SE EXISTE VIDA, EXISTE MULHER

Neste primeiro fim de semana, estive à frente da segunda turma de Conselheiros de Administração, na FIA Business School, para lecionar a líderes de diversas empresas de destaque no cenário nacional. Além de me sentir muito honrada com mais esse convite, o mês de março tem o Dia Internacional da Mulher como celebração. 

Apesar da formalização apenas em 1975, essa data é lembrada desde o começo do século 20, para ressaltar a importância de nós, mulheres, no mercado de trabalho e na sociedade. Vale recordar que o direito feminino ao voto foi oficializado apenas no ano de 1932. Não faz nem cem anos... 

Nos Conselhos de Administração, ainda falta muito para a merecida presença feminina. De acordo com levantamento do próprio LinkedIn, em pauta assinada por João Oliveira: “O mais recente levantamento da ONG 30% Club Brazil com a consultoria PwC mostra que o número de mulheres em assentos de conselho de administração aumentou de 16,9% para 20,2% neste ano. Mas apenas 17 das maiores companhias atingiram a marca de 30% de presença feminina nesses órgãos. Especialistas dizem esse movimento passa pelos cursos de formação de conselheiras, conscientização das empresas sobre papel da diversidade na perenidade dos negócios e pressão por parte de agentes de mercado. Na Bolsa, por exemplo, regra aprovada este ano define que as empresas listadas precisarão ter ao menos uma mulher no conselho de administração ou na diretoria.” 

Um dado importante, exposto pela Catho, aponta: “... mulheres em posições de liderança ganham 23% menos que os homens, em média. Elas também têm salário menor em outros cargos, por exemplo: coordenador (-15%): especialista graduado (-35%); analista (-34%); especialista técnico (-19%); especialista operacional (-13%).” Os números reforçam como a desigualdade ainda impera, apesar de todo o resultado que as empresas com a força de trabalho e o talento femininos. 

Para ampliarmos a noção, a maioria dos lares brasileiros já é sustentada por mulheres, as quais muitas vezes assumem inúmeras outras responsabilidades nos lares e com a própria família. O Fundo Monetário Internacional é enfático em evidenciar que o PIB global cresceria em mais de 30%, caso houvesse a igualdade de gênero nas relações de trabalho. A questão, por mais complexa que seja, demanda – em primeiro plano – de consciência, ética, reconhecimento e visão estratégica de mercado: ter mulheres nos Conselhos de Administração, na liderança e em outros cargos é sinônimo de humanismo, inovação, criatividade e... lucro. 

Mais do que isso: onde existe vida, ali existiu uma mulher. Onde existe aperfeiçoamento do intelecto (educação), há uma caminhada muito mais interessante. Ao sair daquela sala de aula na FIA, lembrei a frase de Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Que nós, cada vez mais, nos conscientizemos de que um mundo melhor depende de respeito à trajetória feminina.

Viva o Dia Internacional da Mulher!