alguma dúvida técnica de desenvolvedores cross times.
- Analisei junto a equipe necessidade de mais ou menos profissionais para os times em formação.
Participar de Reuniões
É isso ai, o Scrum Master precisa estar em reuniões. Exemplos dessas reuniões:
- Ir a reuniões semanais para acompanhar definições e alterações de processos da gerencia.
- Encontro periódico de alinhamento e atualização entre os Scrum Masters.
- Ir a reuniões programadas para resolver impedimentos em alta gerencia, aquelas que não foram possíveis de ser resolvidos no âmbito de equipe.
- E é claro, participação ativa das cerimônias ágeis.
Atuar em ferramentas
Tá, eu sei: mais interações entre os indivíduos e menos processos e ferramentas! Manifesto ágil!
Primeiramente é importante refletir sobre essa frase, não significa que terá de ser extinto todos os processos e as ferramentas, muito pelo contrário, confesso que gerar métricas por uma ferramenta é mais fácil do que ficar recolhendo dados no Kanban de parede e jogar num Excel.
Dessa forma, para nos apoiar tínhamos uma ferramenta de acompanhamento de projetos que geravam os dashboards gerenciais e que podiam ser acessados pelos executivos, diante disso tínhamos que manter os dados atualizados.
Assim, eu era responsável por estimular que o PO tivesse o backlog nessa ferramenta, mantendo vivo e atualizado.
Atuar como um líder facilitador
Facilitava as cerimônias do Scrum (Daily, Planning, Review, Refinamento e Retrospectiva) e as Meetings do Lean Kanban.
Eu participava das Dailys e aproveitava a oportunidade de identificar problemas/impedimentos que não estivessem no radar do time.
Fazíamos o refinamento, por que isso fazia a Planning ficar mais leve, menos custosa para a equipe.
E fazia várias dinâmicas em cada Retrospectiva. Eu gosto de Retrospectivas diferentes a cada fim de Sprint para não ficar chato. Além de que, cada uma trata de um ponto de melhoria diferente.
Dessa forma, eu gastava um bom tempo pesquisando qual retrospectiva utilizar. Assim como, entender a dinâmica. E providenciar material para utilizar. As vezes imprimia e recortava papeizinhos, colocava o nome dos membros nas cartinhas etc.
Lidar com os Stakeholders
Em projetos principalmente onde existe parte desenvolvida em ágil e outra não ágil, envolvem vários stakeholders e como Scrum Master tive interação com diferentes níveis hierárquicos e em várias situações. Alguns desses stakeholders:
- Gerentes funcionais dos Desenvolvedores, dos profissionais de UX e de várias especialidades.
- Eu também lidava com PMO, quando tinha partes desenvolvidas em waterfall.
- Tínhamos os analistas de negócios, que eu tinha que manter envolvido com as equipes.
- E demais outros envolvidos e impactados no projeto.
Comer
Agora que você já sabe que somos líder servos e que fazemos a engrenagem funcionar, falta saber o que comemos. Bem, eu comi muita besteira nas retrospectivas, chocolates, bolos, doces, biscoitos!! Cafés da manhãs com pão doce, cachorro quente e por ai vai. Me perdoem, mas ágil sem comida é muito chato!
Enfim, de forma resumida, tentei passar um pouco de prática da minha vida de Scrum Master no contexto da empresa que eu atuava.
Espero que tenha sido um bom texto, para ajudar a decidir se é um caminho a seguir na vida profissional.
Esse é um artigo publicado no AgilePink.com, passa lá para conferir esse e outros artigos de agilidade.
Gestão de Operações | Management 3.0 | Análise de Processos | Scrum | ITIL | Análise de Dados | Metodologias Ágeis
6 aMuito bom!
Cloud Solution Engineer Analytics/DataAnalytics/BigData
6 aExcelente, elucidativo, parabéns!
Coordenador de projetos | MetLife
6 aMuito bom!! Obrigada por compartilhar.
Sharepoint engenier / Arquiteto de soluções / Power Platform
6 aGostei jacqueline... o q comem? Gostei mais.
Senior Software Engineer .NET no Banco PAN
6 aMuito bom! Gostei dos exemplos práticos e principalmente a visão que nem tudo vai dar certo "de cara". As vezes é necessário ter persistência.